sexta-feira, maio 29, 2009

Colombo genovês - a trafulhice do Mayorazgo

Muito se tem debatido sobre a falsidade ou autenticidade do documento de Escritura de Mayorazgo , datada de 22 de Fevereiro de 1498, e atribuída ao Almirante Don Cristóbal Colón.

A importância deste documento é enorme, pois ele constitui um dos "pilares" do Colombo genovês, juntamente com o chamado 'Memorial das dívidas' conjugado com o documento Assereto.
São estes os únicos documentos que, pretensamente, ligam o genovês Cristoforo Colombo, filho do tecelão Dominico, ao depois Almirante Don Cristóbal Colón.
O resto são relatos escritos sobre outros relatos e abundante documentação notarial sobre os Colombo de Génova (e não só)


O documento que actualmente se pode consultar online nos Arquivos de Espanha é relativamente recente (provavelmente séc XVII ou XVIII) e contempla uma Introdução do notário Martin Rodriguez, seguida da transcrição da Cédula Real (autorização dada a CC pelos Reis católicos para fazer mayorazgo) e seguida da transcrição do próprio Mayorazgo.

Pelos relatos existentes, nos Litígios Sucessórios (Pleitos Colombinos), terá sido apresentado por Baldassare Colombo este mesmo Mayorazgo, "validado" pela Introdução de Martin Fernandez.

Vejamos o essencial do que consta em cada um destes dois documentos (ou mesmo que seja um documento único como a tese oficial defende)

Agora vejamos o essencial do que está escrito na Confirmação Real


Pelo que se vê da Confirmação Real, aquilo que os Reis Católicos viram e confirmaram não é o mesmo que se apresenta como sendo o(s) Documento(s) de Mayorazgo.

As diferenças estão no SUPORTE em que foi feito o documento apresentado aos Reis Católicos(pergaminho), bem como na FORMA como se inicia o documento (En la muy noble ciudad de Sevilla, jueves veinte y dos dias del més de Febrero, año mil cuatrocientos y noventa y ocho)


Parece bem nítido que terá, de facto, existido uma Escritura de Mayorazgo feita em 22 de Fevereiro de 1498, mas NÃO é aquela que nos apresentam, e na qual se apoiam os defensores da tese de Cristóvão Colombo genovês.

Parece bem nítido que isto é uma grande trafulhice.

Carlos Calado

quarta-feira, maio 27, 2009

Paulo Alexandre Loução, 30 de Maio, 2009 - Porto, Portugal


Da direita para a esquerda: Paulo Alexandre Loução, Manuel Rosa, Fina D'Armada e Virgínia Veiga,(no Ateneu Comercial do Porto).

segunda-feira, maio 25, 2009

A última "Colombinada"

Este artigo completa a apreciação crítica ao livro de Alfredo Pinheiro Marques, que aqui fomos publicando sob o título "Colombinadas", a qual ficou em suspenso para depois da Conferência que se realizou na Cuba, em 23 de Maio.

(APMarques)
Pág. 74 - Ele deixou uma guarnição de homens na Hispaniola, num forte construído com os destroços da Santa Maria, e regressou a Castela nos primeiros meses de 1493 com as notícias da descoberta tal como ele a interpretava. Porém, antes de alcançar Castela, ele efectuou uma intrigante paragem em Portugal onde se encontrou com D. João II e lhe deu em primeira mão as notícias do resultado da sua viagem ao serviço de Castela. Isto pode ser, de facto, não tão estranho como parece à primeira vista. Hoje em dia tendemos a esquecer como, naquela altura, os navegadores dependiam das condições físicas; não se ia para onde se queria, mas para onde se podia. E crê-se que aquele foi um dos piores Invernos alguma vez sentidos no Atlântico Norte. Por outras palavras, o estado desesperado em que as tempestades deixaram a Niña no seu regresso deve ter forçado Colombo a aportar na ilha açoriana de Santa Maria (onde, confundido com um corsário vindo da Guiné, quase foi feito prisioneiro pelo capitão local), e subsequentemente na própria Lisboa, em Março de 1493.
Informado da sua chegada, o Rei requisitou Colombo; ele não o aprisionou nem atendeu as propostas para que o matassem, mas tornou-lhe imediatamente claro que considerava as novas terras, quaisquer que fossem, pertencentes à sua zona de influência conforme o Tratado de 1479-80.

+ Para o Autor não há mistérios na paragem de CC em Lisboa, pois a isso ‘foi obrigado’ pelas condições atmosféricas. Porém, tendo em conta o que CC escreveu no Diário, verificamos que algo não bate certo:

Martes, 26 de febrero
Ayer, después del sol puesto, navegó a su camino al Este, la mar llana, a Dios gracias: lo más de la noche andaría ocho millas por hora; anduvo cien millas, que son veinticinco leguas. Después del sol salido, con poco viento, tuvo aguaceros; anduvo obra de ocho leguas al Esnordeste.

Miércoles, 27 de febrero
Esta noche y día anduvo fuera de camino por los vientos contrarios y grandes olas y mar, y hallábase ciento veinticinco leguas del Cabo de San Vicente, y ochenta de la isla de la Madera y ciento seis de la Santa María. Estaba muy penado con tanta tormenta, ahora que estaba a la puerta de casa.

Jueves, 28 de febrero
Anduvo de la misma manera esta noche con diversos vientos al Sur y al Sudeste, y a una parte y a otra, y al Nordeste y al Esnordeste, y de esta manera todo este día.

Viernes, 1 de marzo
Anduvo esta noche al Este cuarta del Nordeste, doce leguas; de día corrió al Este cuarta del Nordeste, veintitrés leguas y media.

Sábado, 2 de marzo
Anduvo esta noche a su camino al Este cuarta del Nordeste, veintiocho leguas; y el día corrió veinte leguas.

Domingo, 3 de marzo
Después del sol puesto navegó a su camino al Este. Vínole una turbonada que le rompió todas las velas, y viose en gran peligro, mas Dios los quiso librar. Echó suertes para enviar un peregrino dice a Santa María de la Cinta en Huelva, que fuese en camisa, y cayó la suerte al Almirante. Hicieron todos también voto de ayunar el primer sábado que llegasen a pan y agua. Andaría sesenta millas antes que se le rompiesen las velas; después anduvieron a árbol seco, por la gran tempestad del viento y la mar que de dos partes los comía. Vieron señales de estar cerca de tierra. Hallábanse todo cerca de Lisboa.

Lunes, 4 de marzo
Anoche padecieron terrible tormenta, que se pensaron perder de las mares de dos partes que venían y los vientos, que parecía que levantaban la carabela en los aires, y agua del cielo y relámpagos de muchas partes; plugo a Nuestro Señor de lo sostener, y anduvo así hasta la primera guardia, que Nuestro Señor le mostró tierra, viéndola los marineros. Y entonces, por no llegar a ella hasta conocerla, por ver si hallaba algún puerto o lugar donde se salvar, dio el papahígo por no tener otro remedio y andar algo, aunque con gran peligro, haciéndose a la mar; y así los guardó Dios hasta el día, que dice que fue con infinito trabajo y espanto. Venido el día, conoció la tierra, que era la Roca de Sintra, que es junto con el río de Lisboa, adonde determinó entrar, porque no podía hacer otra cosa: tan terrible era la tormenta que hacía en la villa de Cascaes, que es a la entrada del río. Los del pueblo dice que estuvieron toda aquella mañana haciendo plegarias por ellos, y, después que estuvo dentro, venía la gente a verlos por maravilla de cómo habían escapado; y así, a hora de tercia, vino a pasar a Rastelo dentro del río de Lisboa, donde supo de la gente de la mar que jamás hizo invierno de tantas tormentas y que se habían perdido veinticinco naos en Flandes y otras estaban allí que había cuatro meses que no habían podido salir. Luego escribió el Almirante al Rey de Portugal, que estaba a nueve leguas de allí, cómo los Reyes de Castilla le habían mandado que no dejase de entrar en los puertos de Su Alteza a pedir lo que hubiese menester por sus dineros, y que el Rey le mandase dar lugar para ir con la carabela a la ciudad de
Lisboa, porque algunos ruines, pensando que traía mucho oro, estando en puerto despoblado, se pusiesen a cometer alguna ruindad, y también porque supiese que no venía de Guinea, sino de las Indias.

Resumindo, no dia 26 de Fevereiro, o mar estava chão e a Niña navegou na direcção Este e depois Es-Nordeste; no dia 27 registou-se tormenta e a posição da Niña foi indicada pelo Almirante. Estava a 125 léguas do Cabo de S. Vicente, a oitenta léguas da ilha da Madeira e a 106 léguas da ilha de Sta. Maria.

Marcando num mapa os arcos de circunferência correspondentes a estas distâncias, para determinar o seu ponto de intersecção, que nos daria a posição exacta da caravela, concluímos que, com uma margem de erro mínima (na ordem dos 5%), a Niña estaria nas coordenadas (37ºN; 17ºW), ou mesmo ainda mais para Nordeste, dado que não há, no diário, indicação precisa sobre o número de léguas percorridas nos dias 27 e 28, nos quais, muito provavelmente, teria tentado manter a mesma rota Es-Nordeste já encetada no dia 26.
O Cabo de S. Vicente situa-se nas coordenadas (37ºN; 9ºW). Para se dirigir ao porto de Palos, em Huelva, de onde tinha largado em Agosto de 1492, a caravela teria de aproar um pouco para sul do cabo de S. Vicente, para daí seguir ao longo da costa algarvia até Huelva. Ou seja, como o Cabo de S. Vicente se situa praticamente na mesma latitude da posição da Niña no dia 27 de Fevereiro, a rota a seguir deveria ser directa para Eeste, inflectindo um pouco para Sul.
Mas não foi isso que o Almirante fez. Depois de no dia 28 ter andado um pouco aos ziguezagues, nos dias 1 e 2 de Março, ele navegou 83,5 léguas, não na direcção Leste que o levaria para Castela, mas sim na direcção ‘Leste Quarta de Nordeste’, (ângulo de 11º 15’ com a direcção Este) que o levava para um ponto bastante a Norte do Cabo de S. Vicente. A aplicação de um cálculo trigonométrico simples permite determinar esse ponto no Atlântico, garantidamente já bem acima dos 38ºN.

Assim, no dia 3 de Março, quando as suas velas foram rompidas pela rajada de vento (admitindo que essa tempestade aconteceu mesmo) depois de ter retomado a direcção Leste, a caravela Niña encontrava-se a efectivamente já a caminho de Lisboa.

A tempestade (se, efectivamente existiu) não o desviou para Lisboa, apenas lhe dificultou a chegada!
Era para Lisboa que Cristóvão Colon queria, realmente, vir!

Carlos Calado

terça-feira, maio 12, 2009

Conferência, Cuba 23 Maio

“Descobrimentos e Cristóvão Colon”
no Centro Cultural de Cuba
23 Maio 2009

14,30h
lançamento de novo livro de Julieta Marques,
“Cristóvão Colom – O Almirante de Nobre Estirpe”

15,30h
Grande Conferência e debate
Oradores:

Fina d’Armada*
historiadora, pesquisadora, autora de vários livros
«A sigla de ‘Colombo’ – “A” de Anrique e último rebento»

Carlos Fontes
professor, pesquisador, autor de várias publicações e artigos
«A bandeira pessoal de Cristóvão Colon»

Brandão Ferreira
conferencista, autor de vários livros e artigos, Vogal da Associação Cristóvão Colon
«Os descobrimentos e o génio do Rei D. João II»

Carlos Paiva Neves
professor na Academia da Força Aérea, pesquisador, Membro da Associação Cristóvão Colon
«O franciscanismo de Cristóvão Colon»

Carlos Calado
conferencista, pesquisador, autor de vários artigos, Presidente da Associação Cristóvão Colon e do Núcleo de Amigos da Cuba
«Factos, ‘colombinadas’ e trafulhices na história do Descobridor»

Pedro Laranjeira
jornalista e autor, fará a introdução ao tema e a moderação do debate com o público.

Francisco Orelha
Presidente da C.M.Cuba, presidirá à sessão

(*) televídeo

Organização: Câmara Municipal de Cuba e Núcleo de Amigos da Cuba
Apoio: Associação Cristóvão Colon