(A propósito do comentário de Francisco "fxcct")... ARCOS COLOMBINOS?
Como disse em Armas Colombinas (I), tudo está em aberto… A ideia de que as "âncoras" podiam ser outra peça, nomeadamente arcos já me tinha ocorrido, embora os arcos tendidos na heráldica europeia, só apareçam geralmente nas mãos de "sagitários" humanos ou mitológicos, mas explicaria a peça em questão estar apontada à dextra.
Em todo o caso, as âncoras aparecem referenciadas posteriormente (a alusão de que podia ser outra peça nasce do facto da Carta d'Armas e na chancelaria não aparecer descrito o último quartel e da Carta estar em mau estado), mas ainda assim constitui a mais forte possibilidade.
Quanto ao arcos sagitários temos realmente na Armaria o caso dos "Arco", que é efectivamente interessante, sobretudo porque são armas novas do reinado de D. João II e de se reportarem à Madeira.
Na verdade, os Andrade do Arco, descendentes de João Fernandes Andrade, da Galiza, não parecem ter ligação consanguínea com os Andrade portugueses (embora originalmente, no século XIV tenham vindo também da Galiza e utilizando armas semelhantes às de Colombo: “de ouro, uma banda de vermelho”).
De facto as armas destes Andrade de Arco (“de ouro, um centauro sagitário, a metade humana de carnação, a outra de negro, o arco formado por dois filetes de prata e vermelho, com as empolgaduras de negro, a corda de prata e a flecha enconhada do mesmo, com o ferro de negro e empenada de verde”) resultam de D. João II ter, por serviços prestados nas conquistas de Arzila e Tânger, concedido terras a este João Andrade, na Madeira, no Arco da Calheta, e de com isso ter recebido posteriormente armas e apelido novo… um nome novo como Colombo…
Tinha-me recordado do arco, mas a nível da besta. Quando estava a fazer a investigação para a minha tese académica (que é sobre heráldica medieval portuguesa) reparei num caso:
Um exemplar esfragístico de representação emblemática de armas falantes (como o Arco), identificável com Martim Roiz Balestro (conhecem-se outros Balestro, como Afonso Balestro, vassalo de El-Rei D. Fernando, morador em Évora), que viveu no século XIV (está publicado como o exº 15, do Estudo da Sigilografia Medieval Portuguesa, do Marquês de Abrantes, Lisboa, ICLP, 1983), cujas armas se descrevem “uma besta posta em pala e acompanhada no pé por uma flor de liz à dextra e uma estrela de sete pontas à sinistra”.
Este poderia ser aparentado com os Balestreiro ou Besteiro, apelidos anteriores ao século XVI, mesmo antes da vinda dos Ballestreros castelhanos ou Ballestreres catalães. Há também na Igreja de S. Nicolau em Santarém, um tumulado do século XIV chamado Fernão Besteiro.
Este uso da besta na armaria peninsular é mais extenso que a âncora, que o gume de curtidor ou até que o arco, embora ajude à tese Catalã. Contudo se nos recordarmos das relações entre Portugal e Catalunha na Idade Média, não nos espantaremos de ver Colombo como um Balestro, um Besteiro ou descendente de uma catalão Ballester (“de vermelho uma besta de parta encordada de ouro”).
Tudo em aberto, mas com ajuda heráldica, para a decifração das armas e identidade colombinas…
DAVID FERNANDES SILVA
Na verdade, os Andrade do Arco, descendentes de João Fernandes Andrade, da Galiza, não parecem ter ligação consanguínea com os Andrade portugueses (embora originalmente, no século XIV tenham vindo também da Galiza e utilizando armas semelhantes às de Colombo: “de ouro, uma banda de vermelho”).
De facto as armas destes Andrade de Arco (“de ouro, um centauro sagitário, a metade humana de carnação, a outra de negro, o arco formado por dois filetes de prata e vermelho, com as empolgaduras de negro, a corda de prata e a flecha enconhada do mesmo, com o ferro de negro e empenada de verde”) resultam de D. João II ter, por serviços prestados nas conquistas de Arzila e Tânger, concedido terras a este João Andrade, na Madeira, no Arco da Calheta, e de com isso ter recebido posteriormente armas e apelido novo… um nome novo como Colombo…
Tinha-me recordado do arco, mas a nível da besta. Quando estava a fazer a investigação para a minha tese académica (que é sobre heráldica medieval portuguesa) reparei num caso:
Um exemplar esfragístico de representação emblemática de armas falantes (como o Arco), identificável com Martim Roiz Balestro (conhecem-se outros Balestro, como Afonso Balestro, vassalo de El-Rei D. Fernando, morador em Évora), que viveu no século XIV (está publicado como o exº 15, do Estudo da Sigilografia Medieval Portuguesa, do Marquês de Abrantes, Lisboa, ICLP, 1983), cujas armas se descrevem “uma besta posta em pala e acompanhada no pé por uma flor de liz à dextra e uma estrela de sete pontas à sinistra”.
Este poderia ser aparentado com os Balestreiro ou Besteiro, apelidos anteriores ao século XVI, mesmo antes da vinda dos Ballestreros castelhanos ou Ballestreres catalães. Há também na Igreja de S. Nicolau em Santarém, um tumulado do século XIV chamado Fernão Besteiro.
Este uso da besta na armaria peninsular é mais extenso que a âncora, que o gume de curtidor ou até que o arco, embora ajude à tese Catalã. Contudo se nos recordarmos das relações entre Portugal e Catalunha na Idade Média, não nos espantaremos de ver Colombo como um Balestro, um Besteiro ou descendente de uma catalão Ballester (“de vermelho uma besta de parta encordada de ouro”).
Tudo em aberto, mas com ajuda heráldica, para a decifração das armas e identidade colombinas…
DAVID FERNANDES SILVA
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