quinta-feira, junho 12, 2008

A Cuba nos círculos de Cristóvão Colon (parte 3)

Vimos na parte 2 deste artigo que, pelo casamento de Dª Leonor de Melo com D. Álvaro de Ataíde, o título de Senhores de Castanheira transitou da família Melo (desde Vasco Martins de Melo) para a família Ataíde.
Os direitos sobre a aldeia de Cuba terão igualmente transitado para D. Álvaro de Ataíde.
Quer D. Álvaro de Ataíde, quer seu filho D. Pedro de Ataíde pertenceram ao grupo de nobres fidalgos que sairam de Portugal para Castela no mesmo período em que tal aconteceu com Cristóvão Colon. Segundo as versões tradicionalmente aceites, tal foi provocado pela segunda conspiração contra o Rei D. João II. Falta perceber se estavam envolvidos numa conspiração contra D. João II ou se eram eles próprios "a conspiração" de D. João II.
Veja-se que D. Vasco de Ataíde era Prior do Crato e padrinho de D. João II, foi em casa de um Ataíde que D. João II foi morrer em Alvor, uma sobrinha neta de D. Álvaro de Ataíde casou com um descendente de Zarco. Pedro de Ataíde, o Corsário Inferno bem poderia ser companheiro de aventuras de Colon e Guiomar de Ataíde casou com Jorge Alberto de Portugal e Melo, descendente de Vasco Martins de Melo, o qual casou em segundas núpcias com Isabel Colon, neta do Almirante Don Cristobal Colon.

Num episódio impossível de explicar no âmbito da versão do Colombo genovês, o Almirante Don Cristobal Colon, após a partida para a sua terceira viagem, desviou a sua rota directa ao Novo Mundo para ir socorrer os portugueses sitiados na praça forte de Arzila, no norte de África.
basta olhar para as ligações familiares dos três fronteiros de Arzila para se perceber que Colon não estava a apoiar compatriotas genoveses nem portugueses desconhecidos. Multiplicam-se as ligações com as famílias Ataíde e Melo, senhores de Castanheira, poderosos da Cuba.


No seu litígio com os Reis Católicos Fernando e Isabel pela defesa dos seus direitos contratualmente estabelecidos, mas que lhe foram sendo retirados, o Almirante Don Cristobal Colon foi auxiliado por D. Álvaro de Portugal (Bragança), também ele um nobre fidalgo que se mudou para Castela por ocasião da propalada segunda conspiração contra D. João II.
D. Álvaro de Portugal era casado com Dª Filipa de Melo, descendente de Vasco Martins de Melo.
Veja-se com quem casaram os filhos deste casal: Jorge Alberto casou com uma neta do Almirante Colon; Beatriz de Vilhena casou com D. Jorge de Lancastre, filho do Rei D. João II.
O Almirante Colon escolhia muito bem os seus aliados e apoiantes. Este D. Álvaro era Senhor de Tentúgal, Póvoa, Buarcos, Cadaval, e por acaso também de Vila Ruiva e Água de Peixes, localidades vizinhas da Cuba e actualmente integradas no concelho.
Seria Vila Ruiva a TerraRubra dos escritos atribuídos a Bartolomeu Colon?
Água de Peixes é uma quinta/palacete anexa a Albergaria dos Fusos, por acaso uma pequena localidade cujo nome se deve à indústria artesanal de tecelagem que aí existia.


Um personagem sem grande destaque na história da vida do Almirante Colon é Alonso de Carvajal ou Alonso Sanchez de Carvajal, oficial do Almirante e que surge referido nalguns documentos oficiais dos Reis Católicos.
Apesar de algumas lacunas ou falhas de datação na base de dados Geneall, tudo nos leva a crer que Alonso Sanchez de Carvajal era da família dos Senhores de Jodar, que se iniciou com Dia Sanchez de Carvajal
Para além das evidentes sequências onomásticas, para além das múltiplas ligações com uma nobre família portuguesa, existe ainda um outro factor que nos aproxima daquela hipótese: Alonso de Carvajal, oficial do Almirante Colon, foi nomeado Regedor de Baeza após abandonar o serviço do Almirante.
Baeza, localidade da província de Jaén, na Andaluzia espanhola, município vizinho de Jodar.
Ainda uma curiosidade: Lopo de Albuquerque, mais um dos nobres que transitou para Castela com o pseudónimo de Pedro Nunes, foi nomeado Corregedor de.... Baeza.
Não se encontrando antepassados de Dia Sanchez de Carvajal na base de dados Geneall, afigura-se como muito provável ser ele descendente de Diego Alonso de Carvajal, fidalgo castelhano a quem o Rei de Portugal, D. Fernando, entregou em 1372 os direitos da aldeia de Cuba, e que os manteve até à sua saída para Castela em 1377.
Nada de surpreendente, pois são os descendentes de Dinis de portugal, irmão do Rei D. Fernando, quem estabelece ligações de casamento com a família dos Senhores de Jodar.
Como o actual Duque de Veragua, Cristobal Colon de Carvajal descende, na sequência de 11 gerações, de Bernardino de Carvajal e da portuguesa Isabel de Pereiro, surge-nos uma interrogação: será que essa família apenas surgiu cerca de 1630?
Talvez não. Talvez o nome Bernardino venha na sequência da família de Dinis de Portugal, que, em mais um bambúrrio do acaso, se desvanece cerca de 1615, aparentemente sem sucessores.
Talvez aquele último Bernardino ou um homónimo descendente de Beatriz de Portugal ou de Miguel Carvajal não seja o último, mas sim o Bernardino que casou com a portuguesa Isabel de Pereiro e dos quais descende o actual Duque de Veragua. A ser assim, Don Cristóbal Colón de carvajal, actual Duque de Veragua, descendente do Almirante Colón, é também descendente de Diego Alonso de Carvajal, o fidalgo castelhano ao qual o Rei de portugal, D. Fernando entregou os direitos sobre a aldeia de Cuba em 1372.


Inequivocamente, a Cuba está bem no centro dos círculos, familiar, profissional e social do Almirante Don Cristobal Colon, ou seja, Cristóvão Colon.

2 comentários:

  1. Srº Carlos Calado,
    Este é um trabalho de alta qualidade que o Carlos fez.
    Colombo aparece em todos os círculos importantes da sociedade portuguesa do seu dia.
    Quem deveria ser esta tão bem ligada pessoa e porque será que os historiadores de Portugal não se importam de esclarecer isto?

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  2. nao percebem que toudos os escritores querem vender o seu livro e o meu e sempre melhor que o dos outros

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