O pai de Colombo
De seu nome Domenico Colombo, era um modesto tecelão de lãs, um plebeu, como o designou António Gallo, chanceler do Banco de S. Jorge de Génova.
Os seus pais já tinham sido tecelões e Domenico seguiu, muito naturalmente, a actividade que estava ao seu alcance.
Terá nascido por volta de 1418, e quando tinha 11 anos, o seu pai Giovanni Colombo Canajole, colocou-o como aprendiz de tecelão numa oficina.
Aos 22 anos alugou casa às portas da cidade de Génova, indiciando que se terá casado nessa ocasião com Susanna Fontanarossa, que era, também ela, filha de tecelões.
Deste casamento nasceram-lhes cinco filhos: Cristoforo, Giovanni, Bartolomeu, Giacomo e Bianchinetta.
A vida não era nada fácil para o casal Colombo e a actividade caseira de tecelões não lhes permitia angariar o suficiente para o sustento familiar, levando-os a mudar para uma outra casa, noutro local igualmente situado junto às portas da cidade.
Mesmo assim, não conseguiram pagar ao senhorio (o Mosteiro de Santo Estêvão) as rendas do ano de 1456.
E as condições devem ter piorado bastante alguns anos depois, já que em 1460 também não pagaram as rendas pelo que Domenico se viu forçado a contrair várias dívidas no período que decorreu até 1464.
Algumas pequenas propriedades do casal, recebidas como dote de casamento de Susanna, foram sendo vendidas, certamente para satisfazer as dívidas perante os credores.
Apesar disso, Domenico não teve outro remédio senão mudar de vida e de residência, deslocando-se para Savona, a mais de 50 km, em 1470, onde se estabeleceu como taberneiro.
Os credores atormentam-no e as dívidas envolvem já o seu filho Cristoforo, maior de dezanove anos, que paralelamente com a actividade de tecelão se aventura no negócio de compra e venda de vinhos.
Em 1471 são obrigados a nova mudança, desta vez para Terrarossa, uma aldeola afastada da cidade. É em Terrarossa que Bartolomeu se inicia na aprendizagem do ofício de tecelão com seu pai.
Mas em 1472 regressam para Savona, logo após terem recebido uma parte do pagamento da venda de uma das suas pequenas propriedades. Os passos que dão são maiores que as pernas, a gestão do negócio de vinho de Cristoforo, péssimo em contas, era desastrosa e as dívidas acumulam-se, obrigando-os à venda de todo o seu parco património recebido por dote de casamento.
Acredita-se que, para além de ajudarem o pai na venda de vinhos e na tecelagem, a qual nunca terá sido abandonada, quer Cristoforo quer o seu irmão Bartolomeu também andavam embarcados desde a juventude, segundo um costume familiar ou local.
Após a venda da última propriedade em 1477, os Colombo regressam a Génova e à actividade da tecelagem, alugam novamente uma casa às portas da cidade, pertencente ao Mosteiro de Santo Estêvão, mas subarrendam parte dessa mesma casa.
Por esta altura já Cristoforo abandonara a casa paterna para se dedicar exclusivamente à vida no mar, tendo-se tornado agente comercial.
As capacidades de Domenico reduzem-se com a idade forçando a que, em 1484 já não seja ele a ensinar ao seu filho Giacomo de 16 anos de idade, o ofício de tecelão. Giacomo entra como aprendiz na oficina de um tal Cadamartori.
No final de 1494, Domenico, aos 76 anos de idade é ainda testemunha de um casamento, sendo este o seu último acto público documentado.
Presume-se que terá falecido pouco tempo depois, sem se ter dado conta do glorioso feito atribuído a seu filho Cristoforo.
Fontes
Consuelo Varela: Colón en Portugal
Marianne Mahn-Lot: Portrait historique de Christophe Colomb
Mascarenhas Barreto: “Colombo” português – provas documentais
O pai de Colon
O Infante de Portugal, D. Fernando, foi o segundo filho varão do Rei D. Duarte e de D. Leonor de Aragão.
Era, por conseguinte, um destacado membro da família Real Portuguesa e também descendente da família Real da Coroa de Aragão.
Nasceu em 1433, precisamente no mesmo ano em que D. Duarte subiu ao trono. Porém, D. Duarte não viveu muito mais tempo, e faleceu quando o jovem Infante D. Fernando tinha apenas 5 anos de idade. O filho mais velho de D. Duarte era D. Afonso V, também ele demasiado novo para governar, pelo que a regência foi entregue a D. Pedro, irmão de D. Duarte, até D. Afonso V atingir a maioridade.
Por seu lado o jovem Infante D. Fernando foi “adoptado” por seu tio, o Infante D. Henrique – O Navegador.
O Infante D. Henrique era Duque de Viseu e Grão-Mestre da Ordem Militar de Cristo, encontrando-se à frente da empresa dos descobrimentos portugueses.
D. Fernando casou em 1447 com sua prima, D. Beatriz, filha do Infante D. João, Mestre da Ordem Militar de Santiago, do seu casamento com uma neta de Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino.
Deste casamento nasceram vários filhos, dos quais apenas cinco sobreviveram à infância:
João (que foi 2º Duque de Beja e 3º de Viseu), Leonor (que foi Rainha de Portugal ao casar com D. João II, seu primo), Isabel (que foi Duquesa de Guimarães e Bragança, ao casar com Fernando, 3º Duque de Bragança), Diogo (que foi 3º Duque de Beja e 4º de Viseu, Mestre da Ordem Militar de Cristo) e Manuel, 4º Duque de Beja, Mestre da Ordem Militar de Cristo e depois Rei de Portugal.
Diogo terá estado envolvido numa conspiração contra o Rei D. João II juntamente com membros da família Bragança, entre os quais o Duque D. Fernando, que foi julgado e decapitado. Diogo foi apunhalado pelo próprio Rei D. João II.
Duma relação extra conjugal de D. Fernando, Duque de Beja com Isabel da Câmara (Zarco), filha do navegador João Gonçalves Zarco, terá havido um filho, designado como Salvador Fernandes Zarco.
Salvador, foi obviamente educado em consonância com as suas origens e iniciou-se desde muito novo na navegação das descobertas, com os membros das Ordens de Cristo e de Santiago, liderados por seu pai.
Vários indícios apontam para uma verdade histórica ainda não reconhecida oficialmente: Salvador Fernandes Zarco veio a sacrificar-se pelo seu país, tornando-se agente secreto de D. João II junto da Corte dos Reis Católicos, sob o pseudónimo de Cristóvão Colon.
Após o seu casamento com D. Beatriz, D. Fernando foi nomeado por seu irmão, agora Rei D. Afonso V, em 1448, como Fronteiro-Mor do Reino, encarregado das comarcas Entre Tejo e Odiana, Além Odiana e do Reino do Algarve, ou seja todo o sul de Portugal.
Em 1453 foi-lhe atribuído o Ducado de Beja, criado expressamente para si.
Para além disso, D. Fernando acompanhava de perto todo o envolvimento de seu tio, o Infante D. Henrique, no processo dos Descobrimentos e na orientação da Ordem Militar de Cristo que os liderava.
Como natural consequência, após a morte do Infante D. Henrique, em 1460, foi D. Fernando que herdou os títulos de seu tio, tornando-se Mestre da Ordem Militar de Cristo e Duque de Viseu. Tornou-se também Mestre da Ordem Militar de Santiago.
Duas das principais Ordens Militares Portuguesas ficaram assim nas mãos do Infante D. Fernando, o que acendeu as disputas com seu irmão, o rei D. Afonso V, na estratégia para os Descobrimentos.
Com uma forte personalidade e ambição, D. Fernando fazia frente às ideias do Rei.
Enquanto D. Afonso V manifestava preocupação em explorar apenas as terras já descobertas e conquistar o Algarve Dalém-Mar (o Norte de África), D. Fernando interessava-se pelas navegações exploratórias para Ocidente, no vasto Atlântico.
À frente do leme dos Descobrimentos, D. Fernando começou em 1462 a colonização das ilhas de Cabo-Verde, obtendo do Rei, seu irmão, privilégios excepcionais para favorecer o seu povoamento. Entre esses privilégios contava-se a isenção de pagamento da dízima dos produtos que os colonos de Santiago vendessem nas ilhas de Canárias, Madeira e Porto santo, Açores e todas as outras ilhas do Mar Oceano.
As sete ilhas mais ocidentais do arquipélago de Cabo Verde foram descobertas já depois da morte do infante D. Henrique, por um Escudeiro do Infante D. Fernando, confirmando a estratégia deste em avançar para Ocidente. Avançando ainda mais, D. Fernando ordenou viagens descobridoras em duas direcções: a da Terra Nova e a das Antilhas.
O Infante D. Fernando morreu em 1470, não tendo acompanhado os acontecimentos que culminaram no Tratado de Tordesilhas e posteriormente na Descoberta do caminho marítimo para a Índia e no achamento oficial do Brasil.
Fontes
História de Portugal – A. H. de Oliveira Marques
Os Descobrimentos Portugueses – Jaime Cortesão
A Dinastia de Avis e a construção da União Ibérica – David Martelo
Mascarenhas Barreto – O português Cristóvão “Colombo”
Carlos Calado - Amigos da Cuba, 28 Jan 2007
domingo, janeiro 28, 2007
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