Parte 3
APRECIAÇÃO CRÍTICA AO LIVRO
PORTUGAL AND THE EUROPEAN DISCOVERY OF AMERICA
Christopher Columbus and the Portuguese (de Alfredo Pinheiro Marques, Ed. INCM 1992)
pág. 21 - O ‘idioma pessoal’ de Colombo era uma mistura, razoavelmente desinibida e prática, de vários elementos (empregando frequentemente uma espécie de denominador comum entre as várias gramáticas e ortografias dos idiomas em questão), mas, segundo o especialista espanhol neste problema, Menendez-Pidal, nos diz e tal como Consuelo Varela e outros confirmaram recentemente, o seu principal conteúdo era claramente Português.
De facto, Colombo não falava nem escrevia correctamente nenhum idioma em concreto.
pág. 22 – Talvez não seja tão estranho que um italiano que deixou o seu país quando era ainda um jovem não fosse capaz de escrever adequadamente na sua língua natal. Dado que o dialecto Genovês não tinha forma escrita, é bastante improvável que ele pudesse ter aprendido a escrevê-lo; já quanto ao Italiano literário, segundo Menendez-Pidal, é improvável que ele pudesse fazer mais do que apenas ler, e mesmo isso, faria mal. Embora ele tivesse sido influenciado pelas suas origens burguesas italianas, a sua principal educação teve lugar durante o longo período que viveu em Portugal.
De facto, Colombo não falava nem escrevia correctamente nenhum idioma em concreto.
pág. 22 – Talvez não seja tão estranho que um italiano que deixou o seu país quando era ainda um jovem não fosse capaz de escrever adequadamente na sua língua natal. Dado que o dialecto Genovês não tinha forma escrita, é bastante improvável que ele pudesse ter aprendido a escrevê-lo; já quanto ao Italiano literário, segundo Menendez-Pidal, é improvável que ele pudesse fazer mais do que apenas ler, e mesmo isso, faria mal. Embora ele tivesse sido influenciado pelas suas origens burguesas italianas, a sua principal educação teve lugar durante o longo período que viveu em Portugal.
+ Por estas afirmações do Autor podemos então concluir que não aprendeu a escrever o dialecto genovês (porque não tinha forma escrita), nem o Italiano literário; ou seja, o jovem Cristoforo Colombo quase não aprendeu a escrever (Marianne Mahn-Lot, em “Portrait historique de Christophe Colomb” escreve que ele teria aprendido uns rudimentos de latim «probablement une teinture de latin – connaissance indispensable aux cartographes, qui transcrivaient dês légendes explicatives en cette langue») .
Mesmo aceitando-se que chegou então a Portugal com 24 ou 25 anos, como afirma o Autor, teve aqui a sua principal fase de educação durante o “longo período” de 9/10 anos.
Génio dos génios, o pouco letrado, quase analfabeto Cristoforo Colombo terá frequentado alguma espécie de ‘escola primária para adultos’ para aprender a escrever?
Mesmo aceitando-se que chegou então a Portugal com 24 ou 25 anos, como afirma o Autor, teve aqui a sua principal fase de educação durante o “longo período” de 9/10 anos.
Génio dos génios, o pouco letrado, quase analfabeto Cristoforo Colombo terá frequentado alguma espécie de ‘escola primária para adultos’ para aprender a escrever?
E para não perder tempo, fê-lo simultaneamente com os estudos mais avançados em Cosmografia, Geografia, Latim, Hebraico, Navegação, Teologia, etc. tendo ainda muito tempo de sobra para participar nas viagens portuguesas de descobrimentos e exploração que se prolongavam, naturalmente, por vários meses; nesse período também casou, provavelmente em 1479 e foi viver uns tempos na Madeira e em Porto Santo…
O leitor acha que isto é mesmo verosímil?pág. 22 – A verdade, como afirmei, é que as principais formas encontradas na sua escrita mantêm-se Portuguesas. O que é ainda mais estranho é que mesmo na sua correspondência enviada ao Embaixador de Génova, o italiano Frei Gaspar Gorrício, ao seu filho Diogo e ao seu irmão Bartolomeu, ele sempre utilizou aquela sua linguagem híbrida em lugar de o fazer em Italiano. Já não saberia como escrever em Italiano? Nunca aprendeu a escrevê-lo?
+ Que CC escrevesse naquela sua linguagem fortemente Portuguesa ao seu filho Diogo poderia compreender-se, mas mais lógico seria se o fizesse em Castelhano, já que Diogo foi para Castela quando tinha apenas 4 ou 5 anos de idade. Para o seu irmão Bartolomeu é menos compreensível que não o fizesse em Italiano; mas para o Embaixador genovês é mais do que estranho que CC escrevesse na sua linguagem fortemente Portuguesa.
Mas o Autor não retirou quaisquer conclusões desses factos muito estranhos…
Nota: Corrija-se o nome do Embaixador de Génova indicado pelo Autor, que não era Frei Gaspar Gorricio, mas sim Niccolo Oderigo. CC também enviou cartas a Gaspar Gorricio, e também não as escreveu em Italiano.
Nota: Corrija-se o nome do Embaixador de Génova indicado pelo Autor, que não era Frei Gaspar Gorricio, mas sim Niccolo Oderigo. CC também enviou cartas a Gaspar Gorricio, e também não as escreveu em Italiano.
pág. 22 – Porém, vale a pena salientar, em relação com as origens de Colombo, que o facto de se encontrarem, por vezes, algumas poucas formas Italianas e Genovesas nos seus escritos, seria dificilmente explicável se Colombo nunca tivesse tido nenhum contacto com a Ligúria.
+ Sobre a existência de meia dúzia de palavras com laivos de Italiano, alinhavadas numa tentativa de frase sem qualquer nexo, já o Autor tira conclusões: «Colombo teve que ter algum contacto com a Ligúria.»
+ Sobre a existência de meia dúzia de palavras com laivos de Italiano, alinhavadas numa tentativa de frase sem qualquer nexo, já o Autor tira conclusões: «Colombo teve que ter algum contacto com a Ligúria.»
E porque não? CC não casou numa família com origens italianas, tal como o Autor fez questão de referir ao afirmar (pág. 21) que os círculos de imigrantes italianos (onde inclui os Perestrelos) naturalmente falavam na língua do país de acolhimento (Portugal)? Não navegou pelo Mediterrâneo? Seria necessário mais do que esses contactos para aprender meia dúzia de palavras italianas?
(1.6. O que de facto se conhece sobre a sua identidade)
pág. 31 – A controvérsia pode bem continuar até ao insuportável, mas está fora de questão que, qualquer que seja a diversidade de opiniões noutros assuntos, o facto de Colombo ter nascido em Génova foi aceite pela maioria dos historiadores de todo o mundo que tenham lidado série e profundamente com a questão colombina – tais como Harisse, Vignaud, Morison, Taviani, Ballesteros y Beretta, Manzano y Manzano, Rumeo de Armas, e muitos outros académicos mais recentes.
+ A simples constatação do que o Autor afirma, «o facto de Colombo ter nascido em Génova foi aceite pela maioria dos historiadores …», já demonstra duas incongruências:
primeira – um facto que tem de ser aceite por uma maioria de historiadores mais se aproxima duma hipótese forçada, por falta ou omissão de alternativas suficientemente fortes, do que de uma evidência inquestionável;
segunda – na verdade, o facto de tantos historiadores se terem preocupado em questionar o local de nascimento de CC e o Autor os invocar aqui, indica que não faz sentido o que escreveu anteriormente na pág. 19:
«Dado isto, parece-me um pouco desajustado preocuparmo-nos demasiado com o local de nascimento dum homem do séc. XV para lhe atribuirmos uma ‘nacionalidade’»
«Dado isto, parece-me um pouco desajustado preocuparmo-nos demasiado com o local de nascimento dum homem do séc. XV para lhe atribuirmos uma ‘nacionalidade’»
pág. 31 – O texto mais importante – que efectivamente, por si só, resolve a questão – é o documento de legação dos seus bens e títulos, no qual Colombo nomeou os seus herdeiros e no qual ele claramente afirma que nasceu em Génova. A autenticidade deste documento foi questionada há algum tempo (quando surgiram as teorias ‘espanholas’), mas tais dúvidas não têm justificação possível, dado que existe confirmação num registo régio conservado no Arquivo Oficial de Simancas.
+ Perante as peremptórias afirmações do Autor, defendendo que não há justificação possível para questionar a autenticidade do documento (Testamento ou Morgadio de 1498), porque existe confirmação régia no Arquivo oficial de Espanha, e perante tantos argumentos, muitos deles até mais recentes que podem consultar-se, demonstrando que quer na forma quer no conteúdo, o Documento de 1498 é mais do que duvidoso, só podemos perguntar ao Autor se chegou a ver o Documento, se estudou o teor do seu conteúdo descritivo, e se avaliou o cumprimento de formalismos, enfim, se pode garantir a todos os seus leitores que não há dúvidas absolutamente nenhumas sobre a sua autenticidade. Porque antes disso, ficaremos sempre com a sensação (já confirmada noutros casos) de que está convicto da autenticidade do Documento só porque ‘alguém’ disse que era autêntico.
+ Perante as peremptórias afirmações do Autor, defendendo que não há justificação possível para questionar a autenticidade do documento (Testamento ou Morgadio de 1498), porque existe confirmação régia no Arquivo oficial de Espanha, e perante tantos argumentos, muitos deles até mais recentes que podem consultar-se, demonstrando que quer na forma quer no conteúdo, o Documento de 1498 é mais do que duvidoso, só podemos perguntar ao Autor se chegou a ver o Documento, se estudou o teor do seu conteúdo descritivo, e se avaliou o cumprimento de formalismos, enfim, se pode garantir a todos os seus leitores que não há dúvidas absolutamente nenhumas sobre a sua autenticidade. Porque antes disso, ficaremos sempre com a sensação (já confirmada noutros casos) de que está convicto da autenticidade do Documento só porque ‘alguém’ disse que era autêntico.
pág. 31 – Para além disso, em 1502, quando Colombo tinha caído em (relativa) desgraça na Corte castelhana devido ao falhanço do seu plano e ele tinha sido desapossado das suas honras como Vice Rei da Índia, ele escreveu cartas ao Embaixador genovês e ao Banco de S. Jorge de Génova, nas quais ele demonstrou que ser um emigrante originário da Ligúria.
+ Cartas essas que não fazem parte do restrito grupo de documentos classificados como autógrafos ou como tendo sido ditados ao seu escrivão, nada garantindo então a sua autenticidade.
+ Cartas essas que não fazem parte do restrito grupo de documentos classificados como autógrafos ou como tendo sido ditados ao seu escrivão, nada garantindo então a sua autenticidade.
pág. 31 – As afirmações de um número de cronistas, portugueses, espanhóis e genoveses, também devem tomar-se em consideração. Durante a sua estada em Espanha, o seu biógrafo Bartolomé de las Casas (que diz que ele era ‘da nação genovesa’) não foi o único a evidenciar a sua nacionalidade de origem; (…) Similarmente, o cronista oficial de Génova nos finais do séc. XV, António Gallo, escreveu que “Cristoforo e Bartolomeo Colombo, da nação da Ligúria, filhos do povo, assalariados genoveses … alcançaram grande fama pela Europa” (…)
pág. 32 – João de Barros chama-lhe Cristovam Colom, a forma portuguesa pela qual ele era provavelmente mais comummente conhecido em Portugal, mas seguidamente diz que “segundo a opinião geral … ele era genovês de nascimento”
pág. 33 – Mas em Rui de Pina nós encontramos a afirmação clara de que o seu nome era realmente Colombo e que era italiano.
+ Para cada um dos cronistas invocados já foram apresentadas fortes desconfianças sobre o que escreveram, quando, como e porquê.
pág. 32 – João de Barros chama-lhe Cristovam Colom, a forma portuguesa pela qual ele era provavelmente mais comummente conhecido em Portugal, mas seguidamente diz que “segundo a opinião geral … ele era genovês de nascimento”
pág. 33 – Mas em Rui de Pina nós encontramos a afirmação clara de que o seu nome era realmente Colombo e que era italiano.
+ Para cada um dos cronistas invocados já foram apresentadas fortes desconfianças sobre o que escreveram, quando, como e porquê.
Veja-se, p. ex. António Gallo, que enalteceu os irmãos Cristoforo e Bartolomeo Colombo, de humildes pais genoveses, os quais alcançaram grande fama pela Europa.
Gallo também escreveu que conhecia bem a família, mas 'esqueceu-se' do terceiro irmão, Giacomo Colombo, talvez porque o irmão do Almirante Colón se chamava Diego e não Giacomo. Além disso atribuiu grande fama, por um descobrimento no qual não participou, ao praticamente anónimo Bartolomeu.
São cronistas assim, nada imparciais, pouco precisos ou baseados noutros anteriores, que o Autor invoca.
Gallo também escreveu que conhecia bem a família, mas 'esqueceu-se' do terceiro irmão, Giacomo Colombo, talvez porque o irmão do Almirante Colón se chamava Diego e não Giacomo. Além disso atribuiu grande fama, por um descobrimento no qual não participou, ao praticamente anónimo Bartolomeu.
São cronistas assim, nada imparciais, pouco precisos ou baseados noutros anteriores, que o Autor invoca.
Quanto aos cronistas portugueses, João de Barros não afirma ele próprio que CC era genovês, preferindo pôr as palavras na boca de ‘toda a gente’ e Rui de Pina, num já famoso documento, parece ter deixado em branco um espaço para ser preenchido posteriormente, intervalando as palavras demasiado curtas.
Mas o mais surpreendente nesta invocação de vários cronistas, todos eles difundindo a nacionalidade genovesa de Colombo, é a contradição do Autor com as suas afirmações anteriores (pág. 18 / 19) defendendo que sobre aquela época não se pode falar de nacionalidade de alguém atribuindo-lhe o sentido actual, pois ela dependia do soberano a quem se servia.
Temos então aqui um navegador a efectuar descobertas em nome dos Reis de Castela e ao qual ninguém, em momento algum, chamou ou considerou castelhano.
E, para cúmulo, o cronista oficial português, que deveria conhecer a sua forte ligação com Portugal e reconheceu as suas descobertas ao serviço de Castela, atribuiu-lhe uma nacionalidade inexistente: “ytaliano”!
Quem é que andou a enganar quem?Mas o mais surpreendente nesta invocação de vários cronistas, todos eles difundindo a nacionalidade genovesa de Colombo, é a contradição do Autor com as suas afirmações anteriores (pág. 18 / 19) defendendo que sobre aquela época não se pode falar de nacionalidade de alguém atribuindo-lhe o sentido actual, pois ela dependia do soberano a quem se servia.
Temos então aqui um navegador a efectuar descobertas em nome dos Reis de Castela e ao qual ninguém, em momento algum, chamou ou considerou castelhano.
E, para cúmulo, o cronista oficial português, que deveria conhecer a sua forte ligação com Portugal e reconheceu as suas descobertas ao serviço de Castela, atribuiu-lhe uma nacionalidade inexistente: “ytaliano”!
Carlos Calado
(continua...)
«A publicação da primeira gramática castelhana, escrita por Elio Antonio de Nebrija em 1492, ano do descobrimento da América, estabelece o marco inicial da segunda etapa de conformação e consolidação do idioma.»
ResponderEliminarhttp://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_castelhana
Para os contemporâneos do Colombo, o que era considerado o Castelhano correcto? Como é feita essa avaliação?
"já quanto ao Italiano literário, segundo Menendez-Pidal, é improvável que ele pudesse fazer mais do que apenas ler, e mesmo isso, faria mal"
Basicamente, o italiano de Colombo era tão bom como o de qualquer Português, nascido em Portugal, alfabetizado, e que nunca pôs os pés em Yitália.
"segundo o especialista espanhol neste problema, Menendez-Pidal, nos diz e tal como Consuelo Varela e outros confirmaram recentemente, o seu principal conteúdo era claramente Português"
No entanto, muitos continuam, sem o menor pudor, a invocar as análises ao idioma de Colombo efectuadas por Pidal e Varela para sustentar uma origem Genovesa de Colombo.
"deixou o seu país quando era ainda um jovem"
ResponderEliminargostava de saber como é que se atevem a chamar a um home de 25 anos "um jovem".
Um jovem é um rapaz de 14 anos não um home de 25 anos.
Este processo de correcção da pseudo-refutação ao demonstrar a ignorância completa do autor sobre o tema por ele estudado, DEVE ser estendida as obras restantes: Sampayo, Albuquerque, Graça Moura...
ResponderEliminarMas por si so, esta é uma Excelente iniciativa !!
Dar tempo ao tempo, é o que permite hoje quebrar afirmações peremptórias de historiadores verdadeiramente amadores em historietas Colombinas!! Você permite-nos ver a amplitude dos estragos causados pela precipitação desses autores.
Mesmo assim penso que nunca iremos saber porque razão pessoas tão ordinárias descartaram de maneira tão pre-conceituosa a Hipótese de CC ter sido Português.
Ha uma razão, de certeza, mas qual?? O que é que se tera passado ??
Se tantos historiadores estrangeiros considerados como sérios, puxavam sem descaramento CC para o pais deles, então porque é que não se poderia ter ao menos TENTADO o mesmo em Portugal??
Pois como se explica que esses autores tenham negado A PRIORI qualquer revisão das interpretações seculares ao material historico que servisse a causa de um CC português??
Porquê tanto empenho em deitar agua abaixo em apenas umas faíscas enquanto comunidades de historiadores se aventuraram a duvidar da posição "oficial"?? Porque é que o unico pais no mundo a ter este comportamento MASOQUISTA teve que ser Portugal??
Se historiadores de todo o mundo aceitam sem vergonha que CC podia ter sido Grego, Córsego, Maiorquino, Genovês porque é que não se poderia dar a mesma aceitação de uma hipotese a naturalidade portuguesa ?? Repare que eu menciono aceitação de uma HIPOTESE no caso Português, no caso das outras naturaldiades, estas ja são defendidas no seus paises como TESES. Cabe dizer que a comunidade de historiadores portugueses esta, nesse ponto, bem ATRASADA !
Muito obrigado Sr.Calado pelo tempo dedicado a esta fina inspecção.
BRAVO!
Caro Anónimo de Sexta-Feira 3:16:AM
ResponderEliminarQuais historiadores portugueses?
Vê algum?
É que eu só vejo políticos e Co.
Cumprimentos
Anónimo das 22:03
Então a nacionalidade dependia do soberano para quem trabalhavam e a este Colombo chamaram-lhe genovês?
ResponderEliminarAdamastor
Senhor Carlos Calado,
ResponderEliminarPoderia s.f.f. comentar e segundo a sua teoria estes dados das Wikipédias;
Nomes - Parentescos e anos de vidas (a. v.) dos Colóns:
Cristóvão Colón - 55 (a. v.)
1° Filho: Diego (Colón y Moniz Perestrello) - 47 (a. v.)
2° Filho: Hernando Colón - 51 (a. v.)
Irmãos Colóns:
Cristóvão Colón - 55 (a. v.)
Bartolomé Colón (Giacomo Colombo) - 54 (a. v.)
Diego Colón - 69 (a. v.)
Cumprimentos,
José Manuel CH-GE
RE:Essa do nascimento de Colombo não ! 28-12-2006, 20:42
ResponderEliminarAutor: SUÃO [responder para o fórum]
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Caro Manuel Rosa:
Essa de se concluir serem duas distintas pessoas por não coincidirem totalmente duas declarações de idade tem imensa piada !
O meu Caro Manuel Rosa não tem a mais pequena ideia do que era a noção do tempo na altura ?
Sem sequer recuar ao universo temporal dos séculos XV e XVI, dir-lhe-ei que até tempos muito mais próximos de nós (sécs. XVII e XVIII) o normal era o comum dos mortais ter uma ideia da sua idade muito vaga, que raramente coincidia quando comparados diferentes testemunhos de uma mesma pessoa (afastados entre si décadas; próximos um, dois, três anos; ou num mesmo ano).
Após longa investigação e o saber prático ditado por milhares de casos passados pelas minha mãos, dir-lhe-ei que é perfeitamente vulgar desfasamentos de idade de amplitude que oscila entre os 3-4 e 8-9 anos. E alguns casos há que chegam mesmo aos 10 anos.
Isto tudo para o alertar de que é corrente um desajuste de 5 anos entre diferentes declarações de idade proferidas pela mesma pessoa. Essa discrepância está perfeitamente de acordo com a noção do tempo partilhada no Antigo Regime. Tenho recolhido numerosíssimos testemunhos com declaração de idade (confrontando-os sistematicamente com os respectivos assentos paroquiais desde que os há) e posso garantir-lhe que essa é uma realidade até ao final do séc. XVIII (e até para lá disso em meios mais rurais). Vários dos nossos confrades que investigam fontes do passado podem corroborar esse facto.
Se mesmo assim não confiar, pode começar por ler as pp. 437-444 ( ponto IV “Tempo Flutuante, tempo adormecido” do Capítulo III) dum bom livro de Lucien Febvre, O Problema da Descrença no Século XVI (a minha edição é da Editorial Início). A jeito de foice tomo a liberdade de reproduzir um seu excerto (da p. 439):
“E é assim por todo o lado: fantasia, imprecisão, inexactidão. Há mesmo homens que não têm a certeza da sua idade: não vale a pena contar as personagens históricas desse tempo que nos deixam à escolha três ou quatro datas de nascimento, por vezes com vários anos de diferença. Quando nasceu Erasmo ? Sabia unicamente que isso acontecera na véspera de S. Simão e S. Judas. Em que ano nasceu Lefèvre d’Étaples ? Deduzimo-lo de indicações muito vagas. E Rabelais ? Ignorava-o. E Lutero ? Hesita-se. O mês- o mês de um ano mal regulado, porque o equinócio da Primavera tinha pouco a pouco recuado de 21 para 11 de Março -, o mês conhecia-se geralmente. A família, os pais, lembram-se; a criança veio ao mundo na época dos fenos, das ceifas, ou das vindimas; nevava ou era o mês da espiga, «quando os trigos começam a engrossar… e o calmo cresce»; precisões geórgicas que pertencem a Calvino”.
E continua por aí fora…
O mesmo poderia dizer quanto às diferentes grafias onomásticas que tanta confusão lhe fazem… Mas como tenho de gerir o tempo para poder fazer alguma coisa, fico-me por aqui.
Para entender os homens, dinâmicas sociais e sociedades passadas é necessário aprofundar a realidade cultural envolvente. Se se quiser entender mesmo alguma coisa, obviamente. Caso contrário, arriscamo-nos a distorcer o passado, projectando nele os nossos hábitos, as nossas mentes e a nossa cultura, dando lugar a cenários de mera ficção.
Cumprimentos,
Miguel Côrte-Real
idades nos recenseamentos século XIX 01-08-2007, 14:25
Autor: coelho [responder para o fórum]
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Em datas muito mais proximas de nós e de maior desenvolvimento a todos os níveis, concretamente o século XIX, a incerteza documental sobre as idades continuava a evidenciar-se. Tive oportunidade de consultar recenseamentos realizados para fins eleitorais nos quais as idades declaradas/registadas podiam diferir das idades reais por mais de 10 anos !!! Isto no século XIX!!
Cumprimentos,
Coelho
Incerteza documental relativaàs idades, século XIX 02-08-2007, 12:32
Autor: coelho [responder para o fórum]
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Cara Maria Benedita,
apoiando o que diz e no seguimento de mensagem minha sobre erros nas idades em recenseamentos eleitorais do século XIX, lembrei-me de um outro caso que recentemente me apareceu:
Um casal, em que mulher e marido morreram com intervalo de meses, no mesmo ano de 1856. Nos dois inventários orfanológicos que se realizaram nesse mesmo ano, o filho aparece num com a idade de 11 ano e noutro com a idade de 13 anos.
Grande abraço,
Coelho
RE: Incerteza documental relativaàs idades, século XIX 02-08-2007, 17:08
Autor: Mavasc [responder para o fórum]
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Caro Coelho
Só quem não conhece a realidade do nosso interior pode pensar que as datas eram ( e ainda são) certinhas e transparentes como água! A ama de meu Pai não sabia exactamente a idade que tinha! E tinha nascido lá pelos finais do séc. XIX!
E gente cuja data de nascimento real não coincide com a do BI? Conheço 2 casos e um deles é o da minha empregada!
Quanto á determinação da idade pelas costelas...o risco é de dez anos em adultos com mais de 21 anos!
Grande abraço
Benedita
Caro Sr. José Manuel,
ResponderEliminarSempre se encontra alguma surpresa quando procuramos ligar os dados fornecidos sobre a família Colombo italiana, supondo que os 3 irmãos são os mesmos da História.
Consultei a Wikipedia em espanhol e encontrei logo isto sobre Bartolomé:
«Bartolomé Colón (1461 – 1515) fue un navegante y cartógrafo español, hermano menor de Cristobal Colón, adelantado de las Indias y colaborador de su hermano en sus viajes.
El lugar de su nacimiento, al igual que el de su hermano, no resulta claro (italiano, portugués o español). En 1470 Bartolomé era cartógrafo en Lisboa, principal centro de elaboración de mapas en la época, allí coincidió con su hermano Cristóbal, con el que compartía la llamada "empresa de las Indias", plan para romper el monopolio de Portugal en el comercio de las especias procedentes de las Indias orientales, mediante la navegación por el oeste hasta alcanzar el este de Asia.»
Este era ainda mais esperto que o seu irmão Cristoforo, pois aos 9 (NOVE)anos de idade já era cartógrafo em Lisboa!!!
Cumprimentos
Carlos Calado
Caro Carlos Calado
ResponderEliminar"Nacionalidade inexistente"?
A Itália, como país, formou-se no século XIX, mas desde o Império Romano se chamaram italianos aos habitantes da península ítálica.
Rui de Pina não atribui qualquer nacionalidade, cita a origem, a península itálica, geograficamente conhecida como tal.
Acha errado dizer que alguém é originário da Hispania, a península ibérica?
Quanto á determinação precisa da idade, naquele tempo, remeto-o para o Dr. Miguel Côrte-Real,
Melhores cumprimentos
Maria Benedita
Eu remeto-a a distinção entre nacionalidade e naturalidade já aqui evocada por um anónimo.
ResponderEliminarQuanto a idade, o Sr.Corte-Real bem pode afirmar o que quiser contra a informação dada pelo ADN do nosso Colon.
Continue com o trico, ficamos aqui entretidos.
Abel Pires.
S. Abel
ResponderEliminarRemete-me e muito bem, pois vem corroborar aquilo que eu disse.
Colombo era natural da península Itálica, tendo a nacionalidade genovesa.pelo que nada há de especial em Rui de Pina lhe chamar italiano.
O "trico" não sei o que é.
O ADN do seu Colón não diz novidade nenuma.
Melhores cumprimentos
Maria Benedita
Não entendo os defensores de um Colón de Génova. Para uns, Rui de Pina é prova máxima, porque escreveu italiano. Para outros, Rui de Pina escreveu italiano, mas não quiz dizer a naturalidade de Colón. Génova era uma República independente como comentam aqui: http://www.macarico.net23.net/cc/colon.php?page_id=9
ResponderEliminarÉ errado usar Península Ibéria para identificar uma pessoa natural de Portugal. Claro que é. Ainda não chegámos a esse ponto.