sexta-feira, julho 03, 2009

Fina d'Armada - 2. O ÚLTIMO REBENTO DE HENRIQUE

Palestra integrada na Conferência de 23 Maio 2009, CUBA - Alentejo

2ª Parte - O ÚLTIMO REBENTO DE HENRIQUE

Relativamente às letras da base, na sigla de Colon parecem indicar o seu nome – Cristóvão Fernandes. Quanto ao Zarco, que muitos defendem, gostaria de não me meter nisso para já. Por um lado, não consegui até agora encontrar uma filha ou neta de Zarco que encaixasse na história. Por outro, Zarco era uma alcunha que significava “olhos claros, azuis ou verdes, quase brancos”. Essa era a cor dos olhos de Cristóvão Colon e do rei D. Manuel I. Além disso, Manuel Luciano da Silva defende que Zarco em grego significa Colon.

«Se consultarmos o dicionário judaico, verificamos que existem as palavras “Zakhar” que quer dizer “órgão masculino” e “Zarkor” que significa “projectar” ou “ejacular”. É por isso que “Zarkor” tem o mesmo significado que Colon em grego» (1)

Mas antes de voltarmos a estas 9 letras, lembremos que intérpretes dos livros de D. Tivisco dizem que Colon foi “o último rebento de Henrique”. Tem-se interpretado como descendente de Henrique, sobretudo através do seu filho adoptivo Infante D. Fernando. Mas se pensarmos bem, Colon nunca podia ter sido o último rebento de ninguém, porque teve irmãos mais novos, filhos e descendentes que chegaram ao nosso século. Então, se não era último rebento de sangue, é último rebento de quê?

Não tenho dúvidas que se trata de Henrique, o Navegador. Ora, em que qualidade Colon seria último? Os Descobrimentos foram iniciados por Henrique, mas Colon não foi o último descobridor. As Antilhas foram achadas em 1492 e, depois disso, Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia e Pedro Álvares Cabral o Brasil. Sem falar em Timor, na Terra Nova, nos caminhos para a China e Japão... A única diferença é que Colombo descobriu no tempo dos reis católicos e D. João II e, as outras descobertas aconteceram no reinado dos reis católicos e D. Manuel I. Portanto, o que difere é D. João II e D. Manuel I.

Voltemos de novo às 9 letras na horizontal. Vemos lá Cristóvão Ferens mais o ponto e o traço que dizem significar Colon, ou seja, membro.

Curiosamente, o ponto e traço de Colon, no fim da assinatura, é parecido com o ponto e traço no fim da assinatura do Infante D. Henrique que assinava assim: IDA./ (Infante Dom Anrique).

Ora, segundo dizem, Cristóvão FERENS significa um membro que vai em nome de Cristo, ou aquele que transporta Cristo. O nome Cristóvão parece ter sido escolhido para significar, tal como o santo das viagens, o transporte difícil pela água salgada com uma mensagem cristã. O seu filho Hernando escreveu: “Se repararmos no apelido comum ou sobrenome de seus antepassados diremos que verdadeiramente era Colombo, o Pombo, enquanto era portador da graça do Espírito Santo para o novo mundo”. Pelo facto de Colon se considerar uma pomba do Espírito Santo, quem sabe se Colombo não foi uma alcunha que lhe puseram já na época, daí o nome que lhe deu Rui de Pina! Em Portugal, ainda hoje existem termos “columbófilos”.

Os pontos e traços das assinaturas de Colombo e de Anrique, significam que ambos eram membros. Se Cristovão FERENS significa os que vão por Cristo, então talvez Colombo fosse o último rebento da ideia original daqueles que iam descobrir tendo como objectivos o cristianismo do Espírito Santo e o espírito de descoberta. Neste sentido, Colon pode ter sido o último rebento da missão iniciada por Henrique em 1420. Por outras palavras, Cristóvão Colon pode ter sido o último templário. O último descobridor que encerrou a missão esotérica da Ordem de Cristo.

E então Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral não iam sobre as águas transportando a ideia de Cristo? Na verdade, não. Com D. Manuel I, Cristo passou a ser Jesus. A ideia que prevalecia era a conquista, a obtenção de tributos dos régulos africanos, uma cristianização à força, não era uma ideia templária. Segundo Zurara, o Infante D. Henrique alimentava já a intenção de chegar à Índia por mar, mas não era uma ideia de conquista e de guerra como D. Manuel entregava aos capitães nos seus regimentos.

Ora, dentro da perspectiva de levar uma mensagem templária, D. Henrique foi o primeiro, Colombo o último.

Escreveu ele: «Do novo céu e terra que dizia Nosso Senhor por São João no Apocalipse, depois de dito pela boca de Isaías, me fez mensageiro e me mostrou aquelas partes» (2)

Ele considerava-se o anunciado duma profecia.Temos então que esta ideia de “último rebento” nos leva a colocar Colombo em Tomar, terra que espalhou pelo mundo o culto do Espírito Santo. E por ser o último templário, teria de estar imbuído de secretismo da Ordem de Cristo. Teria de ser um alto senhor português.

Se fosse filho secreto do Infante D. Fernando, só podia ter aparecido à luz em Portugal, após 1470, quando seu pai morreu e, como não podia ser mais perfilhado, deixou de correr risco de vida. Nos seus textos, ele chegou a escrever que há 14 anos que tentava demover o rei para a descoberta das Índias antes de ir para Castela. Como foi em 1484, menos 14 anos dá 1470. Terá sido a partir de então que entrou nos segredos da Ordem de Cristo. E também nos segredos da Ordem de Santiago, dirigida após 1472 por D. João II, tendo-se tornado marido duma “comendadeira” dessa Ordem.

Convém relembrar que, como filho do Infante D. Fernando, seria 3º primo de Isabel a Católica, pois ambos tinham uns bisavós comuns – os reis D. João I e D. Filipa de Lencastre, que era ruiva como Colon e como a mãe da Católica.

Quanto ao facto de ele provir duma filha natural de Anrique, isso justificaria o secretismo do seu nascimento, durante mais de 500 anos. D. Henrique ainda hoje é um mito, como cavaleiro puro, que procurava o Santo Graal, e morreu virgem segundo Zurara.

Enfim, com Anrique ou sem Anrique, como “último rebento” dum projecto templário ou com sangue real de Jerusalém, a saga misteriosa de Cristóvão Colon continua.

(1) Manuel Luciano da Silva e Sílvia Jorge da Silva, Cristóvão Colon [Colombo] era Português, Quidnovi, 2006:123.

(2) Cit. por Manuel Rosa, O Mistério Colombo Revelado, Ésquilo, 2006: 531.



3 comentários:

  1. Mais um excelente artigo. Parbéns à historiadora Fina D'Armada por um excelente trabalho. Aparentemente as obras de Manuel Rosa estão a ser levadas a sério por mais historiadores que o Professsor Joaquim Veríssimo Serrão. Quando é que os outros académicos portugueses vão ver a verdade? Maria Juana Martins, Paris

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  2. Segundo o mapa de Piris Reis Colommbo "descoubriu" a América em 1485

    http://www.youtube.com/watch?v=eXogDPsN3_c&feature=related

    http://www.youtube.com/watch?v=2AtKDyeXgUU&NR=1

    http://www.youtube.com/watch?v=En_usuOgVcc&NR=1

    http://www.youtube.com/watch?v=1rvTb09AtWs&NR=1

    Cumprimentos,
    José Manuel CH-GE

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  3. E foi exactamente em 1485, que o Rei Dom João II, mandou alterar a Bandeira do Reino de Portugal.

    Retirou a Cruz de Aviz
    Levantou os dois Escudetes Laterais
    Fixou em Sete, o número dos Castelos.

    Dom João II, foi um Rei excepcional, e nunca tomou nenhuma decisão, sem um motivo maior.

    Nesse ano de 1485, marcado por conflitos nos reinos europeus, apenas um Homem tinha o poder de mandar armar as Caravelas, e atravessar o Mar Oceano.
    Apenas ele, guardava todos os Mapas, com as rotas do Atlântico, e conhecia a verdadeira importância de África.

    O Almirante Turco, Piri Ibn, ao registar numa grande legenda escrita no seu Mapa, que Cristóvão Colombo, pisou pela primeira vez a América em 1485, não só demoliu definitivamente a história do Genovês errante, e devolveu Cristóvão Colombo ao seu verdadeiro País, como também nos revelou o seu nome.

    Airmid

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