domingo, junho 08, 2008

A Carta Falsa de Colombo?

Muitos animais quando pequenos são enganados a seguirem humanos como se estes fossem seus pais naturais e assim são domesticados sem saberem o que são de verdade. Seguem seus pais adoptivos cá e lá, gritam quando não os vêem de perto e acham que são humanos. Não cenhecem outra coisa. Alguns de espírito mais forte revoltam-se quando de certa idade e tornam-se naquilo que sempre foram: seres livres do jugo.

Da mesma forma muitos historiadores são ensinados desde jovens a seguir o que lhes ensinam sem questionar. A apoiarem as teses de seus professores e assim enfrentam uma vida professional como meros continuadores desses professores e não são inovadores ou verdadeiros investigadores.

Quem der uma vista de olhos ao blog dos Três Musqueteiros, mais conhecido como Pseudo-História Colombina, nota que tudo é feito com um certo professionalismo e de bom gosto visual. Nota ainda que técnicamente tudo está no seu lugar perfeitamente ajustado, nivelado e copiado. Mas nota-se também uma falta grave. A falta de critica áquilo que transcrevem. Não sabem fazer mais que copiar. Pois seu trabalho não é de apresentar interpretações ao que escrevem mas simplesmente actuarem como robots copy+paste, copy+paste. Para além disto no que toca à história em questão nota-se que têm a cautela de nunca transcrever para ali algo contrário às suas crenças forjadas por professores já mortos do mesmo moldo de copy+paste que por si também não questionavam nada.
Actuam como aqueles animais domesticados submersos em livros de mofo e pó
a quem jamais lhes cheirraá o ar fresco da selva .

Nos últimos dias aparecem por lá cartas e mais cartas apoiando a nacionalidade genovesa do Almirante. Já que o muito louvado Testamento de 1498 ficou arrasado por mim andam aflitos como animais na cela ás voltas sem saberem onde se esconderem. Não sabem outro modo de actuar senão rebuscar mais e mais coisas familiares que lhe tragam algum comforto de que aquilo em que sempre acreditaram era a verdade. "Génova", murmuram eles, "Génova! Mais coisas com Génova." Pois não têm alma de encararem-se com uma vida de mentiras.
Muitos até pensam que esta polémica só começou hoje ou em 1988 com o Prof. Mascarenhas Barreto e não sabem nada da verdadeira guerra que tem sido mantida por mais de quatro séculos entre os apoiantes de um genovês e os detractores que sempre viram que o lobo que nos vendiam era deveras uma ovelha disfarçada.

Para mim que nunca fui seguidor de ninguém mas que faço o meu julgamento baseado nos factos não tenho medo de enfrentar o establecimento mas também não sou burro. Não os vou enfrentar sem ter armas para isso e ainda algumas delas secretas. É com esta atitude que decidi meter aqui um texto de um autor que diz ter visto em Génova entre as muito famosas cartas de Colon e do Banco de S. Jorge uma carta original de Colon em Italiano. Em Italiano imaginem vocês!!!!!
Imaginem vocês que esta carta em Italiano não é nada mais nem menos que
aquela escrita em Espanhol palavra por palavra e assinada pelo Almirante.
Ou seja nos arquivos de Génova exisitia uma carta do Almirante em Espanhol e a mesma carta do Almirante em Italiano sendo as duas igualitas no seu conteúdo. Imaginemos agora que se isto é verdade os falsários pensaram em tudo e estariam bem preparados para apresentarem a carta ou em Italiano ou em Espanhol segundo fosse necessário.

Vejamos o que nos diz o Sr. Robert Dodge em 1851.

Para quem não saiba Inglês pode traduzir o texto no site de Alta Vista fazendo copy+paste, escolhendo "English to Portuguese" e carregando em cima de "Translate", como se vê na imagem à direita.






At the meeting of the NEW YORK HISTORICAL SOCIETY, held at its rooms, on the evening of the fifteenth day of January, 1850, I had the honor of presenting to the Society a copy of one of the very few remaining autograph letters of Christopher Columbus, in the original and beautiful Italian.
Upon the nineteenth day of January, 1
848, during my stay at Genoa, I had the opportunity of examining that city's proudest treasury, its Custodia of the Memorials of Columbus...
During the brief space that the Custodien allowed me to hold the letter in my hand, I succeeded in making a correct copy of the original, which, as one of but three landmarks of his history supplied by himself, and left for us, is justly regarded by his countrymen with no ordinary veneration....
I presented the copy that I thus had myself made, to the Society, without any accompanying data, which might be useful to demonstrate the originality and authenticity of the donation, as well as its historical importance....
The following is a copy of the letter in the original Italian, and translation obtained by myself from the same depository, in Genoa, January 19, 1848.


ALLI MOLTO NOBILI SIGNORI DEL MOLTO MAGNIFICO UFFICIO
DI S. GIORGIO A GENOVA.

Al di dentro Molto nobili Signori:
Benche il corpo cammini qua, il cuore sta li da continuo. Nostro Signore mi 'ha fatto la maggior, che dòpo David abbia fatto a nessuno. Le cose della mia impresa, giá risplendóno, e piu risplendérebbero, se la oscuritá del Governo non le coprisse.
Io torno alle Indie, in nome della Santissima Trinitá, per tornare subito; e perché, Io son mortale, lascio, a D. Diego, mio figlio, che di tutta la rendita, vi corresponda corti, per il decimo del totale, di essa, ogni anno, per sempre, in sconto, del prodotto, del grano, e vino, edaltre vettovaglie commestibile.
Se questo decimo sará molto, ricevetelo, e se no, ricevete la Volontá che io tengo. Vi prego, per grazia, che tengniàte riccomandato questo mio figlio. Messer Nicolo Odérigo sa dei fatti miei piu che io stesso, e lui ho mandato la copia dei miei privilegii, e carte ; perche li pongo in buona guardià, avrei piacere, che li vedreste.
Il Re e la Regina, miei Signori, mi vogliono onora piú che mai. La San. Trin. guardi le vostre nobili persone, e accresca in molto magnifico uffizio.
Fatto in Seviglia le 2 di Aprile 1502.
L'Ammiraglio Maggure del Mare Oceano, e Vice Re, e Governatore Generale delle Isole, e della Terra Ferma, del Asia, e delle Indie, del Re, e della Regina, miei Signori, e suo Capitano Generale del Mare, e del suo Consiglio.
S.
S. A. S.
X. M. Y.
Xpo. FERENS.

Supplex.
Servus. Altissimi Salvatoris.
Xristi. Mariffi. Josephi.
Christo Ferens.

TO THE MOST NOBLE GENTLEMEN OF THE ILLUSTRIOUS
BANK OF ST. GEORGE AT GENOA.


To the within Most noble Gentlemen :
Although the body travels hither, the heart remains with you for ever. Our Lord hath shown me greater grace than after David hath he shown to any one. The affairs of my enterprise are now resplendent, and will be more so, if the darkness of the government shall not overwhelm them.
I go again to the Indies, in the name of the Most Holy Trinity, to return speedily: and forasmuch as I am mortal, I leave in charge to Don Diego my son, that annually, for ever, he shall account to you for the one-tenth of all my income, in order to reduce the taxes on corn, wine and other provisions.
If this Tenth shall be considerable, accept it; and if not, accept the regard I entertain for you. I solicit your gracious consideration for my son. Signer Nicolo Oderigo, knowing of my affairs more than I do myself, I have sent him the copy of my Privileges and Charters; and as I thus place them in good guardianship, have the kindness to examine, when you see them.
The King and Queen, my Lords, treat me with more favor daily than ever. May the Most Holy Trinity safely keep your noble persons, and magnify you in your illustrious office. Done at Seville, the 2d of April, 1502.
The High admiral of the Oceanic Sea, and Vice Roy and Governor General of the Islands, and of the Terra Ferma, of Asia, and of the Indies, of the King and Queen, my Lords, and their Captain General of the Sea, and of their Council.

S.
S. A. S.
X. M. Y.
Xpo FERENS.


EXPLANATION OF THIS SIGNATURE.

Supplex.
Servus. Altissimi Salvatoris.
Xristi. Mariae. Josephi.
Christo Ferens.

The Suppliant

Servant of the Most High Saviour
Christ, of Mary, of Joseph
Christo Ferens or
Christopher.

MEMORIALS OF COLUMBUS, READ TO THE Maryland Historical Society, by ROBERT DODGE, 3 April, 1851. BALTIMORE: PRINTED FOR THE SOCIETY. MDCCCLI. JOHN D. TOY, PRINTER.


Agora acho interessante meter aqui um texto relativo a fraude de cartas de Cristóvão Colon anunciado por John Boyd Thacher em 1904 o mesmo ano em que aparece o famaoso Documento Assereto.

LETTER WRITTEN BY CHRISTOPHER COLUMBUS
TO THE DIRECTORS OF THE BANK OF ST. GEORGE

Of all the holographs which have come down to us from Columbus, none equals this in interest, not so much because of its subject-matter as for the part it has played in a famous forgery.
... If money to any great amount was ever lodged in the Bank of St. George by Columbus or his heirs, the fact is not recorded. His charities were never dispensed, because the funds were never deposited for that good purpose. Not a ducat was ever paid into the Bank and not a ducat was-ever paid out of the Bank ...

Sometime during the first week in August of the year 1829, Signor Antonio Lobero, the Archivist of the Bank of St. George, while rummaging among the old files, came across this letter.
He copied it and sent the copy to the Secretary of the Treasury. The municipal authorities learned of this, and as they already possessed the Codex, or Book of Privileges, and the two letters addressed to Oderigo, they asked that their Hall might become the repository of these relics.
Accordingly, in December, 1829, this letter was transferred to the Municipal Palace at Genoa, where it is at this day preserved....

... on October 17, 1883, was at work in the Paris National Library when he met an Italian, fluent in his French, who told him he was preparing a history of Columbus based on documents hitherto uncited and unknown, among which was a holograph letter then in his possession. Naturally, this interested Mr. Harrisse, who requested that he might see it. The Italian declined to show him the original, which he said was not in a fit condition to exhibit, but produced a photograph of it. This was at once recognised by Mr. Harrisse as apparently an exact counterfeit of the letter to the Bank of St. George, our letter No. XVIIII. When Mr. Harrisse announced his opinion that this was only a copy, the Italian smiled, and, saying that he had it from a priest, intimated that it might have been obtained from the archives at Genoa by unlawful means.... the man had been a fugitive from justice in Genoa, where, on September 6, 1882, he had been condemned to prison for theft and other crimes. In December, 1885, the man was delivered by the French authorities to the Italian Government, and thus returned to imprisonment in the Sant Giuliano Persiceto. .... is it within the range of possibility that he would have written twenty-five lines, counting the mark of the cross and the signature, making each letter of each word of one copy with exactly the same characters, the same dimension, the same shading, and placing it in exactly the same relative position as the same letter in the other copy! Only a skilled forger can do that.
- Christopher Columbus: HIS LIFE, HIS WORK, HIS REMAINS. AS REVEALED BY ORIGINAL PRINTED AND MANUSCRIPT RECORDS By John Boyd Thacher, Volume III, pg 252. G. P. PUTNAM'S SONS, NEW YORK AND LONDON. The Knickerbocker Press. 1904


10 comentários:

  1. Sr.Rosa

    "the man had been a fugitive from justice in Genoa, where, on September 6, 1882, he had been condemned to prison for theft and other crimes."

    Aqui trata-se do Sr.Harisse ou de outro homem?
    Harisse falsario para além de criminal?

    Cumprimentos
    M.P

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  2. M.P.
    Não era o Sr. Harrisse era um Italiano. Eu meti mais um pouco do texto para explicar melhor.
    Isto está aqui somente para provar que houve falsificações para além do Testamento de 1498.
    O Documento Assereto parece pertencer ao mesmo processo. Aparece e desaparece. Segundo o que eu sei somente aparecveu em 1904 e nunca mais niguém o viu. Quem o queira ver tem que se contentar com uma cópia.

    Manuel Rosa

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  3. Sr.Rosa,

    De facto agora fico bem esclarecido.

    Parece incrível, até que surgem relatos destes, e sobretudo verdadeiras mensagens de teor conspiracionista como o senhor recebeu.

    Votos de boa continuação.
    M.P

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  4. Mais uma vez o Senhor Manuel mostra-nos porque é considerado por muitos como o mais sábio nesta matéria. Nunca lhe faltam novidades para nos trazer. Está de parabésn outra vez.

    Adelaide

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  5. Caros Confrades,
    "..autograph letters of Christopher Columbus, in the original and beautiful Italian."

    Esta deve de ter escapado ao Eduardo de Albuquerque. É mesmo um tesouro para quem queira provar a genovesidade do Almirante. Afinal o gajo escrevia em Italiano!!
    Mas só em segredo :)))))))

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  6. Entao ha uma carta de Colombo em excelente italiano escrita ao banco de s jorge?
    E aquela em castelhano e forjada?

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  7. "Entao ha uma carta de Colombo em excelente italiano escrita ao banco de s jorge?
    E aquela em castelhano e forjada?"

    Pois é, veja lá que juram a "pés juntos" que em Génova só se escrevia em latim porque o dialecto genovês não era escrito!!! Agora parece que já escreviam em italiano a um suposto genovês. Falta saber que italiano era esse! A carta em castelhano era por via das dúvidas; não fosse necessário apresentar também essa! Também...só cai nisto quem quer.

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  8. "Também...só cai nisto quem quer."

    exacto

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  9. Não deveria de cair ninguém. Deveriam sim de estarem todos bem informados para poderem ver o que é verdade e o que é mentira.

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  10. Quem sabe se o testamento não estará também nalgum arquivo de Génova em yyyytaliano???

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