domingo, junho 01, 2008

A Cuba nos círculos de Cristóvão Colon (parte 2)

O Duque de Medina Sidonia, cujas relações com D. Fernando - O católico - não eram as melhores, remeteu Cristóvão Colon para um seu primo, o Duque de Medinaceli. Por uma carta escrita pelo Duque de Medinaceli aos Reis Católicos, sabemos que Cristóvão Colon esteve cerca de dois anos como hóspede do Duque.

Olhando as ligações familiares de D. Luís de La Cerda, verificamos que sua filha, Leonor, era casada com Rodrigo Mendoza, descendente dos Furtado Mendonça / Hurtado Mendoza (ramos do Alentejo e da Andaluzia), e mais concretamente do próprio Alcaide de Beja.

O filho de D. Luís de la Cerda, Juan de La Cerda, que veio a ser o 2º Duque, casou com Mécia Manoel, filha de D. Afonso de Bragança e Dª Maria de Noronha. Dª Maria de Noronha era descendente de Dª Filipa de Ataíde, em cuja família ficara entretanto o título de Senhores de Castanheira (como se mostrará noutro quadro).

Verifique-se que um irmão de Dª Mécia Manoel, D. Fernando de Faro, era casado com Dª Isabel de Melo, descendente de Vasco Martins de Melo, já referido.

Uma descendente de outro irmºao (D. sancho de Noronha), Joana Manoel de Noronha casou com D. Juan de La Cerda, 4º Duque de Medinaceli, filho do 2º Duque.

Constatam-se pois, estreitas relações familiares entre o Duque de Medinaceli, que acolheu Cristóvão Colon em sua casa, durante dois anos, até que este conseguisse convencer os Reis Católicos a aceitar o seu projecto, e famílias portuguesas, com especial relevo para os Senhores de Castanheira e os Bragança.


Após ter apresentado a sua proposta aos Reis Católicos, Cristóvão Colon teve de sujeitar-se às avaliações de uma Junta de Sábios em Castela, presidida por Frei Hernando de Talavera.

O maior apoiante de CC dentro da Junta foi Frei Diego Deza.

Este Frei Diego Deza era nem mais nem menos que um português, Diogo de Eça, filho de D. Fernando de Portugal e descendente do Rei D. Pedro.

Interessantíssimas as ligações familiares de Frei Diego Deza, apoiante de Cristóvão Colon.

Os seus sobrinhos, filhos de Pedro de Eça, alcaide de Moura, casam com descendentes das famílias Zarco, Ataíde, Moniz e uma sobrinha-neta com um descendente de Vasco Martins de Melo. Dos seus outros irmãos, Garcia e Fernando, há dois casamentos com descendentes de Vasco Martins de Melo e um outro com descendente Zarco. As sobrinhas de Frei Diego Deza casam na região do Alentejo, com Senhores de vilas contíguas a Cuba (Alvito, Viana, Alcáçovas) e uma outra (Leonor de Sotomaior) tem mesmo uma relação com o Duque de Beja, D. Diogo, filho do Infante D. Fernando, 1º Duque de Beja.

Todas as ligações no quadro se referem à época em análise.


Continuando uma análise cronológica dos acontecimentos, afastamo-nos um pouco das ligações por casamento, para olhar sobre Juan de La Cosa, mestre e proprietário da Nau Santa Maria, na qual viajou Cristóvão Colon.

Seria Juan de La Cosa o piloto ao qual o Rei D. João II ofereceu uma compensação quando Cristóvão Colon se apresentou em Lisboa, no regresso da viagem da descoberta? Seria tal compensação atribuída pelo encalhe, possívelmente propositado, da Santa Maria de forma a deixar os fidalgos castelhanos abandonados na Hispaniola?

E que significado tem a miniatura de S. Cristóvão desenhada no mapa de Juan de la Cosa, sobre o Novo Mundo? E porque foi mandado pintar na Cuba um S. Cristóvão semelhante? Será que o Padre João Vieira Mendes e o patrono Martinho Janeiro de Barahona eram descendentes de Diego Mendez (secretário do Almirante) e João de Barahona (cunhado do Almirante)?



Ainda na viagem de regresso, Cristóvão Colon viu-se obrigado, devido a uma tempestade segundo relatado, a aportar a Santa Maria nos Açores.

O capitão da ilha de Santa Maria era João de Castanheira e os relatos sobre o episódio referem que, após alguma fricção inicial, foi Cristóvão Colon muito bem acolhido em Santa Maria

Este nome não era o nome próprio do capitão, que "por acaso" fora Cavaleiro da Casa do Infante D. Fernando, Duque de Beja.

O seu verdadeiro nome era João de Melo da Cunha, mais um descendente de Vasco Martins de Melo - Senhor de Castanheira..., e ficou conhecido por João de Castanheira devido ao título que pertenceu à família, tendo os antepassados sido fidalgos reais.

Em mais um episódio inexplicável para a teoria de Colombo genovês, após a sua audiência de três dias com o Rei de Portugal, D. João II, no regresso da sua descoberta, antes de dirigir para Castela, a rainha Dª Leonor mandou chamar Cristóvão Colon ao Convento de Santo António de Castanheira, onde se encontrava recolhida. Ali se encontaram para Cristóvão Colon beijar as mãos à Rainha. Que especial consideração teria Dª Leonor por um genovês empertigado ?

Lembremos que Dª Leonor era filha do Infante D. Fernando, Duque de Beja. Saliente-se o facto de se encontrar em Castanheira, um domínio dos Senhores de Castanheira

Vejamos então quem eram os Senhores de Castanheira.

O primeiro Senhor de Castanheira foi Vasco Martins de Melo, ao qual sucederam Gonçalo e depois Pedro Vaz de Melo. Devido ao casamento de Leonor de Melo com Álvaro de Ataíde ficou este como titular, tendo-lhe sucedido Pedro de Ataíde.

Mas não eram apenas Senhores de Castanheira, Povos e Cheleiros.

Desde 1377 que a família detinha os Direitos sobre a aldeia de Cuba, atribuídos pelo Rei D. Fernando a Vasco Martins de Melo.

Os Senhores de Castanheira eram os poderosos da Cuba.

Concluímos então que, a Cuba está indissociavelmente ligada aos personagens que fazem parte dos círculos, familiar, social e profissional de Cristóvão Colon
(continua)

3 comentários:

  1. Acho interessante que enquanto os chamados "Historiadores" do blog Pseudo-História andam empenhados a todo o custo a rebuscar os documentos de 500 anos cheios de teis de aranha e pó que não trazem nada de novo para podermos entender a história os amadores fazem descobertas destas que deveras trazem nova luz sobre um antigo problema.
    Parabéns ao Carlos Calado

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  2. Como se ve destes quadors, por mais que se tente nao se pode remover Colombo da Cuba. Pois todos os seus lacos vao la parar.

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