A seguinte mensagem que chegou-nos por email merece estar nesta página, por isso a metemos aqui:.
>>>> Se me permite, à maneira de sugestão. Porque não deixa falar Cólon?!
"Fiz-me mensageiro junto destes Príncipes, do novo Céu e da nova Terra, do que fala Nosso Senhor no Apocalipse, pela boca de S. João, após tê-lo feito pela boca de Isaías."
/ Christóferens Cólon)
Cólon cita nesta carta a profecia Joaquimita, Oráculum Turcium, segundo a qual um cristão peninsular havia de reconstruir Jerusalém e o monte Sião.
E este é homem que nos apresentaram como Laneiro, agora transformado em Comerciante pelo Canal de História.
De filho bastardo do Papa a nobre Catalão, será de tudo...Nobre Português nunca!
E é essa A QUESTÃO FUNDAMENTAL, que faz de Cólon o Estrangeiro Errante, e de D. João II, o Imbecil Reinante.
PORQUE NÃO PODE CÓLON SER PORTUGUÊS.
Contra esta hipótese irão levantar-se, senão os céus, pelo menos a Terra.
Conte sempre com a oposição de Governos e subsidiadas Academias, que representam na actualidade o poder contra o qual Chistóferens lutou.
O pior que poderia suceder num contexto de CFR , Tri-Lateral, UE, ONU, etc, seria o resurgimento, ainda que apenas espiritual, do pequeno Estado-nação, que a Ocidente da Europa, iniciou há 500 anos uma Missão, Espiritual, Mistíca e Profética, que o lançou por Mares e Continentes.( Jaime Cortesão)
"Portugal será o assunto.
Portugal será o Centro.
Portugal o Teatro.
Portugal o Príncipio e o Fim...(Padre António Vieira).
O que nos reporta ao final da Idade Média. Ao encerramento de um ciclo. À passagem para uma nova Era, de intensidade mística e ascética, de entrega a uma vida de pobreza ao exemplo de Cristo. De pregação de um Espírito Fraterno, em oposição ao espírito decadente que a Igreja Católica Romana evidênciava já no Séc. XII.
Este ideal, marcado pelo Culto do Espírito Santo, encontra numa Luzitânia Templária, um imenso eco.
E Reis, Nobres e Povo, lançam-se numa Demanda do Graal, em Missão Unificadora dos Homens e da Fé.
Só aqui este Espirito existiu.
Portugal dos Descobrimentos...
Não Castela, não Espanha, não França, não Génova ou Veneza. Não Ytália.
Apenas em Portugal.
Se virmos esta realidade histórica, compreendemos que Chistoferens só podia ser Português, Nobre ou Mestre Espiritual, sinónimo de religioso e culto.
Apesar da repressão cultural e espiritual dos últimos 500 anos, que assume na actualidade contornos ainda mais reductores, ainda hoje somos assim.
Humanistas, mas também individualistas, defensores da Liberdade e das Grandes Causas.
A Genética, tem destas coisas. Há sempre uma parte da Herança que se transmite imutável, ao longo dos tempos.
Apresente as suas provas, mas deixe Chistóferens falar.
Tem na sua posse as suas palavras escritas, pois use-as.
Peça a uma voz treinada que as repita. Passe em slide um pequeno texto, por ele escrito, por exemplo.
Deixe que ele nos diga quem foi.
Estou certa que mais Portugueses se irão juntar a si.
Com os melhores cumprimentos.
M.. L.....
quinta-feira, maio 24, 2007
NEGA PARA SENAREGA
NEGA PARA SENAREGA
Na lista de referências coevas que servem de suporte ao Colombo genovês inclui-se mais um cronista conterrâneo daquele tecelão: Bartolomé Senarega, chanceler da República de Génova.
Não é tão conhecido e invocado como Giustiniani ou Gallo, mas também figura na extensiva listagem efectuada por Sanfuentes y Correa em 1918, como sendo uma das testemunhas mais importantes para comprovar que o Almirante descobridor tinha sido o tecelão genovês.
Para Sanfuentes y Correa o testemunho de Senarega apresenta um tríplice valor: primeiro porque era um escritor reconhecido pela sua seriedade, segundo porque também era genovês e contemporâneo de Colombo, terceiro e mais importante porque tinha escutado dos lábios dos Embaixadores da República de Génova, Francisco Marchesio e António Grimaldo, regressados da Corte de Espanha, o relato de que o descobridor era o genovês Colombo.
Atentemos então nos factos e nos relatos
Estes dois Embaixadores regressaram da Corte de Espanha no final de 1493, como também consta na obra “Castigatissimi Annali ... di Genoa”, de Agostino Giustiniani.
Teriam, portanto, tomado conhecimento directo dos relatos sobre a viagem do descobrimento, a primeira viagem do Almirante Colón.
O relato de Senarega, incluído em “De rebus genuensis conmentaria ab anno MCCCCLXXXXVIII usque ad annum MCCCCCXIIII” (ou seja, acontecimentos entre os anos 1498 e 1514), na sua tradução castelhana diz:
«Regressaram por esse tempo (1493) Francisco Marchesio, ilustre jurisconsulto e Juan António Grimaldo, ambos homens eminentes e Embaixadores da Pátria ante os Reis de Espanha, com quem tinham firmado uma paz conveniente. Eles asseguraram como coisa certa o encontro feito pelo genovês Colombo de ilhas não conhecidas.
Os irmãos Cristóvão e Bartolomeu Colombo, genoveses de modesta ascendência e que viviam do comércio da lã…
Bartolomeu, o mais novo, dirigiu-se a Portugal e por fim estabeleceu-se em Lisboa…»
O primeiro aspecto intrigante neste relato é a inclusão de acontecimentos ocorridos em 1493, em crónicas referentes ao período decorrido entre 1498 e 1514. Dá a sensação que qualquer oportunidade servia para tentar divulgar e impor uma teoria. Não sabemos se pelo próprio autor dos “genuensis conmentaria” ou por alguma mãozinha marota.
O segundo aspecto que nos atrai a atenção no relato de Senarega na sua versão original (?) em latim é a utilização de frases praticamente decalcadas (ou vice-versa) dum escrito atribuído a António Gallo, já abordado em artigo anterior.
Senarega:
«Christophorus et Bartholomeus Columbi fratres, Genue plebeiis parentibus orti, et lanificio mercede victitarunt...
Sed Bartolomeus minor natu in Lusitania, demum Ulissipone constitit...»
Gallo ( ??) :
«Christophorus et Bartholomeus Columbi fratres,... ac Genue plebeis orti parentibus, et qui ex lanificii, ..., mercedibus victitarent...
Sed Bartolomeus minor natu in Lusitania, demum Ulissipone constitit...»
Este decalque a papel químico põe-nos perante um dilema: quem copiou quem?
Já vimos anteriormente que aquele capítulo dos Comentariolus de Gallo não foi produzido na data que lhe quiseram atribuir (1499), sendo uma falsificação posterior efectuada umas décadas depois. Admitimos então que o falsário se baseara nas palavras de Senarega. Ficamos agora na dúvida se não se terá tratado de uma falsificação múltipla, afectando obras dos vários autores.
O terceiro aspecto incongruente tem a ver com o próprio conteúdo do relato atribuído aos Embaixadores, onde “asseguram como coisa certa o encontro feito pelo genovês Colombo de ilhas não conhecidas”
Quanto à nacionalidade do descobridor, duas hipóteses se colocam
1) Os Embaixadores tiveram contacto directo com o Almirante Colón, que reconheceram como sendo o tecelão genovês Colombo
2) Os Embaixadores não tiveram contacto directo com Colón e ouviram, ou foi-lhes comunicado oficialmente, em Espanha, que era o tal genovês.
Em qualquer destas duas hipóteses, os Embaixadores teriam chegado a Génova com a grande notícia. Toda a República ficaria a saber, a família do tecelão exultaria, a sua terra natal ficaria mundialmente conhecida. Não faltariam festas e celebrações.
Mas sobre isto, nada consta. Os acontecimentos posteriores mostram que os Colombos de Génova não se identificaram com o Almirante do Mar Oceano. Sobre a sua terra natal, sempre pairaram disputas entre várias localidades, o que demonstra que nenhuma o seria. Nunca se teria mantido o mistério em torno das origens do descobridor se a sua família e a sua terra natal fossem aqueles. Mesmo que, por hipótese, os Embaixadores apenas tivessem ficado a saber que era genovês, sem mais detalhes.
Se fossem os Embaixadores a reconhecê-lo como genovês, então a Corte de Espanha ficaria também a sabê-lo. Mas a sua nacionalidade ficou sempre incógnita nos documentos oficiais da Corte.
Se, por outro lado, fosse a Corte a comunicar aos Embaixadores, ou se estes tivessem ouvido, então é porque já se sabia em Espanha que o Almirante era genovês. Mas nunca se soube! Nunca lhe atribuíram essa nacionalidade.
Quanto à descoberta: “asseguram o encontro de ilhas não conhecidas”
Então mas o Almirante não afirmou que regressara das Índias? Não o sustentou durante o resto da sua vida? Não estavam os Reis de Espanha convencidos de que o navegador chegara às Índias? Não lhe entregaram, vários anos depois, uma mensagem para quando se cruzasse nas Índias com Vasco da Gama?
Como poderiam então, em 1493, os Embaixadores fazer referência à descoberta de ilhas desconhecidas? Porque não disseram que encontrara as Índias?
Senarega poderá ter ouvido o relato dos Embaixadores, mas não ouviu certamente dos lábios dos Embaixadores que o descobridor era genovês nem que tinha encontrado ilhas não conhecidas.
Isso ouviu Senarega já muitos anos mais tarde, quando escreveu a sua crónica, e por isso já sabia que se tratava efectivamente de ilhas desconhecidas, e por isso já ouvira o boato insistentemente propalado de que o descobridor era genovês.
Perante um relato tão fraco, ou talvez seja um "copianço", só posso atribuir nota negativa a Senarega.
NEGA para Senarega !
Carlos Calado – 24 Maio 07
Na lista de referências coevas que servem de suporte ao Colombo genovês inclui-se mais um cronista conterrâneo daquele tecelão: Bartolomé Senarega, chanceler da República de Génova.
Não é tão conhecido e invocado como Giustiniani ou Gallo, mas também figura na extensiva listagem efectuada por Sanfuentes y Correa em 1918, como sendo uma das testemunhas mais importantes para comprovar que o Almirante descobridor tinha sido o tecelão genovês.
Para Sanfuentes y Correa o testemunho de Senarega apresenta um tríplice valor: primeiro porque era um escritor reconhecido pela sua seriedade, segundo porque também era genovês e contemporâneo de Colombo, terceiro e mais importante porque tinha escutado dos lábios dos Embaixadores da República de Génova, Francisco Marchesio e António Grimaldo, regressados da Corte de Espanha, o relato de que o descobridor era o genovês Colombo.
Atentemos então nos factos e nos relatos
Estes dois Embaixadores regressaram da Corte de Espanha no final de 1493, como também consta na obra “Castigatissimi Annali ... di Genoa”, de Agostino Giustiniani.
Teriam, portanto, tomado conhecimento directo dos relatos sobre a viagem do descobrimento, a primeira viagem do Almirante Colón.
O relato de Senarega, incluído em “De rebus genuensis conmentaria ab anno MCCCCLXXXXVIII usque ad annum MCCCCCXIIII” (ou seja, acontecimentos entre os anos 1498 e 1514), na sua tradução castelhana diz:
«Regressaram por esse tempo (1493) Francisco Marchesio, ilustre jurisconsulto e Juan António Grimaldo, ambos homens eminentes e Embaixadores da Pátria ante os Reis de Espanha, com quem tinham firmado uma paz conveniente. Eles asseguraram como coisa certa o encontro feito pelo genovês Colombo de ilhas não conhecidas.
Os irmãos Cristóvão e Bartolomeu Colombo, genoveses de modesta ascendência e que viviam do comércio da lã…
Bartolomeu, o mais novo, dirigiu-se a Portugal e por fim estabeleceu-se em Lisboa…»
O primeiro aspecto intrigante neste relato é a inclusão de acontecimentos ocorridos em 1493, em crónicas referentes ao período decorrido entre 1498 e 1514. Dá a sensação que qualquer oportunidade servia para tentar divulgar e impor uma teoria. Não sabemos se pelo próprio autor dos “genuensis conmentaria” ou por alguma mãozinha marota.
O segundo aspecto que nos atrai a atenção no relato de Senarega na sua versão original (?) em latim é a utilização de frases praticamente decalcadas (ou vice-versa) dum escrito atribuído a António Gallo, já abordado em artigo anterior.
Senarega:
«Christophorus et Bartholomeus Columbi fratres, Genue plebeiis parentibus orti, et lanificio mercede victitarunt...
Sed Bartolomeus minor natu in Lusitania, demum Ulissipone constitit...»
Gallo ( ??) :
«Christophorus et Bartholomeus Columbi fratres,... ac Genue plebeis orti parentibus, et qui ex lanificii, ..., mercedibus victitarent...
Sed Bartolomeus minor natu in Lusitania, demum Ulissipone constitit...»
Este decalque a papel químico põe-nos perante um dilema: quem copiou quem?
Já vimos anteriormente que aquele capítulo dos Comentariolus de Gallo não foi produzido na data que lhe quiseram atribuir (1499), sendo uma falsificação posterior efectuada umas décadas depois. Admitimos então que o falsário se baseara nas palavras de Senarega. Ficamos agora na dúvida se não se terá tratado de uma falsificação múltipla, afectando obras dos vários autores.
O terceiro aspecto incongruente tem a ver com o próprio conteúdo do relato atribuído aos Embaixadores, onde “asseguram como coisa certa o encontro feito pelo genovês Colombo de ilhas não conhecidas”
Quanto à nacionalidade do descobridor, duas hipóteses se colocam
1) Os Embaixadores tiveram contacto directo com o Almirante Colón, que reconheceram como sendo o tecelão genovês Colombo
2) Os Embaixadores não tiveram contacto directo com Colón e ouviram, ou foi-lhes comunicado oficialmente, em Espanha, que era o tal genovês.
Em qualquer destas duas hipóteses, os Embaixadores teriam chegado a Génova com a grande notícia. Toda a República ficaria a saber, a família do tecelão exultaria, a sua terra natal ficaria mundialmente conhecida. Não faltariam festas e celebrações.
Mas sobre isto, nada consta. Os acontecimentos posteriores mostram que os Colombos de Génova não se identificaram com o Almirante do Mar Oceano. Sobre a sua terra natal, sempre pairaram disputas entre várias localidades, o que demonstra que nenhuma o seria. Nunca se teria mantido o mistério em torno das origens do descobridor se a sua família e a sua terra natal fossem aqueles. Mesmo que, por hipótese, os Embaixadores apenas tivessem ficado a saber que era genovês, sem mais detalhes.
Se fossem os Embaixadores a reconhecê-lo como genovês, então a Corte de Espanha ficaria também a sabê-lo. Mas a sua nacionalidade ficou sempre incógnita nos documentos oficiais da Corte.
Se, por outro lado, fosse a Corte a comunicar aos Embaixadores, ou se estes tivessem ouvido, então é porque já se sabia em Espanha que o Almirante era genovês. Mas nunca se soube! Nunca lhe atribuíram essa nacionalidade.
Quanto à descoberta: “asseguram o encontro de ilhas não conhecidas”
Então mas o Almirante não afirmou que regressara das Índias? Não o sustentou durante o resto da sua vida? Não estavam os Reis de Espanha convencidos de que o navegador chegara às Índias? Não lhe entregaram, vários anos depois, uma mensagem para quando se cruzasse nas Índias com Vasco da Gama?
Como poderiam então, em 1493, os Embaixadores fazer referência à descoberta de ilhas desconhecidas? Porque não disseram que encontrara as Índias?
Senarega poderá ter ouvido o relato dos Embaixadores, mas não ouviu certamente dos lábios dos Embaixadores que o descobridor era genovês nem que tinha encontrado ilhas não conhecidas.
Isso ouviu Senarega já muitos anos mais tarde, quando escreveu a sua crónica, e por isso já sabia que se tratava efectivamente de ilhas desconhecidas, e por isso já ouvira o boato insistentemente propalado de que o descobridor era genovês.
Perante um relato tão fraco, ou talvez seja um "copianço", só posso atribuir nota negativa a Senarega.
NEGA para Senarega !
Carlos Calado – 24 Maio 07
terça-feira, maio 08, 2007
Colombo Revelado no Museu dos Baleeiros
No passado dia 20 de Abril de 2007, teve lugar, no Auditório do Museu dos Baleeiros, nas Lajes do Pico, pelas 21:00h, a apresentação do livro “O Mistério Colombo Revelado”, de Manuel da Silva Rosa.
O Director do Museu do Pico, Manuel Francisco Costa Jr., abriu a sessão realçando, no quadro de uma política cultural atenta às dinâmicas locais, o papel do museu, na promoção e afirmação de iniciativas de relevante interesse cultural local e regional. De seguida, apresentou, num breve resumo, o autor e a obra: “Manuel da Silva Rosa é natural da Madalena do Pico, reside nos E.U.A. desde 1973 e dedicou os últimos 15 anos da sua vida à investigação histórica, em torno de Cristóvão Colombo, figura fascinante e misteriosa do nosso imaginário colectivo, referência e paradigma maior (e controverso) da História Mundial. Manuel da Silva Rosa é já considerado, pela comunidade científica, um dos mais competentes e conceituados historiadores da “nossa época” sobre Cristóvão Colombo. Partindo de novas propostas e perspectivas de análise histórica e ancorado em sólidas provas documentais, o autor demonstra, no seu livro, as inconsistências cientificas, os erros de análise, as mentiras e as falsidades da historiografia oficial / tradicional, relativamente às origens de Cristóvão Colombo, apontando novos rumos interpretativos. O mítico navegador é hipoteticamente visto, no quadro da rivalidade ibérica e da política portuguesa de sigilo, dos finais do séc. XV, como um espião português ao serviço de D. João II. “O Mistério Colombo Revelado” é, pois, assim, entendido, como um marco de toda a bibliografia já publicada sobre Cristóvão Colombo e um contributo decisivo para a historiografia em torno desta problemática. Isso deve encher-nos, a todos, de orgulho, admiração e reconhecimento, porque Manuel da Silva Rosa é “nosso”. É português, açoriano, picoense e cidadão do mundo”.
Terminadas estas palavras introdutórias, o autor, apoiado na projecção de diapositivos, em “powerpoint”, apresentou o seu livro e as principais teses nele abordadas. Seguiu-se um período de debate e uma sessão de autógrafos, que bastante entusiasmou todos.
O Director do Museu do Pico, Manuel Francisco Costa Jr., abriu a sessão realçando, no quadro de uma política cultural atenta às dinâmicas locais, o papel do museu, na promoção e afirmação de iniciativas de relevante interesse cultural local e regional. De seguida, apresentou, num breve resumo, o autor e a obra: “Manuel da Silva Rosa é natural da Madalena do Pico, reside nos E.U.A. desde 1973 e dedicou os últimos 15 anos da sua vida à investigação histórica, em torno de Cristóvão Colombo, figura fascinante e misteriosa do nosso imaginário colectivo, referência e paradigma maior (e controverso) da História Mundial. Manuel da Silva Rosa é já considerado, pela comunidade científica, um dos mais competentes e conceituados historiadores da “nossa época” sobre Cristóvão Colombo. Partindo de novas propostas e perspectivas de análise histórica e ancorado em sólidas provas documentais, o autor demonstra, no seu livro, as inconsistências cientificas, os erros de análise, as mentiras e as falsidades da historiografia oficial / tradicional, relativamente às origens de Cristóvão Colombo, apontando novos rumos interpretativos. O mítico navegador é hipoteticamente visto, no quadro da rivalidade ibérica e da política portuguesa de sigilo, dos finais do séc. XV, como um espião português ao serviço de D. João II. “O Mistério Colombo Revelado” é, pois, assim, entendido, como um marco de toda a bibliografia já publicada sobre Cristóvão Colombo e um contributo decisivo para a historiografia em torno desta problemática. Isso deve encher-nos, a todos, de orgulho, admiração e reconhecimento, porque Manuel da Silva Rosa é “nosso”. É português, açoriano, picoense e cidadão do mundo”.
Terminadas estas palavras introdutórias, o autor, apoiado na projecção de diapositivos, em “powerpoint”, apresentou o seu livro e as principais teses nele abordadas. Seguiu-se um período de debate e uma sessão de autógrafos, que bastante entusiasmou todos.
sexta-feira, maio 04, 2007
GALLO PÔS O OVO DE COLOMBO
GALLO PÔS O OVO DE COLOMBO
Um dos pilares da história oficializada do Colombo tecelão genovês é um documento de duas páginas divulgado por Muratori, já no séc. XVIII e incluído numa colectânea de textos, como tendo sido escrito em 1499 por Antonio Gallo, cronista e chanceler do Banco de S. Giorgio em Génova.
Dessas duas páginas sem data, pretensamente um capítulo da obra “Comentariolus”, conserva-se uma cópia (má sina, a dos documentos originais referentes a Colombo) no Arquivo do Estado de Génova, mas sem que alguma vez tenha havido verificação e comprovação científica da sua autenticidade.
Antonio Gallo, sendo chanceler do Banco de S. Giorgio, deveria ser um profundo conhecedor das questões relativas ao Almirante Don Cristobal Colón, pois seria este o Banco onde o Almirante teria (supostamente) ordenado depositar as rendas do seu Morgadio.
Na sua obra “Castigatissimi Annali ... di Genoa”, publicada em 1537, Agostino Giustiniano escreveu: «E Colombo, na sua morte, fez como um bom patriota porque deixou por testamento ao Banco de S. Giorgio a décima parte das suas rendas perpétuas, se bem que o Banco citado (não sei porque razão) não recebeu este legado, nem fez nada para o receber».
Se não fosse já conhecido que esse testamento de Colombo onde se menciona Génova , datado de 1498, é um testamento falso, aqui teríamos mais um forte indício para duvidar da sua autenticidade.
Voltando aos “Comentariolus” de Antonio Gallo, neles se lê:
«Christophorus et Bartholomeus Columbi fratres, natione ligures, ac Genue plebeis orti parentibus, et qui ex lanificii, nam textor pater, carminatores filii aliquando fuerunt, mercedibus victitarent, hoc tempore per totam Europam, audacissimo ausu et in rebus humanis memorabili novitate, in magnam claritudinem evasere....»
Traduzindo para português a partir da versão castelhana obtemos:
«Os irmãos Cristoforo e Bartolomeu Colombo, lígures de nação, nascidos em Génova com origem plebeia, e que viviam do comércio da lã, em que o pai foi tecelão e os filhos, num tempo, cardadores, alcançaram em toda a Europa, nos tempos a que chegámos, uma grande celebridade pela sua coragem e por um descobrimento que será um marco na história da humanidade».
Tem sido geralmente aceite pelos genovistas que este texto atribuído a Antonio Gallo com a data de 1499 terá servido de suporte aos escritos de Agostino Giustiniano e Bartolome Senarega, umas décadas depois.
De facto, uma das frases na obra de Senarega “De rebus genuensis conmentaria ab anno MCCCCLXXXXVIII usque ad annum MCCCCCXIIII”
«Christophorus et Bartholomeus Columbi fratres, Genue plebeiis parentibus orti, et lanificio mercede victitarunt...»
é praticamente retirada daquela frase dos “Comentariolus”.
A autenticidade dos “Comentariolus” de Antonio Gallo é colocada em causa por vários motivos, desde a inexistência de exames comprovativos para a respectiva datação, até ao seu próprio conteúdo, porque Gallo mostra nada saber de Colombo, apesar de se gabar da sua amizade com aquela família.
Há, porém, um aspecto que nos demonstra que, ao contrário do que tem sido defendido pelos genovistas, não foram Giustiniano e Senarega que se basearam em Gallo, mas foi sim o falsificador que forjou o falso excerto do “Comentariolus” de Gallo quem se baseou nos escritos de Giustiniano e Senarega.
É que essas duas páginas soltas do Comentariolus afirmam que os irmãos Cristoforo e Bartolomeu Colombo alcançaram em toda a Europa uma grande celebridade pela sua coragem e por um descobrimento que será um marco na história da humanidade.
Mas, pura e simplesmente, é bem sabido que Bartolomeu Colón / Colombo nunca fez qualquer descobrimento nem alcançou nenhuma celebridade.
O falsificador que forjou o documento baseou-se nos relatos que colocavam Bartolomeu a desenhar mapas em Lisboa, nos relatos do descobrimento que designavam o descobridor por Colombo e lhe atribuíam origem genovesa, e vai daí decidiu, ele próprio, juntá-los na mesma viagem histórica de 1492.
E coitado do irmão Giacomo que não teve direito ao mesmo reconhecimento. A “sua” metamorfose em Don Diego deve ter confundido o “amigo íntimo” da família, a ponto de este não o identificar...
Tal como o episódio do Ovo de Colombo se passou com outro personagem, assim um qualquer falsário atribuíu a Gallo um relato que este não fez.
As duas páginas soltas do “Comentariolus” de 1499 são mentirosas.
É caso para dizer que este Gallo pôs o Ovo de Colombo!
Carlos Calado – 4 Maio 07
Um dos pilares da história oficializada do Colombo tecelão genovês é um documento de duas páginas divulgado por Muratori, já no séc. XVIII e incluído numa colectânea de textos, como tendo sido escrito em 1499 por Antonio Gallo, cronista e chanceler do Banco de S. Giorgio em Génova.
Dessas duas páginas sem data, pretensamente um capítulo da obra “Comentariolus”, conserva-se uma cópia (má sina, a dos documentos originais referentes a Colombo) no Arquivo do Estado de Génova, mas sem que alguma vez tenha havido verificação e comprovação científica da sua autenticidade.
Antonio Gallo, sendo chanceler do Banco de S. Giorgio, deveria ser um profundo conhecedor das questões relativas ao Almirante Don Cristobal Colón, pois seria este o Banco onde o Almirante teria (supostamente) ordenado depositar as rendas do seu Morgadio.
Na sua obra “Castigatissimi Annali ... di Genoa”, publicada em 1537, Agostino Giustiniano escreveu: «E Colombo, na sua morte, fez como um bom patriota porque deixou por testamento ao Banco de S. Giorgio a décima parte das suas rendas perpétuas, se bem que o Banco citado (não sei porque razão) não recebeu este legado, nem fez nada para o receber».
Se não fosse já conhecido que esse testamento de Colombo onde se menciona Génova , datado de 1498, é um testamento falso, aqui teríamos mais um forte indício para duvidar da sua autenticidade.
Voltando aos “Comentariolus” de Antonio Gallo, neles se lê:
«Christophorus et Bartholomeus Columbi fratres, natione ligures, ac Genue plebeis orti parentibus, et qui ex lanificii, nam textor pater, carminatores filii aliquando fuerunt, mercedibus victitarent, hoc tempore per totam Europam, audacissimo ausu et in rebus humanis memorabili novitate, in magnam claritudinem evasere....»
Traduzindo para português a partir da versão castelhana obtemos:
«Os irmãos Cristoforo e Bartolomeu Colombo, lígures de nação, nascidos em Génova com origem plebeia, e que viviam do comércio da lã, em que o pai foi tecelão e os filhos, num tempo, cardadores, alcançaram em toda a Europa, nos tempos a que chegámos, uma grande celebridade pela sua coragem e por um descobrimento que será um marco na história da humanidade».
Tem sido geralmente aceite pelos genovistas que este texto atribuído a Antonio Gallo com a data de 1499 terá servido de suporte aos escritos de Agostino Giustiniano e Bartolome Senarega, umas décadas depois.
De facto, uma das frases na obra de Senarega “De rebus genuensis conmentaria ab anno MCCCCLXXXXVIII usque ad annum MCCCCCXIIII”
«Christophorus et Bartholomeus Columbi fratres, Genue plebeiis parentibus orti, et lanificio mercede victitarunt...»
é praticamente retirada daquela frase dos “Comentariolus”.
A autenticidade dos “Comentariolus” de Antonio Gallo é colocada em causa por vários motivos, desde a inexistência de exames comprovativos para a respectiva datação, até ao seu próprio conteúdo, porque Gallo mostra nada saber de Colombo, apesar de se gabar da sua amizade com aquela família.
Há, porém, um aspecto que nos demonstra que, ao contrário do que tem sido defendido pelos genovistas, não foram Giustiniano e Senarega que se basearam em Gallo, mas foi sim o falsificador que forjou o falso excerto do “Comentariolus” de Gallo quem se baseou nos escritos de Giustiniano e Senarega.
É que essas duas páginas soltas do Comentariolus afirmam que os irmãos Cristoforo e Bartolomeu Colombo alcançaram em toda a Europa uma grande celebridade pela sua coragem e por um descobrimento que será um marco na história da humanidade.
Mas, pura e simplesmente, é bem sabido que Bartolomeu Colón / Colombo nunca fez qualquer descobrimento nem alcançou nenhuma celebridade.
O falsificador que forjou o documento baseou-se nos relatos que colocavam Bartolomeu a desenhar mapas em Lisboa, nos relatos do descobrimento que designavam o descobridor por Colombo e lhe atribuíam origem genovesa, e vai daí decidiu, ele próprio, juntá-los na mesma viagem histórica de 1492.
E coitado do irmão Giacomo que não teve direito ao mesmo reconhecimento. A “sua” metamorfose em Don Diego deve ter confundido o “amigo íntimo” da família, a ponto de este não o identificar...
Tal como o episódio do Ovo de Colombo se passou com outro personagem, assim um qualquer falsário atribuíu a Gallo um relato que este não fez.
As duas páginas soltas do “Comentariolus” de 1499 são mentirosas.
É caso para dizer que este Gallo pôs o Ovo de Colombo!
Carlos Calado – 4 Maio 07
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