sábado, fevereiro 28, 2009

Refutações Fantasiosas do Colombo Português


A tese do Cristóvão Colon Português tem, já durante um século, levantado o interesse e a curiosidade de alguns. Aponta-se o Patrocínio Ribeiro como quem incitou tudo isto com O Caracter misterioso de Colombo e o problema de sua nacionalidade (Coimbra: Academia de Ciencias de Porrugal, 1917) seguido por A nacionalidade portuguesa de Cristovam Colombo. Solução do debatidissimo problema da sua verdadeira naturalidade, pela decifração definitiva da firma hieroglífica..., (Lisboa : Livr. Renascença Joaquim Cardoso, imp. 1927).
A este autor seguiram outros sempre constrangidos pela enorme maioria dos académicos portugueses que, ou não se importavam pelo assunto, ou não queriam mexer em coisas aceites como já resolvidas, ou tinham medo de agitar as águas calmas dos seus oficios e irem parar fora do barco.



Verdade é que poucos portugueses se têm interessado pelo tema e ainda menos se interessaram portugueses licenciados em história, ou com capacidade para investigar sem preconceitos. Por vezes até eu penso: Que importa se Colon foi ou não Português? E que importa se ele trabalhou ou não para D. João II?

Na realidade sabendo-se a verdade não vai mudar muito na vida da humanidade. Mas será que por não mudar nada, não devemos de buscar a verdade? Cá por mim eu acho que deve-se procurar a verdade seja ela qual for porque só assim consegue-se fazer sentido das coisas.
Vinte anos atrás eu vivia sem preocupação alguma de quem teria sido o Almirante das Índias. Trabalhando nos EUA na tradução para Inglês do livro de Mascarenhas Barreto encarei com duas coisas interessantes:


  • A primeira e mais importante era o facto da vida portuguesa de Colon não ser conhecida. Pois tal como os outros feitos dos portugueses no mundo, tudo foi metido debaixo de um "contentor" espanhol e muitos dos nomes e feitos moficados para um povo Americano entender. É assim que ninguém sabe quem foi Fernão de Magalhães. Conhecem sim um Magellan que tem dado o seu nome a um sistema de GPS, a um satélite da NASA e que é conhecido mundialmente como um navegador espanhol. Eu indigno-me com isto e todos os portuguese deveriam-se indignar também. Sim, não é somente por não ser verdade quando se diz que Magalhães era um navegador espanhol, é também por orgulho da nossa raça. Eu sou Português e não quero usurpar a glória de outra nação mas também ao mesmo tempo não quero que nos tirem o que é nosso. Assim envolvi-me em todos os projectos que pude apoiando os feitos dos nossos conterrãneos e tive sorte de conhecer um grande português, Edmund Dinis, que conseguiu meter monumentos a nossos heróis, Gomes e Fagundes, no Canadá, coisa que o governo Português talvez nem saiba.


  • A segunda questão era o facto do livro de Barreto conter tantos erros que eu prórpio comecei a investigar e a escrever um livro para corrigir-lo.



Estava eu longe de saber que ao mesmo tempo que eu iniciava a minha investigação privada e tudo a meu custo, Luis de Lancastre e Távora,(1) Vasco Graça Moura,(2) e outros... constituindo um bando de pardais, todos do mesmo bairro, comendo no mesmo celeiro e cantando a uma só voz, estariam imcumbidos e apoiados por alguns orgãos Portugueses de fazerem o mesmo.

Eu tinha um só desejo: Saber o que era verdade e o que era mentira. Por isso não vi o meu livro pronto para editar em 1992 (como fizeram aqueles senhores) nem em 2000 estava o meu livro pronto, e até em 2006 faltava ainda muito que investigar. Mas com o meu desejo de honrar Cristóvão Colon no 500º anniversário da sua morte vi-me obrigado a meter no mercado o que estava feito até aquele ponto, porque entendi que poderia levar ainda outros 15 anos, ou mais, para desvendar tudo. Era melhor dar-se um inicio que esperar por uma obra perfeita que quiçá jamais poderia vir a ver a luz do dia e assim deu-se o primeiro passo com o O Mistério Colombo Revelado.

Enquanto eu lia e relia aquela história toda do Almirante das Índas e via aquilo tudo sem pés nem cabeça, os autores Portugueses estavam somente empenhados em afundar o livro do Sr. Barreto e não viram nada de estranho naquele conto.

De facto não poderiam ver-lo porque não sabiam nada desta história. Nem lhes importava saber.

Sabiam que não gostavam nem do Sr. Barreto nem do seu livro e isso era suficiente para escreverem as suas críticas. E como críticas áquela obra e aos erros contidos nela fizeram-no muito bem. Conseguiram o seu objectivo de provar que era uma investigação mal feita, mal-escrita e encharcada de erros. Parabéns. a eles todos.

O que não conseguiram fazer, entretanto, foi provar que o Cristoforo Colombo da historieta genovesita era de facto o mesmo Almirante das Índias. Jamais o poderiam ter feito, pois nem Albuquerque, nem Moura, nem Távora, nem qualquer outro daquele clã, conhecem o minimo da documentação real desta embrulhada.

Devo dizer que de todos eles, Graça Moura parece ter feito um maior esforço em conhecer alguns dos documentos mas não fez nenhum esforço em provar se seriam ou não verdadeiros. Nem para eles era preciso. Pois já muitos anteriormente haviam lido, relido e decicido que aquilo tudo era a "verdade, verdadinha" e que assim já o afirmou Rui de Pina em 1504, e pronto. Caso arrumado.

Bastaria agora áquele Grupo de Mosqueteiros somente de reforçar que é tudo verdade naquela história e o demais são cantigas de fado ilusórias.


Ora bem, nenhums daqueles livros traz algo de novo. Os dois livritos da Quetzal, dos ilustres portugueses expostos neste artigo (que não servem para nada no esclarecimento desta história) continuam a serem-me atirados à cara como que eu seja um parvo que não saiba ler. Ainda pior è o facto de serem usados mundialmente pela comunidade cientifica como sendo a derrota do "Colombo Português". Lá no excelente blog da Pseudo-História vêm todos bem alinhados e orgulhosamente apontados como a Bibliografia da refutação (01) e Bibliografia da refutação (02). Acreditam eles que os académicos portugueses matáram o Colombo Português de uma vez por todas entre 1990 e 1992. Bem gostaria eu que este quebra-cabeças fosse assim tão fácil. Mas não é.
Os ditos livrinhos, todos escritos num português "mui excelente" e com bons tons de humor, para nada servem na busca da verdade, a não ser mostrar que Barreto não tinha feito um bom trabalho. Mas também não o fizeram eles.



O livro "Dúvidas e Certezas" de Luis de Albuquerque(3) nada serve para quem queira conhecer os enigmas de Colon e até ajuda a obscurecer a verdade. Como já tive oportunidade de apontar, Luis de Albuquerque errou ao dizer que Colon não escreveu que esteve "presente" com D. João II o que é contrário à verdade. Não meto isto aqui para menosprezar a pessoa mas sim para mostrar que até grandes e cautelosos pensadores erram ao beberem de outros em vez de irem à fonte.

O Sr. Graça Moura erra em não investigar os factos simplesmente aceitando o que vem na Raccolta tal como documentos suspeitos como o Mayorazgo falso de 1498.

Mas quem mais erra é o Sr. Távora. No seu delirio de provar os erros de Barreto, não se dá ao trabalho de confirmar as suas próprias desinformações e torna-se ele no exemplo de tudo o que eu venho dizendo por muitos anos: “Em Portugal poucos sabem dos factos, mas mesmo não os sabendo não os impede de chamarem pseudo-historiadores e fantasistas aos outros".

Não vou transcrever aqui todo o livro, mas os leitores devem ser alertados que ao contrário do que diz o Sr. Távora, Isabel Moniz não era a esposa mas sim era sogra do Almirante Colon. Nem foi D. João II que permitiu que Colon visitasse a Rainha mas a própria Rainha que o convidou estando D. João II milhas longe em Azambuja e ela em V.F. de Xira.
Também as armas originais do Almirante não eram as letras da sigla embora eu gostaria de poder tido dezafiar-lo que mostrasse alguma prova dessas armas que os Colombos genoveses usavam antes dos forjamentos do século XVI, como ele erradamente afirmou na página 13.
Mas a prova que nada sabia sobre a "história oficial do genovês" é o facto de pedir no 1º ponto na sua página 10 provas na forma de um documento coevo que o "Colombo Italiano era um humilde cardador". Pois, como o Marquês nunca tal investigou esta história estava muito longe de saber que é mesmo isso que todos os documentos "coevos" ou mesmo forjados estão fartos de apontar. Até o próprio Gallo de S. Jorge canta da humildez dos três irmãos.


Deveria ele também ter visitado a Newport Tower como eu fiz para não dizer asneiras como fez, na sua nota da página 41, que a torre foi feita de "pedra aparelhada e obdece a um traçado arquitectónico perfeito". Não foi nem é.
Foi sim feita de pedras tal qual como as tais foram encontradas porque os constructores não deveriam ter ferramentas adequadas para as trabalhar. Para além disso o circulo da torre não é um circulo perfeito medindo mais num diâmetro que noutro. Basta somente carregar a imagem ao lado para ver em alta difinição que não existe uma só pedra trabalhada e que a genialidade dos contructores foi em saber onde meter qual pedra para que dequele monte de cascalhos saí-se algo como uma torre.

Também o seu desdém pela Pedra de Dighton mostra que nunca tal a viu. Pois não foi nenhum Português que encontrou o nome de Miguel Corte-Real lá mas sim um americano, Prof. Edmund B. Delabarre, em 1918 sem ele próprio saber nada sobre a existência de um Miguel Cortereal, o qual não só foi um navegador verdadeiro mas ainda navegou para aquelas mesmas partes antes da data de 1511 lá esculpida. Deveria também o Sr. Távora ter visitado o local para saber que tanto a Torre como a Pedra ficam na mesma baía de Narragansett e apenas uns 10 km longe uma da outra.

Os autores foram bem apoiados pel'A Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. Ou seja o dinheiro dos Portugueses foi usado para diminuir a verdade histórica pelo orgão que mais deveria de estar interessado em investigar o assunto, mas ao contrário nada se fez. A falta de investigação aos temas torna este livro inútil seja lá para o que for relativo a Cristóvão Colon. É nada mais que uma boa critica do livro de Barreto.
Não é preciso dizer mais sobre a pobreza do conteúdo relativo à história de Colon que vem ali. As imagens metidas aqui de algumas folhas servem para mostrar as más presunções feitas pelo Marquês de Abrantes. Para quem quizer ler basta carregar em cima das imagens das páginas. Não acho que é preciso explicar os pontos sublinhados pois qualquer um com senso comum os etenderá.

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Quanto ao Sr. Moura, embora este pareça estar melhor informado não deixa de cair em graves erros sobre Colon os quais são fundamentais para se entender a verdade. Erra ainda em dizer á boca cheia que os muy Católicos Reyes do lado de dentro da fronteira seguiam fielmente o Tratado de Alcáçovas e por isso D. João II não teria nenhuma razão de se entrometer naquele reino com algum agente que levasse as forças e os esforços espanhóis para longe da sua Guiné. Pois segundo ele, os espanhóis não se importavam em navegar para Sul das Canárias importavem-se somente em cumprir o dito tratado.


Aconselho ao Sr. Moura que vaia ler o tratado para entender que os Reis Católicos não o cumpriram. O tratado é bem claro que os reis de Espanha nem os seus descendentes se intrometam na politica de Portugal, nem sequer secretamente. Ora estando eles a apoiarem os sobrinhos de Cristóvão Colon (Marquês João de Bragança e Conde Lopo de Albuquerque) a assassinar o Rei de Portugal estavam a quebrar o tratado. E estavam a quebar-lo pura e simplesmente com a visão de no futuro, e debaixo de outro rei, poderem eles, os Reis Católicos, terem acesso ao que lhes era negado pelo tal tratado.


Para não me alargar muito digo somente que como criticas do livro Cristóvão Colombo, Agente Secreto de el-Rei D. João II aqueles livritos e cartas que foram escritas por tão ilustres portugueses servem muito bem. Mas como uma ajuda para se saber da verdadeira história de Cristóvão Colon para nada servem. E para quem nunca leu o livro do Sr. Barreto os ditos livros são uma perca de tempo.

Sobre a história verdadeira de Colon e dos seus laços com Portugal de nada se sabia anterior a 2006 e cada vez mais e mais isso vai ficando clarinho.



Somente hoje estamos a olhar para esta história sem termos os olhos tapados e em breves anos deve-se encontrar aquela prova final de quem deveras foi o Primeiro Almirante das Indias. Mas isso será muito difícil de fazer se ao mesmo tempo os académicos portugueses seguirem insistindo manter a posição de que já está tudo resolvido e nada mais é preciso de invetsigar.
Pois não está nada resolvido somente melhor entendido.

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1- LANCASTRE e TÁVORA, Luís de. Colombo, a Cabala e o Delírio, Lisboa, Quetzal, 1991.
2- MOURA, Vasco Graça. Cristóvão Colombo e a Floresta das Asneiras, Lisboa, Quetzal, 1991.
3- Luís de Albuquerque, Dúvidas e Certezas na História dos Descobrimentos Portugueses, Lisboa, Círculo de Leitores, imp. 1991