sexta-feira, julho 03, 2009

Fina d'Armada - 2. O ÚLTIMO REBENTO DE HENRIQUE

Palestra integrada na Conferência de 23 Maio 2009, CUBA - Alentejo

2ª Parte - O ÚLTIMO REBENTO DE HENRIQUE

Relativamente às letras da base, na sigla de Colon parecem indicar o seu nome – Cristóvão Fernandes. Quanto ao Zarco, que muitos defendem, gostaria de não me meter nisso para já. Por um lado, não consegui até agora encontrar uma filha ou neta de Zarco que encaixasse na história. Por outro, Zarco era uma alcunha que significava “olhos claros, azuis ou verdes, quase brancos”. Essa era a cor dos olhos de Cristóvão Colon e do rei D. Manuel I. Além disso, Manuel Luciano da Silva defende que Zarco em grego significa Colon.

«Se consultarmos o dicionário judaico, verificamos que existem as palavras “Zakhar” que quer dizer “órgão masculino” e “Zarkor” que significa “projectar” ou “ejacular”. É por isso que “Zarkor” tem o mesmo significado que Colon em grego» (1)

Mas antes de voltarmos a estas 9 letras, lembremos que intérpretes dos livros de D. Tivisco dizem que Colon foi “o último rebento de Henrique”. Tem-se interpretado como descendente de Henrique, sobretudo através do seu filho adoptivo Infante D. Fernando. Mas se pensarmos bem, Colon nunca podia ter sido o último rebento de ninguém, porque teve irmãos mais novos, filhos e descendentes que chegaram ao nosso século. Então, se não era último rebento de sangue, é último rebento de quê?

Não tenho dúvidas que se trata de Henrique, o Navegador. Ora, em que qualidade Colon seria último? Os Descobrimentos foram iniciados por Henrique, mas Colon não foi o último descobridor. As Antilhas foram achadas em 1492 e, depois disso, Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia e Pedro Álvares Cabral o Brasil. Sem falar em Timor, na Terra Nova, nos caminhos para a China e Japão... A única diferença é que Colombo descobriu no tempo dos reis católicos e D. João II e, as outras descobertas aconteceram no reinado dos reis católicos e D. Manuel I. Portanto, o que difere é D. João II e D. Manuel I.

Voltemos de novo às 9 letras na horizontal. Vemos lá Cristóvão Ferens mais o ponto e o traço que dizem significar Colon, ou seja, membro.

Curiosamente, o ponto e traço de Colon, no fim da assinatura, é parecido com o ponto e traço no fim da assinatura do Infante D. Henrique que assinava assim: IDA./ (Infante Dom Anrique).

Ora, segundo dizem, Cristóvão FERENS significa um membro que vai em nome de Cristo, ou aquele que transporta Cristo. O nome Cristóvão parece ter sido escolhido para significar, tal como o santo das viagens, o transporte difícil pela água salgada com uma mensagem cristã. O seu filho Hernando escreveu: “Se repararmos no apelido comum ou sobrenome de seus antepassados diremos que verdadeiramente era Colombo, o Pombo, enquanto era portador da graça do Espírito Santo para o novo mundo”. Pelo facto de Colon se considerar uma pomba do Espírito Santo, quem sabe se Colombo não foi uma alcunha que lhe puseram já na época, daí o nome que lhe deu Rui de Pina! Em Portugal, ainda hoje existem termos “columbófilos”.

Os pontos e traços das assinaturas de Colombo e de Anrique, significam que ambos eram membros. Se Cristovão FERENS significa os que vão por Cristo, então talvez Colombo fosse o último rebento da ideia original daqueles que iam descobrir tendo como objectivos o cristianismo do Espírito Santo e o espírito de descoberta. Neste sentido, Colon pode ter sido o último rebento da missão iniciada por Henrique em 1420. Por outras palavras, Cristóvão Colon pode ter sido o último templário. O último descobridor que encerrou a missão esotérica da Ordem de Cristo.

E então Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral não iam sobre as águas transportando a ideia de Cristo? Na verdade, não. Com D. Manuel I, Cristo passou a ser Jesus. A ideia que prevalecia era a conquista, a obtenção de tributos dos régulos africanos, uma cristianização à força, não era uma ideia templária. Segundo Zurara, o Infante D. Henrique alimentava já a intenção de chegar à Índia por mar, mas não era uma ideia de conquista e de guerra como D. Manuel entregava aos capitães nos seus regimentos.

Ora, dentro da perspectiva de levar uma mensagem templária, D. Henrique foi o primeiro, Colombo o último.

Escreveu ele: «Do novo céu e terra que dizia Nosso Senhor por São João no Apocalipse, depois de dito pela boca de Isaías, me fez mensageiro e me mostrou aquelas partes» (2)

Ele considerava-se o anunciado duma profecia.Temos então que esta ideia de “último rebento” nos leva a colocar Colombo em Tomar, terra que espalhou pelo mundo o culto do Espírito Santo. E por ser o último templário, teria de estar imbuído de secretismo da Ordem de Cristo. Teria de ser um alto senhor português.

Se fosse filho secreto do Infante D. Fernando, só podia ter aparecido à luz em Portugal, após 1470, quando seu pai morreu e, como não podia ser mais perfilhado, deixou de correr risco de vida. Nos seus textos, ele chegou a escrever que há 14 anos que tentava demover o rei para a descoberta das Índias antes de ir para Castela. Como foi em 1484, menos 14 anos dá 1470. Terá sido a partir de então que entrou nos segredos da Ordem de Cristo. E também nos segredos da Ordem de Santiago, dirigida após 1472 por D. João II, tendo-se tornado marido duma “comendadeira” dessa Ordem.

Convém relembrar que, como filho do Infante D. Fernando, seria 3º primo de Isabel a Católica, pois ambos tinham uns bisavós comuns – os reis D. João I e D. Filipa de Lencastre, que era ruiva como Colon e como a mãe da Católica.

Quanto ao facto de ele provir duma filha natural de Anrique, isso justificaria o secretismo do seu nascimento, durante mais de 500 anos. D. Henrique ainda hoje é um mito, como cavaleiro puro, que procurava o Santo Graal, e morreu virgem segundo Zurara.

Enfim, com Anrique ou sem Anrique, como “último rebento” dum projecto templário ou com sangue real de Jerusalém, a saga misteriosa de Cristóvão Colon continua.

(1) Manuel Luciano da Silva e Sílvia Jorge da Silva, Cristóvão Colon [Colombo] era Português, Quidnovi, 2006:123.

(2) Cit. por Manuel Rosa, O Mistério Colombo Revelado, Ésquilo, 2006: 531.



quinta-feira, julho 02, 2009

Fina d'Armada. A SIGLA DE 'COLOMBO'


A SIGLA DE 'COLOMBO' - “A” DE ANRIQUE E ÚLTIMO REBENTO


Palestra pela Historiadora Fina d'Armada, integrada na Conferência de 23 de Maio de 2009. CUBA - Alentejo


1ª Parte


Fina d’Armada, com o seu livro “O Segredo da Rainha Velha”


Gostaria de começar por felicitar a Vila de Cuba por manter viva a chama da nacionalidade portuguesa de Cristóvão Colon, mais conhecido por Colombo. Ao realizar estas conferências, mantém o assunto actual e dá relevo à sua terra.

No romance histórico “O Segredo da Rainha Velha”, desenvolvo, entre outras coisas, uma tese de Colombo português.

Apoiando-me nas entrelinhas da obra de Rui de Pina, “Crónica do Senhor Rei D. Afonso V”, e nos documentos da Torre do Tombo sobre a Infanta D. Beatriz, eu penso que Colombo pode ter sido gerado em Cuba, mas deve ter nascido noutro local. Tal como a rainha D. Leonor conseguiu impedir que o Papa legitimasse um filho ilegítimo do marido D. João II, também a poderosa D. Beatriz nunca permitiria o nascimento dum bastardo que herdasse bens seus. Na altura, ela ainda não tinha filhos.

Suponhamos, então, que o nascimento de Colon teve algo a ver com a fuga do Infante D. Fernando, em 1452, por causa desse incidente Duque de Beja. Talvez a sua amada grávida corresse risco de vida. Colon pode ter nascido no mar Mediterrâneo ou em Nápoles. Nessa cidade, reinava um tio do Infante, irmão de sua mãe, e não tinha herdeiros. D. Fernando queria que esse seu tio o adoptasse, para um dia ser rei de Nápoles, rejeitando a adopção feita pelo Infante D. Henrique. Esse Infante, o 2º homem mais importante do reino, fugiu de Portugal, sem prevenir o rei D. Afonso V, seu irmão, nem o pai adoptivo Infante D. Henrique, porque queria formar uma vida nova. Sozinho? Não creio. Como levou na sua escassa comitiva (com ele eram cinco) Vasco Fernandes de Lucena, um jurisconsulto diplomata que já participara 17 anos antes, em 1435, no concílio de Basileia (1), isso sugere que ele queria anular o seu casamento junto do Vaticano e começar nova vida em nova terra. Colon pode até ter vindo ao mundo no mar Mediterrâneo, dentro do barco do corsário Peroso, corsário italiano que bem podia ser genovês.

Os portugueses de Ceuta, que foram com uma armada atrás do Infante fugitivo, encontraram, segundo Rui de Pina, “uma galé e uma caravela [do Infante], ambas juntas, e a galé era de um Peroso, corsário italiano” (2)

Todavia, se Cristóvão Colon nasceu numa situação de fuga, isso não significa que ele não seja português e que não tenha mantido relações estreitas com os senhores de Cuba. É como naqueles casos em que uma mãe, que vive em determinada terra, vai ter um filho a uma maternidade que fica noutro local e depois há a dúvida de se saber se é natural da terra onde foi gerado ou onde acidentalmente veio a este mundo. A questão da nacionalidade pode não ser linear.


A SIGLA DE CRISTÓVÃO COLON

No entanto, hoje trago aqui uma interpretação da sigla de assinatura de Cristóvão Colon, que iniciei no “Segredo da Rainha Velha” e aqui desenvolvo.

Como se vê, as letras estão colocadas não ao acaso, mas com um aspecto gráfico. Assim, há sete letras dispostas em triângulo, com o vértice para cima, e nove letras na horizontal. Segundo Manuel Freitas: “O triângulo com o vértice para cima simbolizava o fogo e o sexo masculino; com o vértice para baixo, simbolizava a água e o sexo feminino e, pela sua semelhança com a púbis, está muito ligada a motivos de fertilidade (3)

Tal como os menhires, há uma forma anatómica nos triângulos – com o vértice para cima sugerem o membro masculino na pujança da fertilidade. Ora a esse membro dá-se o nome de Colon – apelido do navegador. Ou seja, um triângulo também é um Colon.

Para Pitágoras o triângulo era “o símbolo da sabedoria” e para os Egípcios o emblema da divindade (4)

Posto isto, sete letras dentro dum triângulo de vértice para cima, sugere-nos a sua progenitura masculina. No século XV, praticamente era só esta que contava. O nº 7 também sugere criação divina. Portanto, estas letras devem dizer-nos quais as suas origens, como foi criado por Deus por intermédio da sua progenitura masculina.

Quanto às nove letras na horizontal, vem-nos à ideia que se trata do seu nome terreno. O nº 9 é o número de meses duma gravidez. Portanto, o sete é criação divina, o nove, criação terrena.

Assim, os 3 SS do vértice podem não ser iniciais de palavras, mas uma espécie de mensagem ou revelação. Existirá algum significado oculto nos SS?

No Alto Minho, não sei se noutras partes, os SS não são letras, são símbolos. Símbolos de quê? De união, de vida, de fertilidade conjugal. Usam-se nos desenhos de peças em ouro, mesmo antes da nacionalidade. E ainda hoje se compõem.


(Brincos actuais com SS, bambolina e formato de Vénus)


O ouro, usado outrora pelos chefes ibéricos como símbolo de poder, vem das entranhas da terra ou do leito dos rios e ainda hoje se utiliza como louvor aos deuses. Tem a cor da luz e do sol que dá a vida. Segundo o especialista em ouro Manuel Freitas, os SS simbolizam a estilização de patos a voar.

E são:

Símbolo da união e da fertilidade conjugal, ao qual se junta, por vezes, a noção de força vital, pelo facto do macho e fêmea nadarem sempre em conjunto. O aparecimento sazonal destas aves migratórias, que surgiam no mesmo local e na mesma altura, sempre despertou um certo mistério e possivelmente por isso aparecem de forma bem explícita em antigas arrecadas na vizinha Galiza e nas nossas, em filigranados, forma estilizada de representar os patos a voar.

A mais antiga representação de SS encontrada é uma conta dum colar do tempo Suevo-visigótico. Hoje pertence à Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira.



Conta de brinco ou colar suevo-visigótica com SS (catálogo da exposição do ouro, Museu de Arqueologia, Lisboa, 2007)


Para ir para a Gronelândia, Arquipélago dos Açores, Madeira... Cristóvão Colon teria de contactar com outros marinheiros e muitos deles eram de Viana. Ora, na sigla de Colon, vemos três SSS. E ao lado de cada um deles vemos dois pontos, um de cada lado. Em mais letra alguma, quer do triângulo quer do rectângulo, nós vemos os dois pontos. Para mim, significa igualdade de progenitura.

No meio desses SS, está a letra A. No centro. No coração do triângulo. Todas as outras letras vão dar a esse A. Para mim, significa que tanto de pai como de mãe, Colon descende igualmente de alguém com o nome A. Ora, como na época se dizia Anrique em vez de Henrique, presumo que ele, tanto de pai como de mãe, descenderia do Infante D. “Anrique”.

Mas esse “A” também pode significar outra família, dado que estão lá 3 SS. Como o filho de Colon, Fernando, nos diz que seu pai tinha “sangue real de Jerusalém”, procurei entre as famílias judaicas portuguesas quem teria sangue real. Encontrei a família Abravanel, descendentes do rei David. Palavras de Hernando (5): “sendo os seus antepassados de sangue real de Jerusalém, teve por melhor que seus pais fossem menos conhecidos”. “Fossem menos conhecidos” sugere sangue judaico.

Os Abravaneis foram importantes na corte portuguesa. Um deles foi tesoureiro do rei D. Afonso V. Outro foi conselheiro económico do Duque de Bragança e por isso foi considerado membro da conjura do Duque, tendo ficado sem os bens. Mesmo assim, D. João II não o perseguiu como a outros e Abravanel foi absorvido pela corte de Isabel a Católica, onde prestou relevantes serviços. Depois, quando se tornou a situação difícil para os judeus em Castela, Abravanel fugiu… curiosamente para Nápoles, onde voltou a servir o rei desse estado.

Relativamente às três letras da base do triângulo, XMY, dizem que são Cristo, Maria e José (o Y corresponde ao J que não existia no séc. XV). Talvez signifiquem outra coisa. O certo é que essas três letras continuaram a ser usadas em documentos religiosos. A vidente Lúcia, quando redigiu a terceira parte do Segredo de Fátima, em 1944, começou o texto por J.M.J. E fazia o mesmo nas suas cartas.

Mas se, na sigla de Colon, significarem uma família, as letras não estão dispostas na ordem certa. Uma família compõe-se por pai, mãe e filho. Reparem que está dessa forma, se forem lidas ao contrário, como fazem os judeus. Lidas da esquerda para a direita, como sempre fazemos, temos filho, mãe e pai em último. Uma família absurda por começar pelo filho, mas é essa a versão cristã. Talvez Colon nos quisesse dizer que a sua família era parte cristã e parte judaica, pois no cristianismo o mais importante é Cristo, depois Maria e por fim vem S. José, ao contrário duma família tradicional.

Na Sagrada Família Cristã, o filho Jesus não é natural, é adoptivo, como todos sabem. Reparemos agora na sigla. O X de Cristo dirige-se obliquamente para A do centro, tal como na outra esquina o Y de José. Pode bem significar que seu pai era um filho adoptivo de A. Sua mãe, mesmo em linha recta com esse A, pode querer dizer que descende também de A, desta vez directamente.

Com esta análise, defendi no meu romance a tese que os pais de Colon seriam um filho adoptivo de Henrique (no caso o Infante D. Fernando). Quanto a sua mãe, seria a filha natural do Infante D. Henrique, pois, segundo li nos livros de Manuel Rosa, existe um documento nos Arquivos do Vaticano em que o Infante de Sagres faz um pedido ao Papa para a sua filha natural.(6)

Desta forma, como não tenho a certeza, transmiti sob a forma de romance que Cristóvão Colon, gerado em Cuba e nascido talvez no Mediterrâneo, ou em qualquer terra das suas margens, poderia ter tido como pai o filho adoptivo de Anrique, ou seja o Duque de Beja, e eventualmente gerado por uma mãe, filha natural de Anrique e de uma mulher da família Abravanel. Naturalmente que o Infante D. Fernando, futuro Duque de Beja, teria contacto com a ignorada filha do seu pai adoptivo e com os nobres Abravaneis (até tinham brasão) que circulavam pela corte.


(continua ...)

(1) Grande Dicionário Enciclopédico Ediclube, vol. XI, 1996, entrada Lucena, Vasco Fernandes

(2) Rui de Pina, Crónica do Senhor Rey D. Afonso V, cap. CXXXIV.

(3) Manuel Rodrigues de Freitas, “Ouro”, in Cadernos Vianenses, tomo 32, Viana do Castelo, Câmara Municipal, 2002: 186.

(4) Fina d'Armada, O Segredo de Fátima e Nostradamus, Ésquilo, 2004: 50.

(5) 1º capítulo de Historie del S. D. Fernando Colon, cit. por Manuel Rosa, “O Mistério Colombo Revelado”, Ésquilo, 2006: 476.

(6) “O Rev. Dr. Maurício dos Santos viu um verbeto do Cardeal Garampi que refere o pedido do Infante ao Papa a favor de sua filha natural” - Manuel Rosa, Colombo Português, Ésquilo, 2009: 305.


domingo, junho 21, 2009

A nota invisível

O Mayorazgo (Morgadio) do Almirante Colon, de 22 Fev. 1498, mais propriamente a sua autenticidade ou falsidade e as vicissitudes do processo, continuam a ser bastante debatidos. Sintomaticamente, aqueles que defendem a autenticidade têm-no feito invocando frequentemente os textos escritos por Navarrete e por Altolaguirre e a interpretação que estes fizeram do processo em torno do referido Mayorazgo.

Isto porque o "documento", de per si, não convenceu nem convence ninguém minimamente atento. Por esse motivo, só com interpretações muito rebuscadas sobre aquilo que terá acontecido se pode defender a autenticidade do único documento conhecido com o nome de mayorazgo.

Isto porque, embora o Almirante mencione no seu testamento Codicilo de 1506 que tinha feito um Mayorazgo em 1502, este documento "desapareceu". Como também não se consegue encontrar a "Confirmação Real" de 28 Setembro de 1501 (descrita por Navarrete), a qual se referia ao Mayorazgo do Almirante, escrito em pergaminho e datado de 1498. Assim como desapareceu uma parte deste mesmo documento objecto deste artigo, dando azo a que fosse "completado" com uma folha apresentada por Baldassare Colombo. Assim como desapareceram, arrancadas, as folhas de registo do notário Martin Rodriguez, referentes ao período em que se enquadraria o Mayorazgo de 22 Fev. 1498.

Enfim, nada que possa levantar suspeitas...

Como tal, resolvemos publicar aqui um excerto substancial e significativo daquilo que Altolaguirre escreveu a propósito,

(extraído de

http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/colon/12368305409045940543091/p0000001.htm#I_0_

para podermos mostrar que, quando os defensores da tese do Colombo genovês o invocam, fazem-no sem aprofundar a sua interpretação:

(Transcrição do artigo em cor azul. Destaques em letra carregada e traduções a vermelho, efectuados por Carlos Calado)

«En uno de los memoriales del pleito sobre la sucesión del Ducado de Veragua se inserta el testamento de 1497, completado con la copia de la hoja sustraída13 y tal como aparece en el tomo II, pág. 221 de la Colección de Viajes de don Martín Fernández de Navarrete, comenzando el documento: «En la muy noble ciudad de Sevilla a (en blanco) del mes de (en blanco) año del nacimiento de Nuestro Salvador Jesucristo de mil y cuatrocientos y noventa y siete años, estando dentro de las casas donde para el Muy Magnífico Señor Don Cristóbal Colón, Almirante mayor del mar Océano, Visorrey y Gobernador de las Indias y Tierra firme, por el Rey y la Reina nuestros Señores y su Capitán general del mar, que son en esta ciudad, en la Colación de Santa María, estando allí presente el dicho Señor Almirante, y en presencia de mí Martín Rodríguez, escribano público de la dicha ciudad y de los escribanos de Sevilla que a ello fueron presentes; e luego el dicho Señor Almirante presentó ante nós los dichos escribanos una carta de licencia para que pudiese hacer mayorazgo, del Rey y de la Reina nuestros Señores, escrita en papel y firmada de sus Reales nombres y sellada con su sello a las espaldas y firmada del Señor Doctor Talavera, según que por ella parece; su tenor de la cual, de verbo ad berbum, es este que se sigue.

«Y así mismo este es traslado de una carta de mayorazgo escrita en papel y firmada del nombre de su Señoría del dicho Señor Don Cristóbal Colón, según que por ella parecía, su tenor de la cual, de verbo ad verbum, es este que se sigue.»

A continuación se inserta la Real cédula dada en Burgos el 23 de abril de 1497, facultando a don Cristóbal Colón para fundar mayorazgo y la Carta del mayorazgo que Colón instituyó. (Em continuação insere-se a Cédula Real dada em Burgos em 23 de Abril de 1497 autorizando Don Cristóbal Colón a fundar Morgadio e a carta de Mayorazgo que Colon instituiu.)

—316→

Al pie de este testamento o minuta dice el Memorial, que acaba en esta cláusula, «y sea causa de mucho bien y, descanso de mi anima»; luego están unas como firmas borradas que si fuere necesario se podrán ver y hay dos rengloncillos borrados; acerca de estos, Francisco de Burcena, oficial de la Secretaría del consejo, declaró que se hallaban escritos en la margen y que parecían de distinta letra. (Diz o memorial [do pleito] que o final deste testamento ou minuta termina com a cláusula «y sea causa de mucho bien y descanso de mi anima», seguidamente estão uma espécie de assinaturas borradas que se poderão ver se for necessário e há duas linhas borradas; acerca de estas, Francisco de Burcena, Oficial da Secretaria do Conselho, declarou que estavam escritas na margem e que pareciam de letra diferente.)

En la probanza que en el plenario se hizo por doña Francisca, don Cristóbal y don Baltasar Colombo (Colombo en italiano y Colón en castellano) articularon en la pregunta 8, que al fin del testamento, donde estaba borrado decía El Almirante con una cifra

S
S A S
X M I

y en otra parte, donde también estaba borrado, decía «fecha 22 de febrero de 1498».

Resultado de esta pregunta fué el examen técnico de estas tachaduras. Los peritos estuvieron conformes en apreciar que la letra del testamento era antigua, que la firma borrada decía «el Almirante» y que los dos renglones borrados que estaban al lado de la firma, decían «22 de Febrero de 2.198», exponiendo Diego de Argüelles que a su juicio no hacía mucho tiempo que se harían hecho las tachaduras, por estar fresca la tinta14.

Debajo de estas borraduras, prosigue el Memorial, «está de otra letra diferente de la escritura, que se pretende es de letra del fundador (que se pretende ser a letra do fundador) y que lo que está al cabo de ella es su firma, con lo siguiente lo cual dice así: "No valga esta escritura y valga otra que yo hice de mi letra año de 1502, a 1 de abril, en el Monasterio de las Cuevas de Sevilla que tiene Fray Don Gaspar".» Y debajo de estos renglones están, junto a ellos, unos caracteres en esta forma:

S
S A S
X M Y
XPO Ferens

Y todo está sin borrar, sino limpio, así lo que está de diferente letra como los caracteres que están después de ello. A continuación hay un párrafo en latín diciendo que era el testamento de don Cristóbal Colón y unos versos también en latín.

—317→

¿Es apócrifo este documento, en el que dos veces declara don Cristóbal Colón que nació en Génova?

Los litigantes en el pleito de la sucesión del Ducado de Veragua, a pesar del gran interés que algunos tenían en darlo por nulo, no niegan su autenticidad; unos le consideran como una simple minuta revocada y otros lo contradijeron por no solemne ni público y revocado.

En la denuncia formulada por don Cristóbal Colón, doña Francisca Colón y don Baltasar Colón (Colombo en italiano, Colón en español), con motivo de la sustracción de la cuarta hoja del testamento, dicen, defendiendo su valor legal, que los llamamientos que se hacían en la hoja que faltaba estaba clarísima y por palabras individuas y que no reciben cavilación ni entendimiento alguno, las cuales son bastantísimas para declarar la voluntad del testador, aunque el dicho testamento no tuviere solemnidad alguna, mayormente teniendo la firma del testador, con inserción de la facultad real que tuvo para hacer mayorazgo, y día y mes y año y nombre del escribano, que se llamaba Martín Rodríguez, escribano del número de Sevilla, que se nombra dentro del dicho testamento, y concurriendo con esto el estar en poder del Almirante don Luis, tercero Almirante, y sucesor de estos estados, y de letra antigua y de papel antiguo, de la cual misma letra está escrito todo el libro, donde están otras escrituras y privilegios signados del dicho Martín Rodríguez y estando inventariado ante la justicia de Sevilla el año de sesenta y seis ante Agustin de Buyza, escribano de la dicha ciudad de Sevilla, sin que por entonces estuviera borrada firma ni añadido renglón ninguno de otra letra, como se ha hecho después; ( ... e estando inventariado perante a Justiça de Sevilha no ano de sessenta e seis [1566] perante Agustin de Buyza, escrivão da dita cidade de Sevilha, sem que nessa ocasião estivesse borrada a assinatura nem existisse nenhuma linha acrescentada com outra letra, como se fez depois) respecto a este extremo, al margen del escrito y de distinta letra, acaso la del relator del Consejo, hay una nota que dice: «Ansí es que está inventariado en el inventario del año 1566. En el inventario no se dice que estuviese borrado ni añadido renglón»15; en efecto, como ya hemos visto, el inventario nada refiere de esta circunstancia y la afirmación de que las enmiendas estaban hechas con posterioridad a la muerte del primer Almirante, tienden a demostrar la validez legal del testamento, (com efeito, como já vimos, o inventário nada refere sobre esta circunstância e a afirmação de que as emendas foram feitas posteriormente à morte do Almirante tendem a demonstrar a validade legal do testamento) que en substancia afirman que no —318→ difería del Codicilo de 1506 sino en estar más clara en éste la voluntad del testador.

Los denunciantes consideraron que la fecha de 22 de febrero de 1498, que aparecía borrada al lado de la firma del Almirante, era la del testamento; por eso dicen que tenía día, mes y año, cuando en realidad, como queda expuesto, sólo tiene el año y éste es el de 1497.

Los documentos aducidos tienen verdadera importancia, sobre todo el de que la letra del texto fuera la misma que la de otras escrituras autorizadas por el escribano de Sevilla Martín Rodríguez, y la de que el testamento estuviera inventariado el año de 1566 entre los documentos de los Colones existentes en el archivo que tenían en el Monasterio de las Cuevas, de Sevilla, en cuya fecha, seis años anterior a la muerte del almirante don Luis, nadas podía hacer prever que no dejara sucesión masculina legítima.

Pero mayor importancia que todo lo aducido tiene, para probar la autenticidad, la nota que al final aparece. «No valga, esta escritura y valga otra que yo hice de mi letra año 1502, a I de abril, en el monasterio de las Cuevas de Sevilla.» En que la nota sea apócrifa no lleva aparejado el que la escritura tenga también que serlo; el que sea auténtica es la prueba definitiva de la autenticidad del documento.(Mas, maior importância que tudo o que foi aduzido tem, para provar a autenticidade, a nota que aparece no final. «No valga...». O facto da nota ser apócrifa não implica que a escritura também tenha que sê-lo. Se fôr autêntica [a nota], é a prova final da autenticidade do documento.)

Para los que pretendían dar fuerza legal a la escritura, eran un obstáculo no sólo la firma borrada sino también la nota en que el Almirante anulaba sus disposiciones; por eso trataron de dar valor a la firma diciendo que había sido tachada recientemente, lo cual se probaba por lo fresca que estaba la tinta; y por eso don Baltasar Colón (Colombo en italiano y Colón en castellano), que como hemos visto pretendía que cuando el documento estaba en el monasterio de las Cuevas no tenía borrada la firma ni añadido renglón alguno, solicitó que del archivo de las Cuevas de Sevilla se enviasen documentos escritos y firmados por don Cristóbal Colón, con la esperanza de que, compulsada su escritura con la de los cuatro renglones, pudiera declararse que habían sido éstos escritos recientemente, en cuyo caso, anulado el valor de la nota y rehabilitado el de la firma borrada, podía sostenerse el del testamento como expresión de la voluntad no modificada del Almirante, aunque —319→ no tuviera las formalidades que las leyes exigían en los actos de última voluntad.

Seis fueron los peritos designados para el cotejo de la letra de la nota con la de nueve billetes que se trajeron de Sevilla: Blas Navarro dictaminó que la letra de los renglones tenía alguna similitud con la de los billetes; Melchor de Villarroes, maestro de escuela, dijo que la letra de los renglones y la de los billetes se parecía mucho y que la letra de aquéllos parecía estar más fresca. Don Pablo Reys, presbítero, capellán de San Ginés, que tenía escuela de escribir, dijo que la letra de los renglones y la de los billetes le parece la misma, por ser del mismo carácter y aire de letra y por tal lo tiene; Juan de Baeza, maestro de escuela de enseñar a leer y a escribir, que la letra de los cuatro renglones que comienzan no vala la escritura y acaba que tiene Fray Don Gaspar y la letra de los dichos billetes le parece que es toda una letra y de una misma mano y así lo tiene por cierto»; Francisco Meléndez, nuestro de leer y escribir, dice que la letra de los renglones y de los billetes le parece ser toda una; Antonio de Navarrete, maestro que había sido de escuela de enseñar a leer y a escribir y se había ocupado en el archivo de Simancas ocho años, manifiesta que la letra de los cuatro renglones parece ser la misma letra y mano en la letra que están escritos los nueve billetes y así lo tiene por cierto y por último, Francisco de Avila, maestro de escuela de enseñar a leer y a escribir, declara que la letra de los cuatro renglones le parece ser toda una y de la misma mano que la de los nueve billetes, porque este testigo lo ha mirado muy bien, letra por letra.

En cuanto a las letras X< >M< >I y encima tres S< >S< >S y una A que anteponía el Almirante a su nombre o categoría, a los peritos Blas Navarro y Juan de Baeza les pareció ser iguales a las de los billetes; a Lucas de Sorrivias también le pareció que las cifras que estaban al pie de los cuatro renglones y las de los billetes eran una sola, diferiendo sólo en que las de éstos tenían unas rayas de que carecían las de aquéllos, y esta misma diferencia observa Francisco de Avila, siendo Melchor de Villarroes el único que le pareció que las cifras del testamento no tenían el aire y rasgos de las firmas de los documentos traídos de Sevilla.

Respecto a la firma no cabía comparación, porque en los documentos —320→ decía «El Almirante», y en lo que estaba al pie de los renglones en el testamento decía «Christophorus», con letras latinas.

La prueba pericial16 fué, pues, favorable a la autenticidad de la nota y así lo reconoce el relator del Consejo al decir en un Memorial, redactado, como todos, de acuerdo con los litigantes «y la letra de todos ellos (los documentos que se trajeron de Sevilla) parece a los cuatro renglones que están al pie de la minuta o testamento, de los cuales cuatro renglones y letras de ellos en que dice no vale aquel testamento se vale doña María Colón y los demás pretensores para que esté revocado»17.

El contenido de la nota se halla de acuerdo con el testamento o codicilo de 1506, en el que expuso el Almirante: «Cuando partí de España el año de quinientos dos yo fize una ordenanza o mayorazgo de mis bienes e de lo que entonces me pareció que cumplía a mi ánima e al servicio de Dios eterno e honra mía e de mis sucesores, la cual escritura dejé en el monasterio de las Cuevas de Sevilla a Fray Don Gaspar con otras mis escrituras e mis previlegios e Cartas que tengo del Rey e de la Reina.»

En resumen: el testamento o la minuta de 1497, como en el litigio se le llama muchas veces, está probado que el año 1566 existía en el archivo de los Colones, en el Monasterio de las Cuevas de Sevilla, de donde lo sacó don Luis, tercer almirante de las Indias, y de él pasó a su abogado, que lo entregó ante escribano al doctor Hurtado, curador de don Cristóbal Colón, uno de los litigantes, y Hurtado hizo de él entrega en el Consejo de Indias, cumpliendo providencia por éste dictada.

Se alegó en el litigio, sin que nadie lo rebatiera, que estaba escrito en papel antiguo y con letra antigua igual a la de otras escrituras del Almirante, firmadas por el escribano de Sevilla Martín Rodríguez, y el dictamen pericial comprobó que la nota anulándolo fué escrita por el Almirante, lo cual demuestra la autenticidad del documento; pero ¿puede considerarse como la institución del mayorazgo, o simplemente como una minuta cuyo contenido no llegó a ser elevado a escritura pública?

—321→

Si nos fijamos que está escrito por la misma persona que escribió otros documentos autorizados por Martín Rodríguez y que en su encabezamiento están en blanco el día y el mes, determinándose sólo el año de 1497, lo cual no tendría explicación si el acto a que se refiere se hubiera llevado a efecto, y que no sólo no está firmado por Martín Rodríguez y los otros escribanos que se citan, sino que ni se hace mención de ellos como firmantes, ni se dice que sea copia, parece deducirse que el tal documento era sólo minuta, que siguiendo las instrucciones del Almirante redactó y le entregó el escribano Martín Rodríguez para si estaba conforme extender la escritura de fundación con todos los requisitos legales.

La minuta tuvo que ser redactada en los días comprendidos entre 23 de abril de 1497, fecha de la Real cédula autorizando a don Cristóbal Colón para fundar el mayorazgo, y el 4 de octubre del mismo año, en que murió el príncipe don Juan, al que en el texto del documento se le ruega no consienta se tergiverse lo que la fundación dispone.

La firma del Almirante y la fecha de 22 de febrero de 1498 que al dado de ella, pero separada del texto, leyeron los peritos, parecen indicar que estando el Almirante conforme con la minuta la autorizó y se formalizó en dicha fecha la escritura de mayorazgo. (A assinatura do Almirante e a data de 22 de Fevereiro de 1498 que os peritos leram ao lado dela, mas separada do texto, parecem indicar que, estando o Almirante de acordo com a minuta, a autorizou e se formalizou a escritura de mayorazgo nessa data)

La sustracción de la hoja de la minuta y el haber sido arrancadas del registro del escribano de Sevilla Martín Rodríguez las hojas correspondientes al mes de febrero de 149818, en que debía estar inscrita la fundación caso de haberse otorgado la escritura en esa fecha, hacen más verosímil la hipótesis de que la minuta fué elevada a escritura (tornam mais verosímil a hipótese de que a minuta tenha sido elevada a escritura) y que las hojas del registro fueron arrancadas y la de la minuta sustraída por alguien a quien le convenía hacer desaparecer las disposiciones a que el Almirante sujetaba la sucesión en el mayorazgo.

Que fuera o no elevada a escritura pública la minuta de 1497 importa poco a nuestro objeto; lo que nos interesa, y creemos haberlo conseguido es probar su autenticidad, ya que en ella declara por dos veces don Cristóbal Colón que había nacido en Génova19. (Que a minuta de 1497 tenha ou não sido elevada a escritura pública pouco importa para o nosso objectivo; o que nos interessa, e cremos ter conseguido prová-la é a sua autenticidade, já que nela o Almirante Don Cristóbal Colón declara por duas vezes que tinha nascido em Génova)

—322→

El testamento de 1497 no es el único documento en que don Cristóbal afirmó su condición de extranjero. (O testamento de 1497 não é o único documento em que Don Cristóbal afirmou a sua condição de estrangeiro) En la carta que en 7 de julio de 1503 escribió a los Reyes desde la isla Jamaica, protestando de la acusación que contra él formulaban sus enemigos de que quería declararse independiente en las islas, ley decía: «¿Quién creerá que un pobre extranjero se hubiese de alzar —323→ en tal lugar contra V. A. sin causa ni sin brazo de otro príncipe y estando solo entre sus vasallos y naturales?»

Estamos em crer que os destaques que assinalamos serão suficientes para que os leitores se apercebam de quão inconsequentes são as conclusões de Altolaguirre, pelo que nos limitamos, por agora, a deixar três observações sobre o texto:

1ª observação: O facto de Altolaguirre escrever que "em continuação insere-se a Cédula Real e a Carta de Mayorazgo" leva-nos a reforçar a hipótese de que haveria três textos distintos e independentes: 1 - A introdução de Martin Rodriguez, escrita em 1497; 2- a Cédula Real e 3 - a Carta de Mayorazgo

2ª observação: Interessantíssimas as explicações de Altolaguirre para defender a autenticidade do mayorazgo: é autêntico porque essa tal nota foi escrita já depois da morte do Almirante;
é autêntico porque lhe tinha sido retirada uma folha e também tinham sido arrancadas as folhas de registo do escrivão de Sevilha; é autêntico porque nele o Almirante escreveu por duas vezes que tinha nascido em Génova, e como também se declarou estrangeiro numa carta aos Reis Católicos, então é autêntico.

3ª observação: Segundo o memorial do pleito sucessório, o testamento ou minuta apresentava, após a última frase "... y descanso de mi anima", uma espécie de assinaturas e duas linhas borradas. Nestas linhas estaria escrita a frase "No valga esta escritura y valga otra que yo hice de mi letra año de 1502, a 1 de abril, en el Monasterio de las Cuevas de Sevilla que tiene Fray Don Gaspar". Esta nota é invocada para comprovar que se tratava de uma minuta do mayorazgo revogado pelo Almirante. Misteriosamente, esta nota é invisível. Aqui voltamos a inserir essa página do chamado Mayorazgo de 22 Fev. 1498,


para que os defensores da tese nos indiquem onde está a nota escrita abaixo da assinatura.

Carlos Calado

segunda-feira, junho 15, 2009

Carlos Calado, Real Associação de Beja, Manuel Rosa
Pedro Laranjeira, Manuel Rosa, Carlos Calado, D. Nuno de Bragança Van Uden, José Gaspar, António Lorena, e Brandão Ferreira. (Ovibeja, Maio 1 de 2009)

quinta-feira, junho 04, 2009

Refinadas trafulhices

Aqui apresentamos os documentos do discutido Mayorazgo de 1498

Documento 1
(cópia moderna. Arquivo General de las Índias. Patronato.8,R.3, a qual conjuga numa única cópia, esta Transcrição da Autorização Real datada de 1497, e também o Mayorazgo datado de 22Fev1498 e o testamento datado de 19Mai1506)

Título: Testamento y mayorazgo del Almirante Don Cristoval Colón

En la muy noble Ciudad de Sevilla á [_____] del mes de [______] año del Nacimiento de nuestro Salvador Jesucristo de mil y cuatrocientos y noventa y siete años estando dentro en las casas donde posa el muy magnéfico Sr. D. Cristóbal Colon, Almirante mayor del mar Océano, Visorey y Gobernador de las Indias y tierra-firme, por el Rey y la Reina nuestros Señores y su Capitan general del mar, que son en esta Ciudad en la colacion de Santa María estando ahí presente el dicho Seño Almirante, y en presencia de mi Martin Rodriguez, Escribano público de la dicha Ciudad, y de los Escribanos de Sevilla que dello fueron presentes: é luego el dicho Señor Almirante presenté ante nos los dichos Escribanos una Carta de licencia para que pudiese facer Mayorazgo, del Rey y de la Reina nuestros Señores escrita en papel y firmada de sus Reales nombres, y sellada con su sello á las espaldas, y firmada del Seño Doctor Talavera, segun que por ella parece: su tenor de la cual de verbo ad verbum es este que se sigue:

Y asimismo este es traslado de una Carta de Mayorazgo eucrita en papel, y firmada del nombre de su Señoría del dicho Señor D. Cristóbal Colon, segun que por ella parecia, su tenor de la cual de verbo ad verbum es este que se sigue:

Don Fernando y Doña Isabel &c. Por cuanto vos, D. Cristóbal Colon, nuestro Almirante, /

Como se vê na penúltima linha da primeira folha (acima), na qual consta: D. Fernando y Dª Isabel ..., é o início da Transcrição da Autorização Real dada a Cristóvão Colon em 23 Abril de 1497 para fazer mayorazgo, que continua nas folhas seguintes

/ Visorey y Gobernador del mar Océano, nos suplicastes y pedistes por merced que vos diésemos nuestro poder é facultad para facer é establecer de vuestros bienes, vasallos é heredamientos, oficios perpetuos, uno ó dos Mayorazgos, porque quede perpetua memoria de vos é de vuestra casa é linage, é porque los que de vos vinieren sean honrados lo cual por Nos visto, é considerando que á los Reyes y Príncipes es propia cosa honrar é sublimar á sus súbditos y naturales, especialmente á aquellos que bien é lealmente los sirven: é porque en se facer los tales Mayorazgos es honor de la Corona Real destos nuestros Reinos, é pro é bien dellos, é acatando los muchos, buenos, leales é grandes é continuos servicios que vos el dicho D. Cristóbal Colon, nuestro Almirante, nos habedes fecho é facedes de cada dia, especialmente en descobrir é atraer á nuestro poder é Señorío las islas é tierra-firme que descubristes en el dicho mar Océano mayormente porque esperamos, con ayuda de Dios nuestro Señor, redundará en mucho servicio suyo é honra nuestra, é pro é utilidad de nuestros Reinos, é porque se espera que los pobladores de las dichas Indias se convertirán á nuestra Santa Fe Católica tuvimoslo por bien, é por esta nuestra Carta de nuestro propio motu, é cierta sciencia y poderío Real absoluto, de que en esta parte queremos usar é usamos como Rey é Reina é Señores, no reconocientes superior en lo temporal, vos damos licencia é facultad para que cada é cuando vos quisiéredes é por bien tuviéredes así en vuestra vida por simple contrato é manda, como por donacion entre vivos, como por vuestro testamento y postrimera voluntad, é por codicilo, ó en otra manera cualquiera que quisiéredes é por bien tuviéredes, /


/ podades facer é fagades Mayorazgo ó Mayorazgos, por una ó dos ó tres Escrituran, ó por muchas, tantas cuantas veces y en la manera que quisiéredes é bien visto vos fuere, é aquel é aquellos, ó cualquier cosa ó parte dellos, podades revocar, testar é emendar é añadir é quitar é menguar é acrecentar una é dos é tres veces, é cuantas mas veces, é como, é en la manera que quisiéredes é bien visto vos fuere: é que el dicho Mayorazgo ó Mayorazgos podades facer é fagades en D. Diego Colon vuestro hijo mayor legítimo, ó en cualquier de vuestros hijos, herederos, que hoy dia tendes ó toviéredes de aquí adelante. E en defeto é falta de hijos en uno ó dos de vuestros parientes ó otras personas que vos quisiéredes, é bien visto vos fuere. (...)

(...)Dada en la Ciudad de Búrgos á veinte y tres dias del mes de Abril, año del Nacimiento de nuestro Señor Jesucristo de mil y cuatrocientos y noventa y siete años.=YO EL REY.=YO LA REINA.=Yo Fernand Alvarez de Toledo, Secretario del Rey y de la Reina nuestros Señores la fice escrebir por su mandado.=Rodericus, Doctor.=Registrada.=Alonso Perez.
Como também se pode ver no penúltimo parágrafo da primeira folha, o documento original também previa transcrever a própria Carta de Mayorazgo, escrita em papel e assinada com o nome de Don Cristóbal Colón
(ora, em 1497 ainda não estava feita a Carta de Mayorazgo - foi feita em 22 de Fevereiro de 1498, em pergaminho - pelo que poderemos admitir que existiria uma minuta escrita em papel)
Interessante é também o facto de a Autorização Real prever que, na falta de filhos, o(s) beneficiado(s) fosse(m) um ou dois dos seus parentes, ou outras pessoas que o Almirante quisesse.
Documento 2
(Arquivo General de las Índias. Patronato, 295,N.101)
Título: Treslado de Testamento Mayorazgo del Almirante Don Xpoval Colon
Começa assim: «En el nombre de la Santísima trinidad...»

termina assim: ... y descanso de su anima fecho en 22 de febrero de 1498 años
«sigla»
El almirante

Este documento é apresentado como se fosse a transcrição do Mayorazgo feito por CC em 22 de Fevereiro de 1498.

Os defensores da sua autenticidade afirmam tratar-se do treslado duma minuta, justificando assim o facto de não estar autenticado, nem assinado pelo próprio (a sigla e a assinatura foram feitas pelo 'copista'), nem haver testemunhas.
Também argumentam que todo o conjunto terá sido começado a preparar em 1497 e "elevado" a escritura publica em 1498, mas, por outro lado, Navarrete relata que "a transcrição da Autorização Real foi notarizada em 28 Maio de 1501".
Em 28 de Setembro de 1501 os Reis Católicos confirmaram o Mayorazgo de CC, feito em pergaminho (o original, portanto) e que começava com:
"En la muy noble ciudad de Sevilla, en jueves 22 de febrero de mil cuatrocientos y noventa y ocho..."
que não corresponde, de forma nenhuma, à forma como começa o pretenso "treslado da minuta"
Ora, se o original, feito em pergaminho e confirmado pelos Reis Católicos, se iniciava como acima indicado, a sua minuta teria de ser idêntica, e o treslado dessa minuta também teria de ser idêntico, pelo que deveria começar com : "En la muy noble ciudad de Sevilla, en jueves 22 de febrero de mil cuatrocientos y noventa y ocho..."
Não sendo assim, e sem estar assinada pelo próprio, qualquer trafulha poderia fazer um pretenso treslado (transcrição) duma pretensa minuta (rascunho) dum documento que nunca existiu com aquele conteúdo, pois o interessado nunca o aprovou. Anexando esse treslado 'fantasma' a um documento notarizado onde se previa a inclusão do treslado autêntico, ficaria a trafulhice concluída.
Para assegurar a confusão, nada melhor do que arrancar dos livros do notário Martin Rodriguez os registos do dia 22 de Fevereiro de 1498. Assim aconteceu...
Para além da trafulhice destas trocas, temos depois uma trafulhice mais refinada ainda, que é a de pretender que o Treslado da minuta do pretenso Mayorazgo datado de 22 de Fevereiro de 1498 é autêntico, porque foi confirmado pelos Reis Católicos em 1501.
Porque, como demonstrado, o que os Reis Católicos confirmaram em 28 de Setembro de 1501 foi o Mayorazgo original, escrito em pergaminho, e certamente com outro conteúdo, pois se iniciava de forma totalmente diferente do 'Treslado da minuta'.

Carlos Calado