terça-feira, fevereiro 19, 2008

Mais Uma Daquelas Inacreditáveis Fantasias

São tantas as contradições da história do genovês que não sei por onde pegar. Infelizmente não pude estar no debate para esclarecer muitas das falácias vendidas ao público pelo Prof. José Manuel Garcia. Embora o Tenente-Coronel Brandão Ferreira e o José Rodrigues dos Santos fizeram um excelente trabalho em meter furos no barco genovês foram muitas as coisas ditas pelo Professor José Manuel Garcia que não receberam a atenção merecida e não foram contrariadas porque o tempo não permitiu e assim parecem para muitos como sendo verdadeiras. Mas não são.
Se o Professor José Manuel Garcia tivesse lido O Mistério Colombo Revelado antes do debate teria estado mais bem preparado e não teria caído em tantas más presunções. Quem ver o debate será capáz de dar por muitas das presunções que são ditas sem provas. Não as vou contrariar todas mas vou apontar uma aqui que, como já apontei no meu livro, desmonta uma das burlas dos historiadores pela raíz.
Infelizmente os "historiadores profissionais que sabem as regras básicas" como lhes chama o Prof. José Hermano Saraiva, levaram uma lavagem cerebral tão completa neste assunto na escola que não conseguem ver as falácias nas coisas que lhes foram vendidas e por isso não conseguem ver as suas próprias contradições. No debate da Sociedade Civil, no video número 3 no fim desta página, começando no minuto 5:08 o Professor José Manuel Garcia diz o seguinte:

"Agora em 1474, 1474, antes, dois anos antes dele aparecer, do Cristóvão Colombo aparecer por aqui, apareceu um outro Italiano, outro Italiano muito esperto que era o Senhor Paolo Toscanelli. Paolo Toscanelli é que descobriu o "ovo de Colombo", quer dizer, descobriu a teoria de que era melhor ir para o Ocidente para descobrir a India do que ir por aí abaixo, que era muito longo, complicado, nunca mais lá chegavam. Portanto ao Ocidente era rápido. Aquilo era logo ali. Portanto, e ele escreve uma carta ao D. Afonso V, que não se interessava nada pelo assunto, mas quem se interessava em 1474 era o D. João II, Príncipe D. João II, que ele é que na altura tinha o previlégio, que o D. Afonso V não estava nada interessado naquilo.
Só queria era conquistar Maroccos, e então deu as possibilidades ao D. João. Só que o D. João em 1474 perguntou aos seus conselheiros "é melhor ir par ao Ocidente ou é melhor ir pela África do Sul?" E o Fernando Gom... Martins, que era um cónego, disse "áh, eu vou perguntar ao Toscanelli, é um Florentio que sabe muito disto".

E então perguntou e ele lhes disse "áh, melhor é ir pelo Ocidente, e tal, vocês chegam lá".
O Cristóvão Colombo descobriu a teoria! Descobriu a teoria do Tsocanbelli!
E nós conehcemos o Toscanelli porque o Cristóvão Colombo copiou a carta do Toscanelli em 1474.
Portanto o segredo está aí!

Ele inseriou-se e consegui concretizar o projecto. Não a favor dos Portugueses mas a favor dos Espanhóis......."

Sinto uma certa pena em criticar o Prof. José Manuel Garcia porque ele tem sido simpático comigo na nossa comunicação privada e, entendo ao mesmo tempo, que ele não investigou a vida de Colon mas que somente segue o que os outros anteriores a ele aceitaram. Enfim isto não é nada facil, por vezes, de enfrentar a falta de documentos, as presunções e as personalidades mas tem que ser feito.
Como já disse e digo muitas vezes, só quem não se deu ao trablaho de investigar este assunto a miúdo é que pode seguir aceitando tantos disparates como se viu apresentados pelo Prof. J. M. Garcia e o Prof. José Hermano Saraiva na RTP2 a 22 de Janeiro.
Pior ainda é que os tais "historiadores profissionais que sabem as regras básicas" deveriam de ser os primeiros a questionar as coisas. Mas não o fazem por isso eu tenho que apontar-lhes os erros.

Perguntas Básicas:

  1. Se a carta de Toscanelli era escrita ao Príncipe D. João II como foi parar ás mãos de um Colombo Genovês que era ninguém em 1474 ou 1476? Será que o Colombo entrou de noite no cofre dos documentos secretos do Príncipe e transcreveu a carta secretamente e depois meteu-a de novo no cofre sem ninguém dar por isso? Ou levou-a para casa e trasncreveu-a no seu livro queimando-a depois para não ficar com a prova do roubo?
  2. Será que depois de ter tão grande sucesso em roubar o conteúdo de uma carta ao Príncipe,- escapando assim á penalidade de morte que cobria os assuntos das descobertas,- iría apresentar-se em frente do mesmo Príncipe a propôr a ideia que era baseada nessa carta?
  3. Será que alguma vez o Colombo genovês poderia apresentar oa Principe D. João uma ideia de descobrir a India para o Ocidente como sua sabendo que o Principe já tinha essa ideia á sua frente de si recebida de Toscanelli?
  4. Será que o Principe D. João II tendo lido a carta de Toscanelli, um sábio cientista bem conhecido, e entendendo o projecto como imperfeito mesmo vindo da boca de quem vinha, alguma vez daría algum crédito a um tecelão genovês apresentando o mesmo plano imperfeito?
Quem é que está a ser fantasista?
O cenário apresentado pelo Porf. Jose Manuel Garcia não é novo. Esse cenário é um de muitos vendidos a todos pelo mundo fora, já por séculos, mas não faz nenhum sentido para ninguém além dos "historiadores profissionais que sabem as regras básicas".

Como é que algum "historiador profissional que sabe as regras básicas" aceita que um plebeu genovês tivesse acesso a cartas secretas da corte e copiando-as em segredo, rounbando assim a informação, voltasse á mesma corte para apresentar o mesmo projecto roubado como sendo um seu projecto e ainda por cima apresentar-lo á mesma pessoa a quem o robou?
E ainda sendo essa pessoa a pessoa que era, D. JOÃO II, o mais astuto rei da dinastia de Avis?
Eram todos assim parvos em 1474 como querem que nós sejamos?

Esta é só mais uma daquelas coisas que é preciso ter-se fé para crer ou então é preciso ser-se um dos "historiadores profissionais que sabem as regras básicas" como nos advertiu o Prof José Hermano Saraiva.
Depois temos aquela pequena carta de D. João II ao seu "Especial Amigo em Sevilha" que está escrita em Português.
O Prof José Hermano Saraiva diz que Colon "nunca escreveu uma linha em Português. Que Português era esse que não sabia escrever Português?"" mas Saraiva não nos disse que o Rei de Portugal escreveu a carta inteira em Português e que assim Colon deveria muito bem de saber ler-la. Pois se não soubesse ler Português não se deve de pensar que D. João II não a soubesse escrever em Castelhano. E sendo uma carta secreta não devemos de pensar que D. João II fosse forçar Colon a ir procurar um tradutor que poderia assim descobrir o segredo entre eles os dois.

Ainda para além de Colon ter "roubado a carta de Toscanelli em 1474" também deve de ter "roubado a informação ao José Vizinho sobre as alturas do Sol na Guiné em 1485" como insinuou o Dr. Luis de Albuquerque, e também deve de ter roubado a informação sobre "Bartolomeu Dias e o Cabo da Boa Esperança em 1488"!!!!!
Enfim este Colon era um verdadeiro ladrão que conseguiu meter o barrete a D. João II. Vê-se agora que só um bom ladrão conseguiria fazer tudo aquilo que C. Colon fez em Portugal sem nunca ser apanhado.
Pronto está assim tudo explicado.
Era um tecelão vilão ladrão.

Áh sim, mas..... e o casamento autorizado por D. João II em 1479?
A Filipa Moniz e a autorização foram também roubadas?

Sejam Divertidos e sejam Advertidos.

6 comentários:

  1. Manuel Rosa,

    Não sei se notaste como o Professor José Manuel Garcia fala como se houvesse uma reportagem dos eventos dizendo coisas como e logo Fernando Martins disse eu vou escrever oa Toscanelli!
    Sabe-se lá como foi. Quem sabe se o Toscanelli é que escreveu para D. João II com a sua brilhante ideia sem ninguém o pedir? Ou sabe-se lá se alguma vez houve uma carta do Toscanelli e se não foi tudo inventado?
    Sabe-se lá.
    Mas o Professor José Manuel Garcia parece saber daquela forma como ele explica parece que está tudo escrito tim-tim por tim-tim nalgum lado.

    Artur Vitorino

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  2. Bons DIas,

    Só uma curiosidade:

    Na Coreia pensa-se que Colombo era Portugues ou Espanhol,contribuindo para a raiva cega do director do centro cultural italiano em Seoul:

    http://www.ilsegnalibro.com/weblog
    2/2005_10_01_archivio.html

    Continue o Excelente Trabalho

    A verdade será revelada...

    António

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  3. Caro Dr. Manuel Rosa

    De todos os historiadores, autores e investigadores que eu tenho lido últimamente que se dedicam ao tema de Colombo afirmo que nenhum parece estar mais bem informado que o Dr. Manuel Rosa.
    Se alguém conseguir chegar á verdade será com toda a certeza baseado nos seus estudos.
    Quero desde já dar-lhe os meus parabéns e continue o Excelente Trabalho.

    Filomena Martins

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  4. boa tarde
    li o seu livro e cada vez mais me parece que um Colombo italiano, com os argumentos que existem neste momento, não tem muito sentido, tem mais buracos que um queijo suíço....
    Até pode não ser português, mas que os argumentos parassem cada vez mais sólidos....parecem.......
    Só falta mesmo comprova-lo com os testes de ADN....
    continuação do excelente trabalho...
    e parabéns pelo livro....


    Carlos Bessa

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  5. Cara Filomena Martins,

    Obrigado pelas cordiais palavras mas esclareço que sou historiador mas não sou doutorado.

    Caro Carlos Bessa,
    Obrigado também. Tendo lido o livro está assim melhor preparado para o que nos enfrenta sobre esta história e está ciente de que por agora somente um nobre Português consegue explicar tudo.
    Mas sem uma prova final ficamos sempre com a dúvida.

    Uma coisa podemos afirmar e isso é que a história de "um plebeu genovês ignorante que acreditava erradamente até á morte ter chegado á India" é nada mais que fantasia vendida ao público por aqueles historiadores que nunca investigaram as coisas como deviam.

    Pelo menos começamos no século XXI a desvendar a verdade e espero que quantas mais pessoas e quantos mais historiadores tiverem esse conhecimento que mais facil chegaremos a um ponto final.

    Cumprimentos,
    Manuel Rosa

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  6. Sr. Manuel Rosa, parabéns a si pela tão bem documentada obra sem comparação que é o seu livro. Nele aprendi muito sobre o reinado de D. João II e sobre o que se escreveu no estrangeiro relativo ás descobertas e relativo aos portugueses daqueles tempos. Não resta dúvida que algo foi mal contado sobre Colombo resta agora saber onde está a verdade e o seu livro é um bom guião nesse sentido. Parabéns.
    Adelaide

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