ENXERTO E PODA
Escolha-se um bom exemplar da planta receptora, com excelentes raízes, fortes e profundas, um caule bastante erecto e abundante ramagem.
Para o efeito pretendido, a planta receptora será da espécie “Colonus cubensis”.
Com uma faca ou lâmina bem afiada corte-se o caule alguns centímetros acima do solo, segurando bem pela ramagem. O corte deve ser horizontal e feito com um único golpe. O restante caule removido com toda a ramagem deve ser cuidadosamente enterrado, sem deixar nenhuma folha ou vestígio à vista.
Seguidamente faça-se no troço de caule que ficou uma incisão ou golpe vertical, até ao nível do solo, afastando as duas metades para que possa ser alojada a planta a enxertar.
Para o efeito pretendido, a planta a enxertar é do tipo “Tecelonis genovensis”, sem quaisquer raízes, caule fraco, mas bastante ramagem. Este caule apara-se em forma de cunha e introduz-se entre as duas metades do caule receptor. Enrola-se um cordel forte a toda a volta, de forma que fique completamente invisível o troço de caule da “Colonus cubensis”.
Finda a operação, deve colocar-se uma etiqueta com a designação que se escolheu para esta variedade artificial: “Colombus italianis”, preferencialmente daquelas resistentes aos roedores e aos factores climáticos. Um dos fabricantes de etiquetas mais recomendados é a empresa “Rupina & Seguidores”, com gravação manual das inscrições. Esta empresa goza de enorme prestígio por ter sido, em tempos, fornecedora oficial do Reino.
Ao fim de poucos anos as plantas desta variedade artificial darão frutos que podem ser comercializados sem qualquer receio de identificação com a espécie original em que se produziu o enxerto.
Em condições favoráveis produzirá frutos durante mais de 500 anos, com os consequentes benefícios para os detentores da marca “Colombus italianis”, se tiverem o cuidado de registar-se como produtores certificados.
Pode acontecer que, após 4 séculos, se comecem a notar indícios da planta original. Nesse caso recomenda-se que se protejam todas as plantas com uma cobertura resistente, colocada sobre o terreno, evitando que se vejam as raízes. Existem alguns fabricantes portugueses destas coberturas resistentes. O mais conhecido é o grupo “VGM & Acólitos”, mas também há um fabricante recente bastante empreendedor – “PHC & Aduladores”. Estas coberturas asseguram protecção contra os primeiros ataques às plantas e chegam a durar 100 anos.
A partir dos 500 anos a ramagem da “Colombus italianis” começa a tornar-se mais vulnerável. São especialmente perigosos os efeitos que sobre ela produzem os herbicidas mais fortes, como o “Misterox Reveladox”.
Experiências científicas recentes demonstram que a conjugação dos princípios activos deste potente herbicida com as características de persistência do herbicida “Amigox Cubax” produzem efeitos irreversíveis nas plantas “Colombus italianis”.
As doses deste novo herbicida de síntese, designado por “Colombonovox”, são praticamente letais.
Por agora, o único remédio conhecido para tentar salvar a “Colombus italianis” está a ser desenvolvido pela mesma empresa que fabrica as coberturas, a “PHC & Aduladores”.
Basicamente consiste em eliminar selectivamente os ramos atacados que vão definhando. A extirpação ou poda destes ramos inicia-se normalmente pelo “tecelorum”, depois o “parlatum”, seguidamente o “casamentum” e por fim o “pater” e o “familium”. Complementarmente a “PHC & Aduladores” recomenda a aplicação de ramagem artificial pelo método de colagem. Já existem ramos artificiais “nobilitex” e “piacenzex” que permitem disfarçar, mas apenas por algumas semanas, a exposição total da variedade original, a “Colonus cubensis”, que acabará por ressurgir em todo o seu esplendor.
Carlos Calado – Amigos da Cuba, 10 Fev 2007
sábado, fevereiro 10, 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário