sexta-feira, novembro 23, 2007
quarta-feira, novembro 21, 2007
Labirinto de Lèguas
Estamos a entrar uma nova época nesta história a época a que eu refero como a "época após O Mistério Colombo Revelado" ou seja "post-MCR" sendo a época "pre-MCR" aquela em que se tomava tudo por já provado e aceitado como verdadeiro.
Após os factos mostrados no MCR toda a história não só do "Colombo tecelão" mas a própria história de Portugal, de D. João II e dos navegadores daquela Portuguesa "Era dos Descobrimentos" merece ser investigada e descutida em pormenor e isso está a ser feito de um certo modo (embora com um pequeno grupo) por emails, em blogs e em fórums incluindo o Fórum da GeneAll.pt. Nestas discussões sobre a verdadeira identidade, nacionalidade e escolaridade do 1º Almirante das Índias, a história antiga ou aquela "teoria oficial" não tem maior defensor no Fórum GeneAll.pt que aquele senhor que se chama Coelho.
Muitos têm entrado nesta discussão a defender o "tecelão genovês" mas após terem conhecimentos de alguns factos imcompativeis com esse "tecelão" entenderam que a novela acaba por carece de falta de novelos suficientes para in-vestir o tecelão por completo e muitos acabam pornão somente aceitar a dúvida dos factos mas também por apoiar o "nobre Colon Português".
Acontece que ao mesmo tempo que outros vam-se apercebendo mais e mais da lenda genovesa o Sr. Coelho
segue mais e mais teimoso na sua cegueira de forçar os factos encaixarem num tecelão da Génova.
O muro de evidência construido pelo MCR não será facil de derrubar sem uma arma secreta. Ultimamente O Sr. Coelho tentava rodear o muro das provas que eu construi contra um tecelão da Génova trazendo o assunto das léguas de Ptolomeu e a sua ideia "errada" que C. Colon errou porque acreditava num mundo muito mais pequeno: o Mundo de Ptolomeu.
Inicialmente (em 1991) eu também acreditava nessa mesma lenda mas depois de comprar em 1996 um exemplar da Geografia de Ptolomeu impressa em 1482 fiquei logo esclarecido que nenhum navegador ao saber aquilo que Ptolomeu sabia seguiria em acreditar que a verdadeira India ficava 1400 léguas ao Ocidente de Lisboa. Com esta informação, que era a mesma que C. Colon possuia, (pois ele tinha um destes livros de Ptolomeu) eu revistei de novo todos os documentos e cartas conhecidas de C. Colon e consegui provar que ele sempre sobe que nunca se dirigia para a verdadeira India.
Com este pequeno facto a burla começou a vir á tona.
Foi assim que fui descobrindo de facto em facto até conseguir provar que o seu testamento foi falsificado 67 anos após Cristóvão Colon ter morrido para dizer "sendo eu nascido em Génova".
Assim que se começa a ver a mentira de C. Colon contra os Castelhanos fica logo tudo mais facil de explicar. Como eu já disse, o Sr. Coelho tem andado atarefado em provar que C. Colon era o mesmo Colombo tecelão e que acreditava num globo que era muito mais pequeno escrevendo:
"Eu demonstrei concretamente que, no mundo de Ptolomeu, a viagem da costa ocidental da Europa para ocidente até à costa oriental da China ao longo do paralelo de Rodes é de 13700 Km, ao passo que a distâcia real é de 21130 Km. Ou seja, a distância real é 54% maior do que a distância no mundo de Ptolomeu. .....
aceitando o mapa da geografia de Ptolomeu, a distância seria muito menor do que na realidade. Eu demonstrei isso passo a passo e deduzi que a distância real ultrapassa em 54% a distância que se pode calcular na geografia de Ptolomeu. Isto é incontestável. O Sr. Rosa contesta. O que posso fazer? O problema é seu ... Mais uma razão para não comprar o seu livro."
Assim o Sr. Coelho que nunca leu o MCR rema para o rumo errado assumindo que C. Colon realmente acreditava num globo que era 54% mais pequeno do real e argumentando contra o meu livro sem nunca o ter lido e mesmo sem saber uma só prova das que eu apresento nessa obra. Eu tentei trazer-lo á razão usando não Ptolomeu que tinha morrido 1300 anos antes mas sim os homens do dia de C. Colon os quais eram os mais instruidos nestes assuntos:
"Duarte Pacheco Pereira cometeu um erro de 4% nas suas calculações e C. Colon de certeza faria o mesmo erro de 4% que é muito longe do erro que o Sr. Coelho expõe de 54%.
Está tudo bem clarinho so quem quer fazer de C. Colon, de D. João II, de Duarte Pacheco Pereira, de Jozé Vizinho, de toda a Junta de Matemáticos e de todos os Portugueses envolvidos nas descobertas todos burros é que segue impingindo um erro de 54% para as suas calculações.
O erro de C. Colon era cerca de 4% e por isso está tudo bem provado tanto os fusos horários como as léguas percorridas como a exactidão da navegação de regresso que sem ter GPS posicionou-se exactamente a 75 léguas a SUL da ilha das Flores nos Açores e para provar isso poucos dias mais tarde avista Santa Maria nos mesmos Açores."
Para alguém de mente lógica estes factos deveriam de pelo menos fazer-lo parar e pensar sériamente em seguir acreditando numa fantasia de um globo de 1300 anos anterior. Mas não. Ele respondeu:
"E qual era o valor da milha? Como é que ele define essa milha? Ou define, ou não define. Se não define, o Sr. Rosa não sabe! Tal como o Sr. Rosa descreve, a milha está definida em termos da légua e a légua está definida em termos do grau. E o grau, qual era o seu valor? Vai o Sr. Rosa responder-me que o grau era de 18 léguas. Então isto é uma definição circular. Uma equação com duas incógnitas. Está a perceber?
Voltando ao princípio: o Duarte Pacheco Pereira define a milha?
Tudo o resto que o Sr. Rosa escreve sobre o erro de 4% assenta em falsos pressupostos, suspeito eu. Mas o Sr. na próxima mensagem há-de tirar-me as dúvidas."
Entenda-se que o Sr. Coelho não sabe mesmo nada sobre os factos verdadeiros da história da descoberta das Américas e que está completamente mergulhado no "sono hipnótico genovês" causado pelas histórias pre-MCR do Colombo tecelão. Tentei dar-lhe uns factos da 1ª e 2ª viagem que o Almiranre Cristóvão Colon nos deu sobre as suas navegações. Dei-lhe as medidas tiradas do "Diário de Abordo" do próprio navegador em que este dá 850 léguas desde as Ilhas Canárias ao Novo Mundo.
Mas o senhor Coelho não deduziu nada dessas 850 léguas. Assim tive que explicar de novo dizendo:
" Senhor Coelho,
Parece que a resposta é tanto fundamental que não precisaria de explicação.
C. Colon navegou duas viagens desde as Canárias ao Haiti medindo 850 léguas. E se essa distância actualmente é de 5.612 km então divida os Km actuais pelas léguas navegadas por C. Colon.
Isto é matemática básica:
5.612km / 850L = 6.602 metros por légua
Agora olhe para o que nos dá um grau no Equador de 18 léguas cada um usando estas medidas:
18 x 6602 = 118,8 Km por grau.
Com esta medida C. Colon obteria um globo de 42.480 Km
Como vê isto dava-lhe um erro de um globo 6% maior e não um globo de 18% mais pequeno."
O Senhor Coelho responde:
"Logo, as suas contas sobre as 850 léguas das Canárias ao Haiti também não servem para calcular o valor da légua. Estamos entendidos?"
Ou é por falta de visão ou por falta de entendimento que o Sr. Coelho não consegue entender. Mas sendo eu um grande apostador na inteligência e no bom senso das pessoas em geral acredito que todos ao saberem dos factos chegaram ao mesmo resultado. Como se vê nesta figura abaixo uma linha recta de Las Palmas a Santo Domingo são 5612Km (carregar na imagem para ver melhor). Esta seria a minima distância que alguém que fosse das Canárias ao Novo Mundo teria que navegar em 1492 e é o mesmo ainda hoje. Resulta que aqui nós, os interessados pela verdade, temos um dado real que não pode ser deturpado.
As léguas de C. Colon eram de 4 milhas por légua e 18 léguas por grau. No minimo as 850 léguas que C. Colon navegou nesta viagem não dão umas milhas mais pequenas mas maiores. Assim se prova que C. Colon não estaria a navegar léguas de 56,66 milhas por grau nem que estava num mundo 54% mais pequeno do real.
As léguas foram 850.
A distância em Kilómetros ainda hoje dá-nos um ponto de partida para entender melhor aquilo que se passou.
Na realidade o Almirante não teria navegado pela rota mais curta desde as Canárias, ou seja não navegou em linha recta (B na imagem abaixo), mas sim em linha ondeante mais a Sul mais a Norte dependendo dos ventos (A na imagem, abaixo). Assim os cálculos do Almirante têm por força que representar ou uma légua com uma milha maior para encaixar esses desvios de uma rota recta ou então as 850 léguas são uma dedução não das léguas actuais navegadas mas da distância real E-O que ele navegou.
Se assim é, então o Almirante e os navegadores daqueles tempos saberiam muito bem calcular não somente a distância que a embarcação fazia sobre a água mas também a distância actual que se tinham afastado do ponto anterior. Neste caso uma viagem feita em ziguezague de 200 léguas com ventos frontais não iria ser calculada como ter-se navegado 200 léguas E-O mas sim as 100 ou menos léguas actuais que existiam entre o ponto de inicio e ponto final das medidas.
O resultado que se quer é um resultado que encaixe todos os factos conhecidos e aqueles ainda por conhecer sobre a vida do Almirante. Quem quer que seja que queira chegar á verdade, pode sim argumentar que a verdade ainda não é conhecida mas o que não pode é dizer que uma rota qualquer entre dois pontos que são hoje bem conhecidos não serve para deduzir nada sobre as navegações de Cristóvão Colon de Vasco da Gama ou de outro qualquer navegador da época. Quanto mais conhecim,ento se tem dos factos mais verdadeira se tornará ahistória e nesse sentido O Mistério Colombo Revelado é a mais verdadeira história do Almirante Colon escrita até hoje.
Após os factos mostrados no MCR toda a história não só do "Colombo tecelão" mas a própria história de Portugal, de D. João II e dos navegadores daquela Portuguesa "Era dos Descobrimentos" merece ser investigada e descutida em pormenor e isso está a ser feito de um certo modo (embora com um pequeno grupo) por emails, em blogs e em fórums incluindo o Fórum da GeneAll.pt. Nestas discussões sobre a verdadeira identidade, nacionalidade e escolaridade do 1º Almirante das Índias, a história antiga ou aquela "teoria oficial" não tem maior defensor no Fórum GeneAll.pt que aquele senhor que se chama Coelho.
Muitos têm entrado nesta discussão a defender o "tecelão genovês" mas após terem conhecimentos de alguns factos imcompativeis com esse "tecelão" entenderam que a novela acaba por carece de falta de novelos suficientes para in-vestir o tecelão por completo e muitos acabam pornão somente aceitar a dúvida dos factos mas também por apoiar o "nobre Colon Português".
Acontece que ao mesmo tempo que outros vam-se apercebendo mais e mais da lenda genovesa o Sr. Coelho
segue mais e mais teimoso na sua cegueira de forçar os factos encaixarem num tecelão da Génova.
O muro de evidência construido pelo MCR não será facil de derrubar sem uma arma secreta. Ultimamente O Sr. Coelho tentava rodear o muro das provas que eu construi contra um tecelão da Génova trazendo o assunto das léguas de Ptolomeu e a sua ideia "errada" que C. Colon errou porque acreditava num mundo muito mais pequeno: o Mundo de Ptolomeu.
Inicialmente (em 1991) eu também acreditava nessa mesma lenda mas depois de comprar em 1996 um exemplar da Geografia de Ptolomeu impressa em 1482 fiquei logo esclarecido que nenhum navegador ao saber aquilo que Ptolomeu sabia seguiria em acreditar que a verdadeira India ficava 1400 léguas ao Ocidente de Lisboa. Com esta informação, que era a mesma que C. Colon possuia, (pois ele tinha um destes livros de Ptolomeu) eu revistei de novo todos os documentos e cartas conhecidas de C. Colon e consegui provar que ele sempre sobe que nunca se dirigia para a verdadeira India.
Com este pequeno facto a burla começou a vir á tona.
Foi assim que fui descobrindo de facto em facto até conseguir provar que o seu testamento foi falsificado 67 anos após Cristóvão Colon ter morrido para dizer "sendo eu nascido em Génova".
Assim que se começa a ver a mentira de C. Colon contra os Castelhanos fica logo tudo mais facil de explicar. Como eu já disse, o Sr. Coelho tem andado atarefado em provar que C. Colon era o mesmo Colombo tecelão e que acreditava num globo que era muito mais pequeno escrevendo:
"Eu demonstrei concretamente que, no mundo de Ptolomeu, a viagem da costa ocidental da Europa para ocidente até à costa oriental da China ao longo do paralelo de Rodes é de 13700 Km, ao passo que a distâcia real é de 21130 Km. Ou seja, a distância real é 54% maior do que a distância no mundo de Ptolomeu. .....
aceitando o mapa da geografia de Ptolomeu, a distância seria muito menor do que na realidade. Eu demonstrei isso passo a passo e deduzi que a distância real ultrapassa em 54% a distância que se pode calcular na geografia de Ptolomeu. Isto é incontestável. O Sr. Rosa contesta. O que posso fazer? O problema é seu ... Mais uma razão para não comprar o seu livro."
Assim o Sr. Coelho que nunca leu o MCR rema para o rumo errado assumindo que C. Colon realmente acreditava num globo que era 54% mais pequeno do real e argumentando contra o meu livro sem nunca o ter lido e mesmo sem saber uma só prova das que eu apresento nessa obra. Eu tentei trazer-lo á razão usando não Ptolomeu que tinha morrido 1300 anos antes mas sim os homens do dia de C. Colon os quais eram os mais instruidos nestes assuntos:
"Duarte Pacheco Pereira cometeu um erro de 4% nas suas calculações e C. Colon de certeza faria o mesmo erro de 4% que é muito longe do erro que o Sr. Coelho expõe de 54%.
Está tudo bem clarinho so quem quer fazer de C. Colon, de D. João II, de Duarte Pacheco Pereira, de Jozé Vizinho, de toda a Junta de Matemáticos e de todos os Portugueses envolvidos nas descobertas todos burros é que segue impingindo um erro de 54% para as suas calculações.
O erro de C. Colon era cerca de 4% e por isso está tudo bem provado tanto os fusos horários como as léguas percorridas como a exactidão da navegação de regresso que sem ter GPS posicionou-se exactamente a 75 léguas a SUL da ilha das Flores nos Açores e para provar isso poucos dias mais tarde avista Santa Maria nos mesmos Açores."
Para alguém de mente lógica estes factos deveriam de pelo menos fazer-lo parar e pensar sériamente em seguir acreditando numa fantasia de um globo de 1300 anos anterior. Mas não. Ele respondeu:
"E qual era o valor da milha? Como é que ele define essa milha? Ou define, ou não define. Se não define, o Sr. Rosa não sabe! Tal como o Sr. Rosa descreve, a milha está definida em termos da légua e a légua está definida em termos do grau. E o grau, qual era o seu valor? Vai o Sr. Rosa responder-me que o grau era de 18 léguas. Então isto é uma definição circular. Uma equação com duas incógnitas. Está a perceber?
Voltando ao princípio: o Duarte Pacheco Pereira define a milha?
Tudo o resto que o Sr. Rosa escreve sobre o erro de 4% assenta em falsos pressupostos, suspeito eu. Mas o Sr. na próxima mensagem há-de tirar-me as dúvidas."
Entenda-se que o Sr. Coelho não sabe mesmo nada sobre os factos verdadeiros da história da descoberta das Américas e que está completamente mergulhado no "sono hipnótico genovês" causado pelas histórias pre-MCR do Colombo tecelão. Tentei dar-lhe uns factos da 1ª e 2ª viagem que o Almiranre Cristóvão Colon nos deu sobre as suas navegações. Dei-lhe as medidas tiradas do "Diário de Abordo" do próprio navegador em que este dá 850 léguas desde as Ilhas Canárias ao Novo Mundo.
Mas o senhor Coelho não deduziu nada dessas 850 léguas. Assim tive que explicar de novo dizendo:
" Senhor Coelho,
Parece que a resposta é tanto fundamental que não precisaria de explicação.
C. Colon navegou duas viagens desde as Canárias ao Haiti medindo 850 léguas. E se essa distância actualmente é de 5.612 km então divida os Km actuais pelas léguas navegadas por C. Colon.
Isto é matemática básica:
5.612km / 850L = 6.602 metros por légua
Agora olhe para o que nos dá um grau no Equador de 18 léguas cada um usando estas medidas:
18 x 6602 = 118,8 Km por grau.
Com esta medida C. Colon obteria um globo de 42.480 Km
Como vê isto dava-lhe um erro de um globo 6% maior e não um globo de 18% mais pequeno."
O Senhor Coelho responde:
"Logo, as suas contas sobre as 850 léguas das Canárias ao Haiti também não servem para calcular o valor da légua. Estamos entendidos?"
Ou é por falta de visão ou por falta de entendimento que o Sr. Coelho não consegue entender. Mas sendo eu um grande apostador na inteligência e no bom senso das pessoas em geral acredito que todos ao saberem dos factos chegaram ao mesmo resultado. Como se vê nesta figura abaixo uma linha recta de Las Palmas a Santo Domingo são 5612Km (carregar na imagem para ver melhor). Esta seria a minima distância que alguém que fosse das Canárias ao Novo Mundo teria que navegar em 1492 e é o mesmo ainda hoje. Resulta que aqui nós, os interessados pela verdade, temos um dado real que não pode ser deturpado.
As léguas de C. Colon eram de 4 milhas por légua e 18 léguas por grau. No minimo as 850 léguas que C. Colon navegou nesta viagem não dão umas milhas mais pequenas mas maiores. Assim se prova que C. Colon não estaria a navegar léguas de 56,66 milhas por grau nem que estava num mundo 54% mais pequeno do real.
As léguas foram 850.
A distância em Kilómetros ainda hoje dá-nos um ponto de partida para entender melhor aquilo que se passou.
Na realidade o Almirante não teria navegado pela rota mais curta desde as Canárias, ou seja não navegou em linha recta (B na imagem abaixo), mas sim em linha ondeante mais a Sul mais a Norte dependendo dos ventos (A na imagem, abaixo). Assim os cálculos do Almirante têm por força que representar ou uma légua com uma milha maior para encaixar esses desvios de uma rota recta ou então as 850 léguas são uma dedução não das léguas actuais navegadas mas da distância real E-O que ele navegou.
Se assim é, então o Almirante e os navegadores daqueles tempos saberiam muito bem calcular não somente a distância que a embarcação fazia sobre a água mas também a distância actual que se tinham afastado do ponto anterior. Neste caso uma viagem feita em ziguezague de 200 léguas com ventos frontais não iria ser calculada como ter-se navegado 200 léguas E-O mas sim as 100 ou menos léguas actuais que existiam entre o ponto de inicio e ponto final das medidas.
O resultado que se quer é um resultado que encaixe todos os factos conhecidos e aqueles ainda por conhecer sobre a vida do Almirante. Quem quer que seja que queira chegar á verdade, pode sim argumentar que a verdade ainda não é conhecida mas o que não pode é dizer que uma rota qualquer entre dois pontos que são hoje bem conhecidos não serve para deduzir nada sobre as navegações de Cristóvão Colon de Vasco da Gama ou de outro qualquer navegador da época. Quanto mais conhecim,ento se tem dos factos mais verdadeira se tornará ahistória e nesse sentido O Mistério Colombo Revelado é a mais verdadeira história do Almirante Colon escrita até hoje.
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léguas e navegação
domingo, novembro 11, 2007
ARMAS COLOMBINAS II
(A propósito do comentário de Francisco "fxcct")... ARCOS COLOMBINOS?
Como disse em Armas Colombinas (I), tudo está em aberto… A ideia de que as "âncoras" podiam ser outra peça, nomeadamente arcos já me tinha ocorrido, embora os arcos tendidos na heráldica europeia, só apareçam geralmente nas mãos de "sagitários" humanos ou mitológicos, mas explicaria a peça em questão estar apontada à dextra.
Em todo o caso, as âncoras aparecem referenciadas posteriormente (a alusão de que podia ser outra peça nasce do facto da Carta d'Armas e na chancelaria não aparecer descrito o último quartel e da Carta estar em mau estado), mas ainda assim constitui a mais forte possibilidade.
Quanto ao arcos sagitários temos realmente na Armaria o caso dos "Arco", que é efectivamente interessante, sobretudo porque são armas novas do reinado de D. João II e de se reportarem à Madeira.
Na verdade, os Andrade do Arco, descendentes de João Fernandes Andrade, da Galiza, não parecem ter ligação consanguínea com os Andrade portugueses (embora originalmente, no século XIV tenham vindo também da Galiza e utilizando armas semelhantes às de Colombo: “de ouro, uma banda de vermelho”).
De facto as armas destes Andrade de Arco (“de ouro, um centauro sagitário, a metade humana de carnação, a outra de negro, o arco formado por dois filetes de prata e vermelho, com as empolgaduras de negro, a corda de prata e a flecha enconhada do mesmo, com o ferro de negro e empenada de verde”) resultam de D. João II ter, por serviços prestados nas conquistas de Arzila e Tânger, concedido terras a este João Andrade, na Madeira, no Arco da Calheta, e de com isso ter recebido posteriormente armas e apelido novo… um nome novo como Colombo…
Tinha-me recordado do arco, mas a nível da besta. Quando estava a fazer a investigação para a minha tese académica (que é sobre heráldica medieval portuguesa) reparei num caso:
Um exemplar esfragístico de representação emblemática de armas falantes (como o Arco), identificável com Martim Roiz Balestro (conhecem-se outros Balestro, como Afonso Balestro, vassalo de El-Rei D. Fernando, morador em Évora), que viveu no século XIV (está publicado como o exº 15, do Estudo da Sigilografia Medieval Portuguesa, do Marquês de Abrantes, Lisboa, ICLP, 1983), cujas armas se descrevem “uma besta posta em pala e acompanhada no pé por uma flor de liz à dextra e uma estrela de sete pontas à sinistra”.
Este poderia ser aparentado com os Balestreiro ou Besteiro, apelidos anteriores ao século XVI, mesmo antes da vinda dos Ballestreros castelhanos ou Ballestreres catalães. Há também na Igreja de S. Nicolau em Santarém, um tumulado do século XIV chamado Fernão Besteiro.
Este uso da besta na armaria peninsular é mais extenso que a âncora, que o gume de curtidor ou até que o arco, embora ajude à tese Catalã. Contudo se nos recordarmos das relações entre Portugal e Catalunha na Idade Média, não nos espantaremos de ver Colombo como um Balestro, um Besteiro ou descendente de uma catalão Ballester (“de vermelho uma besta de parta encordada de ouro”).
Tudo em aberto, mas com ajuda heráldica, para a decifração das armas e identidade colombinas…
DAVID FERNANDES SILVA
Na verdade, os Andrade do Arco, descendentes de João Fernandes Andrade, da Galiza, não parecem ter ligação consanguínea com os Andrade portugueses (embora originalmente, no século XIV tenham vindo também da Galiza e utilizando armas semelhantes às de Colombo: “de ouro, uma banda de vermelho”).
De facto as armas destes Andrade de Arco (“de ouro, um centauro sagitário, a metade humana de carnação, a outra de negro, o arco formado por dois filetes de prata e vermelho, com as empolgaduras de negro, a corda de prata e a flecha enconhada do mesmo, com o ferro de negro e empenada de verde”) resultam de D. João II ter, por serviços prestados nas conquistas de Arzila e Tânger, concedido terras a este João Andrade, na Madeira, no Arco da Calheta, e de com isso ter recebido posteriormente armas e apelido novo… um nome novo como Colombo…
Tinha-me recordado do arco, mas a nível da besta. Quando estava a fazer a investigação para a minha tese académica (que é sobre heráldica medieval portuguesa) reparei num caso:
Um exemplar esfragístico de representação emblemática de armas falantes (como o Arco), identificável com Martim Roiz Balestro (conhecem-se outros Balestro, como Afonso Balestro, vassalo de El-Rei D. Fernando, morador em Évora), que viveu no século XIV (está publicado como o exº 15, do Estudo da Sigilografia Medieval Portuguesa, do Marquês de Abrantes, Lisboa, ICLP, 1983), cujas armas se descrevem “uma besta posta em pala e acompanhada no pé por uma flor de liz à dextra e uma estrela de sete pontas à sinistra”.
Este poderia ser aparentado com os Balestreiro ou Besteiro, apelidos anteriores ao século XVI, mesmo antes da vinda dos Ballestreros castelhanos ou Ballestreres catalães. Há também na Igreja de S. Nicolau em Santarém, um tumulado do século XIV chamado Fernão Besteiro.
Este uso da besta na armaria peninsular é mais extenso que a âncora, que o gume de curtidor ou até que o arco, embora ajude à tese Catalã. Contudo se nos recordarmos das relações entre Portugal e Catalunha na Idade Média, não nos espantaremos de ver Colombo como um Balestro, um Besteiro ou descendente de uma catalão Ballester (“de vermelho uma besta de parta encordada de ouro”).
Tudo em aberto, mas com ajuda heráldica, para a decifração das armas e identidade colombinas…
DAVID FERNANDES SILVA
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sexta-feira, novembro 09, 2007
Há erros que arrasam uma tese
Os historidores que participam no blogue da Pseudo-História Colombina deveriam de se fiar menos nos seus preconceitos e investigar as coisas melhor.
O orgulho com que o Senhor Coelho escreveu a seguinte entrada apontando para um erro meu seria muito bem aceite até por mim se não fosse mesmo um grande erro dele. Vejamos o que ele escreveu:
"Há erros que arrasam uma tese
«A 4 de Março de 1493 dá-se um acontecimento que obriga de imediato à redefinição da correlação de forças que se fora conseguindo instalar. Nesse dia arribou ao Restelo Cristóvão Colombo...» F. Contente Domingues, «A disputa pela posse do Atlântico e a política de D. João II. O tratado de Tordesilhascv», Portugal no Mundo, dir. Luís de Albuquerque, vol. 1, Lisboa, Selecções do Reader’s Digest/Alfa, © 1989, imp. 1993, p. 375.
-*-
«...a seis dias de Março arribou arrestello em Lixboa Christovam Colombo Italiano...Mas Rui de Pina errou em metade desta frase.E perguntamos: “Então se ele errou em metade porque devemos de acreditar nele sobre a outra metade?”Sim Rui de Pina errou. Mas nenhum historiador antes de nós apontou o erro porque NÃO sabem que Rui de Pina errou.» Manuel Rosa (19-01-2007) sobre o problema irrelevante se Cristóvão Colombo chegou ao Restelo a 4 ou a 6 de Março.
Quem erra numa coisa não errará noutra?
Por: J. C. S. J. às 15:55 "
Primeiramente a data no Codex 632 (página 76 verso) é mesmo 6 de Março e segundamente, por o Prof. F. Contente Domingues usar a data correcta não significa que foi a data tirada do Codex 632. Alguém falou de falácias????
Para quem não acredita veja com seus olhos:
O orgulho com que o Senhor Coelho escreveu a seguinte entrada apontando para um erro meu seria muito bem aceite até por mim se não fosse mesmo um grande erro dele. Vejamos o que ele escreveu:
"Há erros que arrasam uma tese
«A 4 de Março de 1493 dá-se um acontecimento que obriga de imediato à redefinição da correlação de forças que se fora conseguindo instalar. Nesse dia arribou ao Restelo Cristóvão Colombo...» F. Contente Domingues, «A disputa pela posse do Atlântico e a política de D. João II. O tratado de Tordesilhascv», Portugal no Mundo, dir. Luís de Albuquerque, vol. 1, Lisboa, Selecções do Reader’s Digest/Alfa, © 1989, imp. 1993, p. 375.
-*-
«...a seis dias de Março arribou arrestello em Lixboa Christovam Colombo Italiano...Mas Rui de Pina errou em metade desta frase.E perguntamos: “Então se ele errou em metade porque devemos de acreditar nele sobre a outra metade?”Sim Rui de Pina errou. Mas nenhum historiador antes de nós apontou o erro porque NÃO sabem que Rui de Pina errou.» Manuel Rosa (19-01-2007) sobre o problema irrelevante se Cristóvão Colombo chegou ao Restelo a 4 ou a 6 de Março.
Quem erra numa coisa não errará noutra?
Por: J. C. S. J. às 15:55 "
Primeiramente a data no Codex 632 (página 76 verso) é mesmo 6 de Março e segundamente, por o Prof. F. Contente Domingues usar a data correcta não significa que foi a data tirada do Codex 632. Alguém falou de falácias????
Para quem não acredita veja com seus olhos:
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quarta-feira, novembro 07, 2007
ARMAS COLOMBINAS
HERÁLDICA COLOMBINA:
Um brasão poderá solucionar a identidade de Cristóvão Colombo?
Pressupostos:
1-Na época dos Descobrimentos, nos Reinos Peninsulares, incluindo Portugal, pelo facto de existir política de sigilo, era possível a um homem entrar num outro país com um nome falso ou adoptado. Porém o uso de armas era averiguado pelos oficiais de armas (mesmo, nos casos de Portugal e territórios da actual Itália, em que se conhece a existência de armas plebeias), para evitar a usurpação de armas, a fraude e a univocidade das mesmas (a cada possuidor suas armas).
2-Cristóvão Colombo usava armas antes de 1493, tendo-lhe sido concedido um acrescentamento honroso pelos Reis Católicos aquando da descoberta do Novo Mundo.
3-As armas anteriores a 1493 não seriam plebeias, uma vez que Colombo utilizava antes dessa data (a designação aparece logo no texto das Capitulações de Santa Fé), o tratamento de Don, o que significa que, antes de ter tido o reconhecimento pela descoberta do Novo Mundo, sem que lhe fossem conhecidos quaisquer outros méritos que justificassem a atribuição de tal deferência, é designado por esse tratamento que, ao contrário de hoje, implicava em Espanha não um mero tratamento formal, mas um reconhecimento de fidalguia.
1-Armas usadas por Colombo depois de 1493
Partindo dos pressupostos e percebendo que não há um documento coevo que nos indique a origem e a composição heráldica das armas colombinas primitivas, cabe-nos olhar para a chamada Provisão Real de 20 de Maio de 1493 e para a Carta d’Armas, com data de 1 de Junho do mesmo ano, para percebermos que os Reis Católicos fazem um acrescentamento honroso.
As armas descritas ficariam do seguinte modo: Esquartelado, I de verde, um castelo de ouro, II de prata, um leão de púrpura, armado de verde, III ondado de azul e prata, umas ilhas de ouro, IV armas não descritas.
Para sermos mais rigorosos, eis a tradução do texto da Carta d’Armas: “…além das vossas armas, em cima delas, um castelo e um leão, convém saber: o castelo de cor dourada, em campo verde, em cima do lado direito; no outro quartel em cima, do lado esquerdo, um leão de púrpura, em campo branco, armado de verde; e no outro quartel, em baixo do lado direito, umas ilhas douradas em ondas de mar; e no outro quartel em baixo do lado esquerdo, as vossas armas que soíades trazer”
Nesse acrescentamento, os Reis Católicos ordenam a colocação das armas primitivas no último quartel do esquartelado, descrevendo no primeiro e segundo quartéis as próprias armas reais diferenciadas (como aliás era próprio nas concessões régias, um pouco por toda a Europa) e no terceiro quartel, as armas alusivas à descoberta.
No quarto quartel, surgem - como se disse - as armas de Colombo, que não vêm descritas e indicadas sobre a expressão lacónica “armas vuestras que solíades tener”.
Escuso-me de escrever sobre as circunstâncias do acrescentamento honroso, visto que Martínez Llorente o fez com todo o rigor científico e profundo conhecimento de Armaria no seu estudo sobre o acrescentamento heráldico de Colombo.
2-Armas usadas por Colombo antes de 1493
A análise da Carta d’Armas, único e verdadeiro documento imageticamente fidedigno das armas originais, traz consigo alguns pormenores interessantes.
Por uma questão de rigor, diga-se em abono da verdade que, a menos que haja um documento anterior ou contemporâneo, as únicas armas rigorosas são efectivamente as armas descritas na Provisão Real e no registo da chancelaria dos Reis Católicos e iluminadas na Carta d’Armas (cuja foto foi publicada por Martínez Llorente) (imagem 1), ou até porque as outras representações das armas, mesmo a que está apensa aos documentos do Livro dos Privilégios (1502), são posteriores e poderiam ter sofrido alterações ou ter má qualidade por culpa ou desconhecimento do iluminador.
O oficial de armas que redige a Carta d’Armas, depois de descrever o acrescentamento heráldico concedido pelos Reis Católicos, tem a prudência de não descrever o último quartel das armas primitivas de Colombo, remetendo para a expressão: “as vossas armas que soíades trazer”, indicativa de três possibilidades: armas desconhecidas, armas assumidas ou armas reconhecidas.
A serem armas desconhecidas significa que o oficial de armas averiguando as armas do reino não encontrava outras iguais e que não estava comprometido o princípio da univocidade, mas escusava-se de as descrever porque eram armas estrangeiras.
A expressão pode também ser indicadora de que se tratavam de armas assumidas e nesse caso poder-se-ia falar tanto de armas plebeias como não-plebeias, assumidas em determinado momento pelo seu possuidor.
Quanto a armas reconhecidas, o oficial de armas poderia indicar que não sendo armas de linhagem, nem sendo armas assumidas, podiam ter sido armas novas, diferenciadas ou acrescentadas, mas cuja origem tinha sido verificada e o uso autorizado.
Curiosamente no acrescentamento heráldico a Hernan Cortes, Carlos V e Joana I outorgam acrescentamento honroso das armas “demas de las armas que assi tenéis de vuestro liñage”, não descrevendo as armas, mas explicitando que se tratavam de armas de família pré-existentes. Apesar de o cronista não se referir às armas como sendo de família, Las Casas indica que as armas do último quartel do brasão colombino são as de “su liñage antiguo”.
Apesar de Martínez Llorente ter publicado a fotografia da iluminura da Carta de Armas, o último quartel oferece-nos algumas dificuldades na própria análise e correcta descrição do que seriam as armas que Colombo utilizou (imagem 2).
2.1. Desmontagem e hipóteses de leituras das armas
O brasão debuxado no último quartel pode ser descrito/interpretado dos seguintes modos:
Fazendo apenas breves alusões às armas, deve-se dizer que o mantel é relativamente raro na heráldica portuguesa, mas relativamente comum na espanhola, o que pode gerar alguma confusão: o mantel ajuda à tese espanhola, catalã e maiorquina, os elementos em aspa à tese portuguesa, a banda à tese galega, e a banda em conjunto com o chefe à tese genovesa e italiana, em geral.
A propósito da já quase abandonada tese genovesa, está comprovado que no caso do brasão das âncoras (imagem 6) não estamos perante o brasão dos tecelões de Génova.
Ao contrário de Florença, nem todas as corporações de mesteres genovesas tinham armas, sabendo-se que os “cardatori” e “lanaioli” genoveses estavam organizados em pequenos grupos (uma espécie de “albergues de ofícios”) e não numa grande corporação.
Cada um desses pequenos grupos utilizava signas e só raramente armas, pelo que não faz sentido considerar as âncoras como armas dessa corporação. Através da análise das suas armas, seria mais provável Colombo pertencer à famosa Irmandade de S. Cristovão de Alberg - veja-se um exemplo sugestivo retirado do seu armorial, Sancti Christophori am Arlberg Bruderschafts Buch, realizado entre os anos de 1350 e 1647 (imagem 9) - do que aos “lanaioli” genoveses”.
Perante a questão das âncoras, podemos também estar perante uma errada leitura, dado que o mau estado em que está a Carta d’Armas não nos permite perceber se estamos perante âncoras ou outra peça semelhante, por exemplo um gume de curtidor.
Analisando, a peça, a ser uma âncora, não tem cepo, mas somente ferro (partindo do princípio que a amarra pode não aparecer). O gume de curtidor aparece, por exemplo nas armas dos Franckestein, no quatrocentista Armorial de Gelre (imagem 10), (de ouro, um gume de curtidor de vermelho, volvido ao chefe) ou na Agremiação dos Sapateiros de Caudebec - Normandia (de vermelho, um gume de curtidor de prata, encabado de ouro volvido ao chefe) (imagem 11),
Mesmo partindo do princípio que são âncoras, por comparação com representações posteriores, relativamente contemporâneas, porque estão volvidas à dextra, ou seja ”deitadas”?
Serão uma alusão à possível bastardia do possuidor? Deveríamos procurar armas direitas: de azul, cindo âncoras postas em aspa (imagem 12).
À guisa de exemplo, D. João II ordena, no contexto da reforma heráldica das armas régias de Portugal, além da retirada da cruz de Avis, que os escudetes apontados ao coração do escudo fossem “endireitados”, porque tal poderia ser interpretado como “quebra”, id est, como indicativo de bastardia.
A serem armas familiares, as âncoras podem, por exemplo, significar também diferença das armas do chefe da linhagem. Deveríamos procurar as seguintes armas: de azul, cinco cruzetas de ouro postas em aspa (imagem 13), uma vez que, em heráldica as âncoras são substitutos das cruzes e uma vez que simbolicamente, como veremos, uma âncora foi usado como sinal da cruz cristã?
Armas muito semelhantes a estas (e presentes em algumas armas usadas em Portugal - imagem 14) é uma das variantes das armas dos Palaelogi (imagens 15 e 16), imperadores de Constantinopla (imagem 17), aparentados com os do Reino de Jerusalém (imagem 18), cuja família entronca muitas famílias europeias (os Reis de Chipre, aparentados com os Moniz da família da esposa de Colombo), o que não deixa de ser interessante visto que o seu filho Hernando afirma acerca de Colombo "que sendo seus antepassados de sangue real de Jerusalém, achou por bem que a sua linhagem não fosse conhecida".
A título de curiosidade e a propósito de símbolos radicados no Cristianismo, no brasão do Ordem do Carmo (imagem 19), o campo do escudo a castanho (não sendo uma cor tipicamente heráldica) significa o Monte Carmelo. No 1º escudo da 2ª hipótese (imagem 4), o campo de vermelho poderia ser interpretado como referência à “Tierra Rubia”, terra ou monte vermelho, que Las Casas dá como origem colombina (para as teses portuguesas poderiam funcionar como referências hipotéticas de armaria o “Pico Vermelho”, na Ribeira Grande - S. Miguel, Açores ou “Vila Ruiva”, próxima de Cuba, Alentejo).
2.2. Explorando a hipótese de serem armas portuguesas
Face às hipóteses supra-indicadas, poderão os Heraldistas de outros países, procurar armas semelhantes. Não duvido que os adeptos da tese catalã, as comparem com as dos Colom de Tarroja de Segarra (Catalunha - imagem 7) e que sendo efectivamente semelhantes, parecem ser posteriores.
É de crer que, na óptica de Heráldica comparada, se encontrem armas semelhantes por toda a Europa e até em armas indigenizadas (dos que passaram a Portugal em época posterior, temos, por exemplo, semelhança nas armas usadas pelos Lemercier, da Flandres – “de prata, uma banda de azul, carregada de três vieiras de prata”).
Contudo, como Colombo viveu em Portugal antes de 1493 e tinha armas, poderia ou poderá existir memória dessas armas, até porque poderá tê-las usado, assumido ou ganho em contexto português, além de que é muito natural que as armas tenham sido, como em Espanha, sujeitas ao exame dos oficiais de armas. Pode ainda dar-se o caso de Colombo ser efectivamente português, independentemente da sua origem (régia, fidalga ou plebeia).
Não obstante, como nos diz Silva Lopes, há que ter em conta o facto de “nem todas as mercês heráldicas haverem sido registadas nos livros existentes”. Também devemos ter em conta que a assunção de armas só terminou definitivamente, no reinado de D. Manuel, em 1512, apesar de controlos anteriores, nomeadamente o do controlo no uso de armas burguesas com D. Afonso V.
Face aos registos heráldicos, temos como problema inicial a questão de os registos de armaria mais antigos terem desaparecido (com excepção dos esculpidos na tumulária medieval – cuja recompilação tenho vindo a realizar) e de ter desaparecido no terramoto de 1755 o Livro dos Reis d’Armas, de João Rodrigues, registo de armaria contemporâneo de Colombo, de quem nos diz Manuel Artur Norton: “o citado Códice que João Rodrigues debuxou e escreveu por ordem do rei D. João II, era para registar a aristocracia que poderia ser chamada para o serviço régio”. Tal referência não deixa de ser assaz interessante, se nos lembrarmos que, na versão oficial, Colombo ofereceu os seus préstimos à Coroa Portuguesa e que, de algum modo, poderia as suas armas ou as de sua família estarem aí debuxadas.
Silva Lopes, no seu estudo sobre as armas da época, relacionadas com os Descobrimentos, distingue vários tipos: armas novas, acrescentamento, substituição e alteração. Poderíamos analisar aqui vários casos, de armas concedidas na época, por questões de serviço, mas para isso, remetemo-nos para aquele estudo.
Há casos, como o de João Gonçalves Zarco, de quem é conhecida a concessão de armas (“de negro, torre de prata, assente em monte de verde, sustida por dois lobos rampantes de ouro) e novo apelido, Câmara de Lobos, passada a 4 de Julho de 1460. Para aqueles que radicam nesta família uma hipótese de ascendência colombina, não deixa de ser interessante o Brasão d’Armas com que alguns Câmara passaram à Galiza, aí usando: “partido, I de azul, três faixas de ouro, II prata, leão de vermelho” (imagem 20 - compare-se com a imagem 2). Já de Tristão Vaz conhecem-se armas, através do uso dos seus descendentes mas não se conhece registo.
Sem excluir os que tradicionalmente, em Portugal e estrangeiro, tinham armas bem antigas com elementos colocados em aspa, os heraldistas foram percebendo que o uso e atribuição de quinas ou elementos colocados em sautor são típicos do Reinado de D, João II (Nicolau Coelho, por exemplo - imagem 21) com continuidade no de D. Manuel (por exemplo, a doação do rei D. Manuel ao Rei do Manicongo, ou a Vasco da Gama - imagem 22).
Não quer isto dizer que as âncoras de Colombo tenham que ser “aparentadas” com os cinco novelos posto em aspa do brasão de Bartolomeu Dias (imagem 23), que se conhecem sobretudo pelo uso dos descendentes, de apelido Novais ou Nabais (“de azul, cinco novelos de prata” - imagem 24), mas não deixam de ser aproximadas em termos heráldicos.
Por isso, não deixa de ser uma hipótese a considerar que, nas armas de Colombo, a partição das âncoras poderia ser um acrescentamento honroso às armas de linhagem, feito por D. João II, mesmo sem registo, in pectore, ou até de registo perdido.
A associação a Portugal pelas quinas e elementos postos em aspa era de tal maneira que o brasão que Duarte Pacheco Pereira recebe do Rei de Cochim, em 1504, contempla elementos postos em aspa (“de vermelho, cinco coroas de ouro, de oito florões, postas em sautor, bordadura de prata, aguada de azul, carregada de oito castelos de madeira, de verde…).
Nada impedia, pois, que Colombo recebesse um acrescentamento honroso dos Reis Católicos depois de poder ter recebido um de D. João II, mesmo que fosse in pectore, constituído por cinco âncoras em aspa, um entre os acrescentamentos honrosos e armas atribuídos por esse rei do qual se perderam muitos dados, nos terramotos de 1531 e 1755.
Quanto ao uso da banda, partindo da possibilidade de Colombo ser português ou descendente de portugueses poderia ser um Ataíde (imagem 25), um Viegas, um Azambuja (imagem 26), um Albornoz um Lisboa (uma família medieval da qual se conhece pouco, mas que teve bastante importância até ao século XV – imagem 27) ou um Anhaia, isto para citar algumas família portuguesas que poderiam ser aparentadas na sua heráldica, pelo uso de bandados. A propósito da banda, houve quem sugerisse que Colombo poderia ser membro da ordem da Banda, facto de não consegui encontrar referência fidedigna.
Uma outra hipótese, correspondente com alguma tese galega, seria pertencer à família portuguesa (dec raiz galega) Gundar (imagem 28): partido de vermelho, o 2º de ouro de ouro, 4 bandas de azul. Se pensarmos que os cortados e os partidos são muitas vezes partições substitutas em heráldica, o brasão é muito semelhante ao de uma das hipóteses do brasão colombino (imagem 8).
Também não está posto de lado o facto das armas colombinas referirem-se ao Borgonha antigo (“bandado de 6 peças de ouro e azul”, com ou sem bordadura de vermelho - imagem 29), ao brasão de Salvago (que ajudaria, em parte, à tese genovesa, mas que passaram mais tarde a Portugal) ou ao brasão de Pessanha (“de prata, com uma banda dentelada de vermelho, carregada com três flores de liz de prata” - imagem 30), que, sendo de origem genovesa, passaram a Portugal no tempo de D. Dinis e em cuja casa, andava o Almirantado nacional, ajudando este elemento aqueles que se recordam da sentença colombina: “não sou o primeiro almirante na minha família”
A melhor probabilidade portuguesa, derivada da análise da armaria é a de pertencer à família dos Almada. Os Almada, descendem de Joanes Anes de Almada e deste de um cavaleiro inglês que tomou parte na conquista de Lisboa, têm por armas” de ouro, com uma banda de azul carregada de duas cruzes florenciadas e vazias de ouro, acompanhadas de duas aguietas de vermelho, armadas e sancadas de negro” (imagem 31). As cruzes florenciadas não constavam anteriormente das armas (imagem 32) tendo sido acrescentadas no século XIV-XV, quando João Vaz Almada, cavaleiro da Ordem da Jarreteira serviu D. João I, numa alusão evidente à crise de 1383-85.
Quanto aos primitivos Almada usaram como armas, as armas exactamente iguais às de Colombo: “de ouro, uma banda de azul” (imagem 5), que são as da família Trye, família do tal cavaleiro inglês que tomou lugar ao lado de D. Afonso Henriques na Conquista de Lisboa de que se conhece registo heráldico (III Roll Dering Roll, registo de Mathew de Trye, datado de cerca de 1275) e que deu origem aos Almada.
2.3.Simbologia das âncoras e outras questões à margem
Poderíamos analisar profundamente aqui a simbologia colombina, do ponto de vista do esoterismo ou da simbologia “maçónica” presente nos vários elementos heráldicos ou de “empresa” (a simbologia maçónica embora radicada numa tradição anterior, é obviamente posterior à época colombina), mas não me parece ser aqui o espaço para estudo dessa índole.
Um desses exemplos é a simbologia das romãs, inclusivamente presentes no túmulo colombino oitocentista. As romãs são sobretudo um símbolo feminino (por serem policarpos e gerarem muitos frutos), de tal ordem que na Idade Média, as árvores genealógicas ostentavam os ramos masculinos com ramos de carvalho e os femininos com ramos de romãzeira, que, na minha opinião, por si só, dificilmente podem ser associadas a um dos supostos candidatos a pai de Colombo: o infante D. Fernando, pai do rei D. Manuel.
A título de curiosidade, face à questão das romãs (interessantemente abordada por Manuel da Silva Rosa), relativamente aos quadros representando o infante D. Fernando, deve dizer-se que as pinturas são cerca de um século posteriores e as romãs, se o forem, são decorativas.[Alerta: O artigo sobre o retrato de D. Fernando é mais um do Dr. Manuel Luciano da Silva e não abordado por de Manuel Rosa - Manuel Rosa]. Por exemplo, na Genealogia do Infante D. Fernando (manuscrito do início do século XVI - imagem 33), filho de D. Manuel e neto do Infante D. Fernando em causa, não aparecem romãs, nem nos frondosos rebentos na árvore de gerações e é talvez o “retrato” existente mais antigo do Infante. Em relação à análise da “empresa”, de que consta uma bóia daria trabalho para outro estudo.
Se ajudar aos estudos colombinos, a romãzeira é também símbolo de S. Cristóvão, símbolo da conversão que dá frutos (na lenda medieval de S. Cristóvão, consta que S. Cristóvão estando em Samos, na Lícia, onde havia de ser martirizado, levou consigo o bordão, antes palmeira ou tamareira, com o qual bateu no chão da praça pública; o bordão transformou-se numa romãzeira e encheu de frutos os estéreis jardins da Cidade, levando à conversão de 8000 pessoas e à perseguição por parte do rei).
Fiquemos por agora pelas âncoras, que são um símbolo facilmente (e)legível na época colombina. A âncora, não é apenas um símbolo naútico, mas é, por exemplo, um atributo hagiográfico de S. Nicolau, padroeiro dos navegadores. A âncora associada à cruz simboliza a esperança dos cristãos em Cristo.
A cruz-âncora também foi emblema de São Clemente, Bispo de Roma, que de acordo com a tradição foi amarrado a uma âncora e lançado ao mar pelo imperador Trajano.
A cruz-âncora foi utilizada em imagens tumulares pré-cristãs, inicialmente como indicação da profissão, tendo-se tornado, nos primórdios do Cristianismo, devido à sua forma, um símbolo camuflado da Cruz, sinal de Redenção. Na escultura tumular cristã, a âncora acha-se frequentemente flanqueada por peixes ou golfinhos, igualmente figuras simbolicamente associadas a Cristo.
Parece-me sobretudo importante este facto de a âncora ter sido utilizada desde o século I pelos cristãos como sinal de cruz e símbolo da esperança, radicada na tradição Paulina: “Tenhamos poderosa consolação, nós, os que nos refugiamos em lançar mão da prometida esperança, a qual temos como âncora da alma, segura e firme” (cfr. Epístola aos Hebreus 6, 18-19).
Por isso, a alusão de que as âncoras poderiam ser, segundo alguns autores besantes ”disfarçados” não me parece lógica, mas que são elementos náuticos com uma claríssima e (à época) conhecida simbologia (vejam-se as páginas:www.pime.org.br/noticias.inc.php?&id_noticia=4281&id_sessao=2; http://www.jesuswalk.com/christian-symbols/anchor.htm).
Diga-se em abono da verdade que a âncora como elemento heráldico é raro na armaria portuguesa. Está presente nas armas dos Henriques (da Dinamarca): “de azul, com uma âncora de ouro”. Certos autores chegaram a associar estas armas às de Colombo, só que estas são as armas portuguesas dos Eriksen dinamarqueses, que passaram a Portugal em época mais tardia, onde indigenizaram o nome e que, em princípio, não devem ser tomadas em conta (apesar disso, observe-se a beleza dessas armas e das cenas marítimas envolventes, no enquadramento de uma tapeçaria do século XIV, que existe no convento de Wienhausen, na Baixa Saxónia – imagem 34) Outros Henriques utilizam um dos poucos mantéis conhecidos na heráldica portuguesa (imagem 35).
Uma de várias maneiras de solucionar o problema da heráldica e identidade colombina, passava por encontrar nos depósitos do Museu do Carmo (sobram algum fragmentos pétreos dos séc. XV-XVI da capela dos Monizes) os restos da sepultura de Filipa Perestrelo Moniz, mulher de Colombo. Não se conhece o local exacto e pode ter sido destruída em 1755 ou na reconstrução da Capela da Piedade.
A pedra tumular da mulher de Colombo, a julgar pelos modelos da época, se tivesse brasão, deveria ter usado à dextra o do marido antes de lhe ter sido concedido os acrescentos heráldicos - o que seria uma ajuda preciosa (veja-se uma reconstituição hipotética - imagem 36, conjugando as armas dos Perestrelo: “escudo partido; na primeira, em campo de oiro, um leão de púrpura armado de vermelho; na segunda, em campo de prata, uma banda azul, carregada de três estrelas de oito pontas entre seis rosas de vermelho de três em três em pala” e as de Moniz - imagens 37 e 38)
O mesmo poderia suceder na análise dos túmulos dos Zarco, na Madeira, (de quem Colombo poderia eventualmente descender), visto que não se conhecem se existiam ou como seriam as armas antes da concessão de 1460 a João Gonçalves Zarco, pelo que os túmulos poderão ter armas anteriores ou memórias heráldicas, importantes para esta investigação.
3-Podem os nomes colombinos ajudar na interpretação das armas?
A escolha de um nome pode ajudar ou complicar na interpretação das armas, mas não devemos excluir a possibilidade de investigarmos. A escolha do nome Cólon ou Colombo, por exemplo, é muito complexa, mas podemos levantar algumas hipóteses face a outras questões.
A escolha do nome Cristóvão não poderá estar ligado ao facto de ter nascido em dia de S. Cristóvão, 25 de Julho? Ou de ter estado em perigo de vida, de que S. Cristóvão era o padroeiro? São Cristóvão é um dos 14 santos padroeiros principais, sendo prática comum colocar as suas imagens, de grande tamanho, normalmente na parede norte das Igrejas, para que quem as visse não morresse nesse dia.
Sabemos, contudo, que é muito provável que Cristóvão Colombo se chamasse Pedro (probabilidade que os partidários da tese galega aproveitam muito bem). Isto baseia-se no facto de o genealogista Gaspar Frutuoso (1522-1591), que pesquisou os arquivos da Graciosa em 1580, indicar em determinado passo da sua obra Saudades da Terra (que ficou manuscrita), referindo-se aos “Furtados e Correias, nobres Fidalgos, também povoadores antigos desta Ilha de S. Miguel” que " estes são parentes dos Correias e Melos, pela parte dos Mendonças, e Dona Catarina de Mendonça, sua tia, era neta de uma irmã da mãe do Mestre de Santiago, Dona Ana de Mendonça, e da primeira baronesa de Alvito, e da mulher de Dom Pedro Colon, que descobriu as Índias de Castela."
Considerado muito rigoroso em genealogia, era praticamente contemporâneo de Colombo e conhecia bem as ligações familiares dos primeiros povoadores das Ilhas, pelo que não é provável que seja erro (é também curioso o facto de tratar Colombo por “Dom” e inclusivamente utilizar Colon em vez de Colombo).
O nome de Pedro está confirmado pelo Lucio Marineo Sículo (1460 – 1533) historiador siciliano, notável latinista, humanista, capelão dos Reis Católicos e seu cronista, que apelidou Colombo de Pedro, mencionando, em De rebus Hispaniae memorabilibus Libri XXV (Alcalá, 1530), “Petrum Colonum cum triginta navibus”. Tendo em conta que o conheceu, é ainda mais improvável o engano.
Na base da pura conjectura – uma entre tantas – interessaria aos historiadores colombinos verificar se Colombo (além das teses que o dão como filho de D. Fernando ou de qualquer outro membro da família real portuguesa) não poderia ser, por exemplo D. Pedro de Almada, filho de D. Fernando de Almada, 2º conde de Abranches e de D. Constança de Noronha, ou até Pedro Dias, irmão mais novo de Bartolomeu Dias.
Vejamos, na base - repito! - da pura conjectura: Bartolomeu Dias e Diogo Dias eram irmãos navegadores que aparecem e desaparecem em Espanha e Portugal quase como Bartolomeo Colon e Diego Colon aparecem e desaparecem lá. Sabe-se pouco do terceiro irmão Pedro Dias. Las Casas, por exemplo, refere que Bartolomeo Colon participou na dobragem do cabo da Boa Esperança e Colombo refere a dado passo que assistiu à partida de Bartolomeu Dias.
Do pouco que se conhece sobre Bartolomeu Dias (dos irmãos sabe-se ainda menos), sabe-se que foi um navegador português, descendente de Dinis Dias, outro descobridor. Ignora-se onde e quando nasceu, mas calcula-se que terá nascido cerca de 1450. Presume-se que Bartolomeu Dias foi escudeiro da Casa Real e recebedor do Armazém da Guiné, durante o período entre 1494 e 1497.
Um dos acontecimentos mais marcantes na vida deste navegador é, com certeza, a passagem do Cabo das Tormentas (acompanhou também a armada de Cabral, tendo a sua caravela perecido na tormenta). Rui de Pina, cronista de D. João II, vivendo de perto os acontecimentos, deu aparentemente mais importância a chegada de Colombo a Lisboa no regresso da viagem às Antilhas, do que à dobragem do Cabo. A importância da viagem de Bartolomeu Dias reduzida ao silêncio deve-se à política de sigilo, apesar do papel crucial na expansão marítima para a descoberta do caminho marítimo para a Índia.
Em fins de Agosto de 1487, Bartolomeu Dias partiu de Lisboa ou Vila Franca de Xira, comandando duas caravelas e uma naveta com mantimentos. Pêro de Alenquer é o piloto da caravela capitânia, S. Cristóvão (referência interessante). A outra, São Pantaleão é comandada por João Infante e Diogo Dias e a naveta por Pedro Dias, o supra-citado irmão de Bartolomeu e de Diogo. A missão regressa a Portugal em Dezembro de 1488, apelidando o dito cabo de Tormentoso, que D. João II renomeou em Cabo da Boa Esperança, “por aquilo que prometia para o descobrimento da Índia tão desejada”.
Se pensarmos no brasão de Bartolomeu Dias e das âncoras, símbolos da “Boa Esperança”, é uma hipótese a ter em conta, apesar de conjectural, mas não deixaria de ser facilitadora nas buscas documentais nos arquivos da Madeira, de Beja ou na própria Torre do Tombo.
Não escondo que gostaria muito de ver comprovada a tese do Colombo português, embora reconheça méritos – mesmo do ponto de vista da análise heráldica – à galega ou maiorquina, pelo que, neste jogo de análises, em grande medida conjecturais, sem ser acólito fanático da tese portuguesa, continuo a crer que a heráldica (portuguesa ou não), sendo uma ciência e uma arte, com rigor e regras muitos estritas pode dar, a par com a investigação documental um valioso contributo, pelo que não me admiraria que Colombo fosse efectivamente um membro da família dos Almada ou até Pedro Dias, irmão de Bartolomeu Dias.
Estou certo que, se os heraldistas – e em Portugal temo-los com grande qualidade – forem chamados a uma investigação séria, poderemos avançar muito e não duvido que o Instituto Português de Heráldica e a Associação dos Arqueólogois portgueses possa em colaboração com os estudioso colombinos ter contributos a dar.
Sei como uma imagem vale mais que mil palavras, mas um brasão sendo uma imagem com regras, é uma imagem, que pode conter em si própria a solução da sua própria interpretação…
BIBLIOGRAFIA
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ALBUQUERQUE, Luís de. Navegadores, viajantes e aventureiros portugueses, sécs. XV e XVI, s. L., 1987
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CEBALLOS-ESCALERA Y GILA. “Novedades y cambios en la heraldica castellana”, Comunicação ao VII Coloquio Internacional de Heraldica, Cáceres, 1991
COUTINHO, António Xavier da Gama Pereira. Os Representantes de Bartolomeu Dias e Paulo Dias de Novais, Edição do Autor, 1ª Edição, Matosinhos, 1938
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FRUTUOSO, Gaspar. Saudades da Terra (op.man)
MARTINEZ LLORENTE "El escudo de armas de Cristóbal Colón. Estudio de un acrecentamiento heráldico", Cuadernos Ayala, Madrid, Junho-Julho 2006
NÓBREGA, Artur Vaz-Osório. Compêndio Português de Heráldica de Família, Mediatexto, Lisboa, 2003
NORTON, Manuel Artur. A Heráldica em Portugal, Dislivro Lisboa, 2004,vol, I e II
LAS CASAS, Frei Bartolomé de. Historia de las Indias, Madrid, Imprenta de Miguel Ginesta, 1875
LOPES, Carlos "As conquistas e os descobrimentos na heráldica portuguesa do século XVI", Armas e Troféus, 1960
Um brasão poderá solucionar a identidade de Cristóvão Colombo?
Pressupostos:
1-Na época dos Descobrimentos, nos Reinos Peninsulares, incluindo Portugal, pelo facto de existir política de sigilo, era possível a um homem entrar num outro país com um nome falso ou adoptado. Porém o uso de armas era averiguado pelos oficiais de armas (mesmo, nos casos de Portugal e territórios da actual Itália, em que se conhece a existência de armas plebeias), para evitar a usurpação de armas, a fraude e a univocidade das mesmas (a cada possuidor suas armas).
2-Cristóvão Colombo usava armas antes de 1493, tendo-lhe sido concedido um acrescentamento honroso pelos Reis Católicos aquando da descoberta do Novo Mundo.
3-As armas anteriores a 1493 não seriam plebeias, uma vez que Colombo utilizava antes dessa data (a designação aparece logo no texto das Capitulações de Santa Fé), o tratamento de Don, o que significa que, antes de ter tido o reconhecimento pela descoberta do Novo Mundo, sem que lhe fossem conhecidos quaisquer outros méritos que justificassem a atribuição de tal deferência, é designado por esse tratamento que, ao contrário de hoje, implicava em Espanha não um mero tratamento formal, mas um reconhecimento de fidalguia.
1-Armas usadas por Colombo depois de 1493
Partindo dos pressupostos e percebendo que não há um documento coevo que nos indique a origem e a composição heráldica das armas colombinas primitivas, cabe-nos olhar para a chamada Provisão Real de 20 de Maio de 1493 e para a Carta d’Armas, com data de 1 de Junho do mesmo ano, para percebermos que os Reis Católicos fazem um acrescentamento honroso.
As armas descritas ficariam do seguinte modo: Esquartelado, I de verde, um castelo de ouro, II de prata, um leão de púrpura, armado de verde, III ondado de azul e prata, umas ilhas de ouro, IV armas não descritas.
Para sermos mais rigorosos, eis a tradução do texto da Carta d’Armas: “…além das vossas armas, em cima delas, um castelo e um leão, convém saber: o castelo de cor dourada, em campo verde, em cima do lado direito; no outro quartel em cima, do lado esquerdo, um leão de púrpura, em campo branco, armado de verde; e no outro quartel, em baixo do lado direito, umas ilhas douradas em ondas de mar; e no outro quartel em baixo do lado esquerdo, as vossas armas que soíades trazer”
Nesse acrescentamento, os Reis Católicos ordenam a colocação das armas primitivas no último quartel do esquartelado, descrevendo no primeiro e segundo quartéis as próprias armas reais diferenciadas (como aliás era próprio nas concessões régias, um pouco por toda a Europa) e no terceiro quartel, as armas alusivas à descoberta.
No quarto quartel, surgem - como se disse - as armas de Colombo, que não vêm descritas e indicadas sobre a expressão lacónica “armas vuestras que solíades tener”.
Escuso-me de escrever sobre as circunstâncias do acrescentamento honroso, visto que Martínez Llorente o fez com todo o rigor científico e profundo conhecimento de Armaria no seu estudo sobre o acrescentamento heráldico de Colombo.
2-Armas usadas por Colombo antes de 1493
A análise da Carta d’Armas, único e verdadeiro documento imageticamente fidedigno das armas originais, traz consigo alguns pormenores interessantes.
Por uma questão de rigor, diga-se em abono da verdade que, a menos que haja um documento anterior ou contemporâneo, as únicas armas rigorosas são efectivamente as armas descritas na Provisão Real e no registo da chancelaria dos Reis Católicos e iluminadas na Carta d’Armas (cuja foto foi publicada por Martínez Llorente) (imagem 1), ou até porque as outras representações das armas, mesmo a que está apensa aos documentos do Livro dos Privilégios (1502), são posteriores e poderiam ter sofrido alterações ou ter má qualidade por culpa ou desconhecimento do iluminador.
O oficial de armas que redige a Carta d’Armas, depois de descrever o acrescentamento heráldico concedido pelos Reis Católicos, tem a prudência de não descrever o último quartel das armas primitivas de Colombo, remetendo para a expressão: “as vossas armas que soíades trazer”, indicativa de três possibilidades: armas desconhecidas, armas assumidas ou armas reconhecidas.
A serem armas desconhecidas significa que o oficial de armas averiguando as armas do reino não encontrava outras iguais e que não estava comprometido o princípio da univocidade, mas escusava-se de as descrever porque eram armas estrangeiras.
A expressão pode também ser indicadora de que se tratavam de armas assumidas e nesse caso poder-se-ia falar tanto de armas plebeias como não-plebeias, assumidas em determinado momento pelo seu possuidor.
Quanto a armas reconhecidas, o oficial de armas poderia indicar que não sendo armas de linhagem, nem sendo armas assumidas, podiam ter sido armas novas, diferenciadas ou acrescentadas, mas cuja origem tinha sido verificada e o uso autorizado.
Curiosamente no acrescentamento heráldico a Hernan Cortes, Carlos V e Joana I outorgam acrescentamento honroso das armas “demas de las armas que assi tenéis de vuestro liñage”, não descrevendo as armas, mas explicitando que se tratavam de armas de família pré-existentes. Apesar de o cronista não se referir às armas como sendo de família, Las Casas indica que as armas do último quartel do brasão colombino são as de “su liñage antiguo”.
Apesar de Martínez Llorente ter publicado a fotografia da iluminura da Carta de Armas, o último quartel oferece-nos algumas dificuldades na própria análise e correcta descrição do que seriam as armas que Colombo utilizou (imagem 2).
2.1. Desmontagem e hipóteses de leituras das armas
O brasão debuxado no último quartel pode ser descrito/interpretado dos seguintes modos:
1ª Hipótese (armas completas)
De ouro, banda de azul e chefe de vermelho, mantelado de azul carregado de cinco âncoras de ouro postas em aspa e volvidas à dextra. (imagem 3)
2ª Hipótese (dois escudos)
1º escudo: de vermelho, mantelado de azul, com cinco âncoras de ouro postas em aspa e volvidas à dextra. (imagem 4)
2º escudo: de ouro, banda de azul. (imagem 5)
3ª Hipótese (dois escudos)
1º escudo: de azul, carregado de cinco âncoras de ouro postas em aspa e volvidas à dextra. (imagem 6)
2º escudo: de ouro, banda de azul e chefe de vermelho. (imagem 7)
4ª Hipótese (dois escudos)
1º escudo: de azul, carregado de cinco âncoras de ouro postas em aspa e volvidas à dextra. (imagem 6)
2º escudo: cortado, I pleno de vermelho, II de ouro, banda de azul. (imagem 8)
De ouro, banda de azul e chefe de vermelho, mantelado de azul carregado de cinco âncoras de ouro postas em aspa e volvidas à dextra. (imagem 3)
2ª Hipótese (dois escudos)
1º escudo: de vermelho, mantelado de azul, com cinco âncoras de ouro postas em aspa e volvidas à dextra. (imagem 4)
2º escudo: de ouro, banda de azul. (imagem 5)
3ª Hipótese (dois escudos)
1º escudo: de azul, carregado de cinco âncoras de ouro postas em aspa e volvidas à dextra. (imagem 6)
2º escudo: de ouro, banda de azul e chefe de vermelho. (imagem 7)
4ª Hipótese (dois escudos)
1º escudo: de azul, carregado de cinco âncoras de ouro postas em aspa e volvidas à dextra. (imagem 6)
2º escudo: cortado, I pleno de vermelho, II de ouro, banda de azul. (imagem 8)
Fazendo apenas breves alusões às armas, deve-se dizer que o mantel é relativamente raro na heráldica portuguesa, mas relativamente comum na espanhola, o que pode gerar alguma confusão: o mantel ajuda à tese espanhola, catalã e maiorquina, os elementos em aspa à tese portuguesa, a banda à tese galega, e a banda em conjunto com o chefe à tese genovesa e italiana, em geral.
A propósito da já quase abandonada tese genovesa, está comprovado que no caso do brasão das âncoras (imagem 6) não estamos perante o brasão dos tecelões de Génova.
Ao contrário de Florença, nem todas as corporações de mesteres genovesas tinham armas, sabendo-se que os “cardatori” e “lanaioli” genoveses estavam organizados em pequenos grupos (uma espécie de “albergues de ofícios”) e não numa grande corporação.
Cada um desses pequenos grupos utilizava signas e só raramente armas, pelo que não faz sentido considerar as âncoras como armas dessa corporação. Através da análise das suas armas, seria mais provável Colombo pertencer à famosa Irmandade de S. Cristovão de Alberg - veja-se um exemplo sugestivo retirado do seu armorial, Sancti Christophori am Arlberg Bruderschafts Buch, realizado entre os anos de 1350 e 1647 (imagem 9) - do que aos “lanaioli” genoveses”.
Perante a questão das âncoras, podemos também estar perante uma errada leitura, dado que o mau estado em que está a Carta d’Armas não nos permite perceber se estamos perante âncoras ou outra peça semelhante, por exemplo um gume de curtidor.
Analisando, a peça, a ser uma âncora, não tem cepo, mas somente ferro (partindo do princípio que a amarra pode não aparecer). O gume de curtidor aparece, por exemplo nas armas dos Franckestein, no quatrocentista Armorial de Gelre (imagem 10), (de ouro, um gume de curtidor de vermelho, volvido ao chefe) ou na Agremiação dos Sapateiros de Caudebec - Normandia (de vermelho, um gume de curtidor de prata, encabado de ouro volvido ao chefe) (imagem 11),
Mesmo partindo do princípio que são âncoras, por comparação com representações posteriores, relativamente contemporâneas, porque estão volvidas à dextra, ou seja ”deitadas”?
Serão uma alusão à possível bastardia do possuidor? Deveríamos procurar armas direitas: de azul, cindo âncoras postas em aspa (imagem 12).
À guisa de exemplo, D. João II ordena, no contexto da reforma heráldica das armas régias de Portugal, além da retirada da cruz de Avis, que os escudetes apontados ao coração do escudo fossem “endireitados”, porque tal poderia ser interpretado como “quebra”, id est, como indicativo de bastardia.
A serem armas familiares, as âncoras podem, por exemplo, significar também diferença das armas do chefe da linhagem. Deveríamos procurar as seguintes armas: de azul, cinco cruzetas de ouro postas em aspa (imagem 13), uma vez que, em heráldica as âncoras são substitutos das cruzes e uma vez que simbolicamente, como veremos, uma âncora foi usado como sinal da cruz cristã?
Armas muito semelhantes a estas (e presentes em algumas armas usadas em Portugal - imagem 14) é uma das variantes das armas dos Palaelogi (imagens 15 e 16), imperadores de Constantinopla (imagem 17), aparentados com os do Reino de Jerusalém (imagem 18), cuja família entronca muitas famílias europeias (os Reis de Chipre, aparentados com os Moniz da família da esposa de Colombo), o que não deixa de ser interessante visto que o seu filho Hernando afirma acerca de Colombo "que sendo seus antepassados de sangue real de Jerusalém, achou por bem que a sua linhagem não fosse conhecida".
A título de curiosidade e a propósito de símbolos radicados no Cristianismo, no brasão do Ordem do Carmo (imagem 19), o campo do escudo a castanho (não sendo uma cor tipicamente heráldica) significa o Monte Carmelo. No 1º escudo da 2ª hipótese (imagem 4), o campo de vermelho poderia ser interpretado como referência à “Tierra Rubia”, terra ou monte vermelho, que Las Casas dá como origem colombina (para as teses portuguesas poderiam funcionar como referências hipotéticas de armaria o “Pico Vermelho”, na Ribeira Grande - S. Miguel, Açores ou “Vila Ruiva”, próxima de Cuba, Alentejo).
2.2. Explorando a hipótese de serem armas portuguesas
Face às hipóteses supra-indicadas, poderão os Heraldistas de outros países, procurar armas semelhantes. Não duvido que os adeptos da tese catalã, as comparem com as dos Colom de Tarroja de Segarra (Catalunha - imagem 7) e que sendo efectivamente semelhantes, parecem ser posteriores.
É de crer que, na óptica de Heráldica comparada, se encontrem armas semelhantes por toda a Europa e até em armas indigenizadas (dos que passaram a Portugal em época posterior, temos, por exemplo, semelhança nas armas usadas pelos Lemercier, da Flandres – “de prata, uma banda de azul, carregada de três vieiras de prata”).
Contudo, como Colombo viveu em Portugal antes de 1493 e tinha armas, poderia ou poderá existir memória dessas armas, até porque poderá tê-las usado, assumido ou ganho em contexto português, além de que é muito natural que as armas tenham sido, como em Espanha, sujeitas ao exame dos oficiais de armas. Pode ainda dar-se o caso de Colombo ser efectivamente português, independentemente da sua origem (régia, fidalga ou plebeia).
Não obstante, como nos diz Silva Lopes, há que ter em conta o facto de “nem todas as mercês heráldicas haverem sido registadas nos livros existentes”. Também devemos ter em conta que a assunção de armas só terminou definitivamente, no reinado de D. Manuel, em 1512, apesar de controlos anteriores, nomeadamente o do controlo no uso de armas burguesas com D. Afonso V.
Face aos registos heráldicos, temos como problema inicial a questão de os registos de armaria mais antigos terem desaparecido (com excepção dos esculpidos na tumulária medieval – cuja recompilação tenho vindo a realizar) e de ter desaparecido no terramoto de 1755 o Livro dos Reis d’Armas, de João Rodrigues, registo de armaria contemporâneo de Colombo, de quem nos diz Manuel Artur Norton: “o citado Códice que João Rodrigues debuxou e escreveu por ordem do rei D. João II, era para registar a aristocracia que poderia ser chamada para o serviço régio”. Tal referência não deixa de ser assaz interessante, se nos lembrarmos que, na versão oficial, Colombo ofereceu os seus préstimos à Coroa Portuguesa e que, de algum modo, poderia as suas armas ou as de sua família estarem aí debuxadas.
Silva Lopes, no seu estudo sobre as armas da época, relacionadas com os Descobrimentos, distingue vários tipos: armas novas, acrescentamento, substituição e alteração. Poderíamos analisar aqui vários casos, de armas concedidas na época, por questões de serviço, mas para isso, remetemo-nos para aquele estudo.
Há casos, como o de João Gonçalves Zarco, de quem é conhecida a concessão de armas (“de negro, torre de prata, assente em monte de verde, sustida por dois lobos rampantes de ouro) e novo apelido, Câmara de Lobos, passada a 4 de Julho de 1460. Para aqueles que radicam nesta família uma hipótese de ascendência colombina, não deixa de ser interessante o Brasão d’Armas com que alguns Câmara passaram à Galiza, aí usando: “partido, I de azul, três faixas de ouro, II prata, leão de vermelho” (imagem 20 - compare-se com a imagem 2). Já de Tristão Vaz conhecem-se armas, através do uso dos seus descendentes mas não se conhece registo.
Sem excluir os que tradicionalmente, em Portugal e estrangeiro, tinham armas bem antigas com elementos colocados em aspa, os heraldistas foram percebendo que o uso e atribuição de quinas ou elementos colocados em sautor são típicos do Reinado de D, João II (Nicolau Coelho, por exemplo - imagem 21) com continuidade no de D. Manuel (por exemplo, a doação do rei D. Manuel ao Rei do Manicongo, ou a Vasco da Gama - imagem 22).
Não quer isto dizer que as âncoras de Colombo tenham que ser “aparentadas” com os cinco novelos posto em aspa do brasão de Bartolomeu Dias (imagem 23), que se conhecem sobretudo pelo uso dos descendentes, de apelido Novais ou Nabais (“de azul, cinco novelos de prata” - imagem 24), mas não deixam de ser aproximadas em termos heráldicos.
Por isso, não deixa de ser uma hipótese a considerar que, nas armas de Colombo, a partição das âncoras poderia ser um acrescentamento honroso às armas de linhagem, feito por D. João II, mesmo sem registo, in pectore, ou até de registo perdido.
A associação a Portugal pelas quinas e elementos postos em aspa era de tal maneira que o brasão que Duarte Pacheco Pereira recebe do Rei de Cochim, em 1504, contempla elementos postos em aspa (“de vermelho, cinco coroas de ouro, de oito florões, postas em sautor, bordadura de prata, aguada de azul, carregada de oito castelos de madeira, de verde…).
Nada impedia, pois, que Colombo recebesse um acrescentamento honroso dos Reis Católicos depois de poder ter recebido um de D. João II, mesmo que fosse in pectore, constituído por cinco âncoras em aspa, um entre os acrescentamentos honrosos e armas atribuídos por esse rei do qual se perderam muitos dados, nos terramotos de 1531 e 1755.
Quanto ao uso da banda, partindo da possibilidade de Colombo ser português ou descendente de portugueses poderia ser um Ataíde (imagem 25), um Viegas, um Azambuja (imagem 26), um Albornoz um Lisboa (uma família medieval da qual se conhece pouco, mas que teve bastante importância até ao século XV – imagem 27) ou um Anhaia, isto para citar algumas família portuguesas que poderiam ser aparentadas na sua heráldica, pelo uso de bandados. A propósito da banda, houve quem sugerisse que Colombo poderia ser membro da ordem da Banda, facto de não consegui encontrar referência fidedigna.
Uma outra hipótese, correspondente com alguma tese galega, seria pertencer à família portuguesa (dec raiz galega) Gundar (imagem 28): partido de vermelho, o 2º de ouro de ouro, 4 bandas de azul. Se pensarmos que os cortados e os partidos são muitas vezes partições substitutas em heráldica, o brasão é muito semelhante ao de uma das hipóteses do brasão colombino (imagem 8).
Também não está posto de lado o facto das armas colombinas referirem-se ao Borgonha antigo (“bandado de 6 peças de ouro e azul”, com ou sem bordadura de vermelho - imagem 29), ao brasão de Salvago (que ajudaria, em parte, à tese genovesa, mas que passaram mais tarde a Portugal) ou ao brasão de Pessanha (“de prata, com uma banda dentelada de vermelho, carregada com três flores de liz de prata” - imagem 30), que, sendo de origem genovesa, passaram a Portugal no tempo de D. Dinis e em cuja casa, andava o Almirantado nacional, ajudando este elemento aqueles que se recordam da sentença colombina: “não sou o primeiro almirante na minha família”
A melhor probabilidade portuguesa, derivada da análise da armaria é a de pertencer à família dos Almada. Os Almada, descendem de Joanes Anes de Almada e deste de um cavaleiro inglês que tomou parte na conquista de Lisboa, têm por armas” de ouro, com uma banda de azul carregada de duas cruzes florenciadas e vazias de ouro, acompanhadas de duas aguietas de vermelho, armadas e sancadas de negro” (imagem 31). As cruzes florenciadas não constavam anteriormente das armas (imagem 32) tendo sido acrescentadas no século XIV-XV, quando João Vaz Almada, cavaleiro da Ordem da Jarreteira serviu D. João I, numa alusão evidente à crise de 1383-85.
Quanto aos primitivos Almada usaram como armas, as armas exactamente iguais às de Colombo: “de ouro, uma banda de azul” (imagem 5), que são as da família Trye, família do tal cavaleiro inglês que tomou lugar ao lado de D. Afonso Henriques na Conquista de Lisboa de que se conhece registo heráldico (III Roll Dering Roll, registo de Mathew de Trye, datado de cerca de 1275) e que deu origem aos Almada.
2.3.Simbologia das âncoras e outras questões à margem
Poderíamos analisar profundamente aqui a simbologia colombina, do ponto de vista do esoterismo ou da simbologia “maçónica” presente nos vários elementos heráldicos ou de “empresa” (a simbologia maçónica embora radicada numa tradição anterior, é obviamente posterior à época colombina), mas não me parece ser aqui o espaço para estudo dessa índole.
Um desses exemplos é a simbologia das romãs, inclusivamente presentes no túmulo colombino oitocentista. As romãs são sobretudo um símbolo feminino (por serem policarpos e gerarem muitos frutos), de tal ordem que na Idade Média, as árvores genealógicas ostentavam os ramos masculinos com ramos de carvalho e os femininos com ramos de romãzeira, que, na minha opinião, por si só, dificilmente podem ser associadas a um dos supostos candidatos a pai de Colombo: o infante D. Fernando, pai do rei D. Manuel.
A título de curiosidade, face à questão das romãs (interessantemente abordada por Manuel da Silva Rosa), relativamente aos quadros representando o infante D. Fernando, deve dizer-se que as pinturas são cerca de um século posteriores e as romãs, se o forem, são decorativas.[Alerta: O artigo sobre o retrato de D. Fernando é mais um do Dr. Manuel Luciano da Silva e não abordado por de Manuel Rosa - Manuel Rosa]. Por exemplo, na Genealogia do Infante D. Fernando (manuscrito do início do século XVI - imagem 33), filho de D. Manuel e neto do Infante D. Fernando em causa, não aparecem romãs, nem nos frondosos rebentos na árvore de gerações e é talvez o “retrato” existente mais antigo do Infante. Em relação à análise da “empresa”, de que consta uma bóia daria trabalho para outro estudo.
Se ajudar aos estudos colombinos, a romãzeira é também símbolo de S. Cristóvão, símbolo da conversão que dá frutos (na lenda medieval de S. Cristóvão, consta que S. Cristóvão estando em Samos, na Lícia, onde havia de ser martirizado, levou consigo o bordão, antes palmeira ou tamareira, com o qual bateu no chão da praça pública; o bordão transformou-se numa romãzeira e encheu de frutos os estéreis jardins da Cidade, levando à conversão de 8000 pessoas e à perseguição por parte do rei).
Fiquemos por agora pelas âncoras, que são um símbolo facilmente (e)legível na época colombina. A âncora, não é apenas um símbolo naútico, mas é, por exemplo, um atributo hagiográfico de S. Nicolau, padroeiro dos navegadores. A âncora associada à cruz simboliza a esperança dos cristãos em Cristo.
A cruz-âncora também foi emblema de São Clemente, Bispo de Roma, que de acordo com a tradição foi amarrado a uma âncora e lançado ao mar pelo imperador Trajano.
A cruz-âncora foi utilizada em imagens tumulares pré-cristãs, inicialmente como indicação da profissão, tendo-se tornado, nos primórdios do Cristianismo, devido à sua forma, um símbolo camuflado da Cruz, sinal de Redenção. Na escultura tumular cristã, a âncora acha-se frequentemente flanqueada por peixes ou golfinhos, igualmente figuras simbolicamente associadas a Cristo.
Parece-me sobretudo importante este facto de a âncora ter sido utilizada desde o século I pelos cristãos como sinal de cruz e símbolo da esperança, radicada na tradição Paulina: “Tenhamos poderosa consolação, nós, os que nos refugiamos em lançar mão da prometida esperança, a qual temos como âncora da alma, segura e firme” (cfr. Epístola aos Hebreus 6, 18-19).
Por isso, a alusão de que as âncoras poderiam ser, segundo alguns autores besantes ”disfarçados” não me parece lógica, mas que são elementos náuticos com uma claríssima e (à época) conhecida simbologia (vejam-se as páginas:
Diga-se em abono da verdade que a âncora como elemento heráldico é raro na armaria portuguesa. Está presente nas armas dos Henriques (da Dinamarca): “de azul, com uma âncora de ouro”. Certos autores chegaram a associar estas armas às de Colombo, só que estas são as armas portuguesas dos Eriksen dinamarqueses, que passaram a Portugal em época mais tardia, onde indigenizaram o nome e que, em princípio, não devem ser tomadas em conta (apesar disso, observe-se a beleza dessas armas e das cenas marítimas envolventes, no enquadramento de uma tapeçaria do século XIV, que existe no convento de Wienhausen, na Baixa Saxónia – imagem 34) Outros Henriques utilizam um dos poucos mantéis conhecidos na heráldica portuguesa (imagem 35).
Uma de várias maneiras de solucionar o problema da heráldica e identidade colombina, passava por encontrar nos depósitos do Museu do Carmo (sobram algum fragmentos pétreos dos séc. XV-XVI da capela dos Monizes) os restos da sepultura de Filipa Perestrelo Moniz, mulher de Colombo. Não se conhece o local exacto e pode ter sido destruída em 1755 ou na reconstrução da Capela da Piedade.
A pedra tumular da mulher de Colombo, a julgar pelos modelos da época, se tivesse brasão, deveria ter usado à dextra o do marido antes de lhe ter sido concedido os acrescentos heráldicos - o que seria uma ajuda preciosa (veja-se uma reconstituição hipotética - imagem 36, conjugando as armas dos Perestrelo: “escudo partido; na primeira, em campo de oiro, um leão de púrpura armado de vermelho; na segunda, em campo de prata, uma banda azul, carregada de três estrelas de oito pontas entre seis rosas de vermelho de três em três em pala” e as de Moniz - imagens 37 e 38)
O mesmo poderia suceder na análise dos túmulos dos Zarco, na Madeira, (de quem Colombo poderia eventualmente descender), visto que não se conhecem se existiam ou como seriam as armas antes da concessão de 1460 a João Gonçalves Zarco, pelo que os túmulos poderão ter armas anteriores ou memórias heráldicas, importantes para esta investigação.
3-Podem os nomes colombinos ajudar na interpretação das armas?
A escolha de um nome pode ajudar ou complicar na interpretação das armas, mas não devemos excluir a possibilidade de investigarmos. A escolha do nome Cólon ou Colombo, por exemplo, é muito complexa, mas podemos levantar algumas hipóteses face a outras questões.
A escolha do nome Cristóvão não poderá estar ligado ao facto de ter nascido em dia de S. Cristóvão, 25 de Julho? Ou de ter estado em perigo de vida, de que S. Cristóvão era o padroeiro? São Cristóvão é um dos 14 santos padroeiros principais, sendo prática comum colocar as suas imagens, de grande tamanho, normalmente na parede norte das Igrejas, para que quem as visse não morresse nesse dia.
Sabemos, contudo, que é muito provável que Cristóvão Colombo se chamasse Pedro (probabilidade que os partidários da tese galega aproveitam muito bem). Isto baseia-se no facto de o genealogista Gaspar Frutuoso (1522-1591), que pesquisou os arquivos da Graciosa em 1580, indicar em determinado passo da sua obra Saudades da Terra (que ficou manuscrita), referindo-se aos “Furtados e Correias, nobres Fidalgos, também povoadores antigos desta Ilha de S. Miguel” que " estes são parentes dos Correias e Melos, pela parte dos Mendonças, e Dona Catarina de Mendonça, sua tia, era neta de uma irmã da mãe do Mestre de Santiago, Dona Ana de Mendonça, e da primeira baronesa de Alvito, e da mulher de Dom Pedro Colon, que descobriu as Índias de Castela."
Considerado muito rigoroso em genealogia, era praticamente contemporâneo de Colombo e conhecia bem as ligações familiares dos primeiros povoadores das Ilhas, pelo que não é provável que seja erro (é também curioso o facto de tratar Colombo por “Dom” e inclusivamente utilizar Colon em vez de Colombo).
O nome de Pedro está confirmado pelo Lucio Marineo Sículo (1460 – 1533) historiador siciliano, notável latinista, humanista, capelão dos Reis Católicos e seu cronista, que apelidou Colombo de Pedro, mencionando, em De rebus Hispaniae memorabilibus Libri XXV (Alcalá, 1530), “Petrum Colonum cum triginta navibus”. Tendo em conta que o conheceu, é ainda mais improvável o engano.
Na base da pura conjectura – uma entre tantas – interessaria aos historiadores colombinos verificar se Colombo (além das teses que o dão como filho de D. Fernando ou de qualquer outro membro da família real portuguesa) não poderia ser, por exemplo D. Pedro de Almada, filho de D. Fernando de Almada, 2º conde de Abranches e de D. Constança de Noronha, ou até Pedro Dias, irmão mais novo de Bartolomeu Dias.
Vejamos, na base - repito! - da pura conjectura: Bartolomeu Dias e Diogo Dias eram irmãos navegadores que aparecem e desaparecem em Espanha e Portugal quase como Bartolomeo Colon e Diego Colon aparecem e desaparecem lá. Sabe-se pouco do terceiro irmão Pedro Dias. Las Casas, por exemplo, refere que Bartolomeo Colon participou na dobragem do cabo da Boa Esperança e Colombo refere a dado passo que assistiu à partida de Bartolomeu Dias.
Do pouco que se conhece sobre Bartolomeu Dias (dos irmãos sabe-se ainda menos), sabe-se que foi um navegador português, descendente de Dinis Dias, outro descobridor. Ignora-se onde e quando nasceu, mas calcula-se que terá nascido cerca de 1450. Presume-se que Bartolomeu Dias foi escudeiro da Casa Real e recebedor do Armazém da Guiné, durante o período entre 1494 e 1497.
Um dos acontecimentos mais marcantes na vida deste navegador é, com certeza, a passagem do Cabo das Tormentas (acompanhou também a armada de Cabral, tendo a sua caravela perecido na tormenta). Rui de Pina, cronista de D. João II, vivendo de perto os acontecimentos, deu aparentemente mais importância a chegada de Colombo a Lisboa no regresso da viagem às Antilhas, do que à dobragem do Cabo. A importância da viagem de Bartolomeu Dias reduzida ao silêncio deve-se à política de sigilo, apesar do papel crucial na expansão marítima para a descoberta do caminho marítimo para a Índia.
Em fins de Agosto de 1487, Bartolomeu Dias partiu de Lisboa ou Vila Franca de Xira, comandando duas caravelas e uma naveta com mantimentos. Pêro de Alenquer é o piloto da caravela capitânia, S. Cristóvão (referência interessante). A outra, São Pantaleão é comandada por João Infante e Diogo Dias e a naveta por Pedro Dias, o supra-citado irmão de Bartolomeu e de Diogo. A missão regressa a Portugal em Dezembro de 1488, apelidando o dito cabo de Tormentoso, que D. João II renomeou em Cabo da Boa Esperança, “por aquilo que prometia para o descobrimento da Índia tão desejada”.
Se pensarmos no brasão de Bartolomeu Dias e das âncoras, símbolos da “Boa Esperança”, é uma hipótese a ter em conta, apesar de conjectural, mas não deixaria de ser facilitadora nas buscas documentais nos arquivos da Madeira, de Beja ou na própria Torre do Tombo.
Não escondo que gostaria muito de ver comprovada a tese do Colombo português, embora reconheça méritos – mesmo do ponto de vista da análise heráldica – à galega ou maiorquina, pelo que, neste jogo de análises, em grande medida conjecturais, sem ser acólito fanático da tese portuguesa, continuo a crer que a heráldica (portuguesa ou não), sendo uma ciência e uma arte, com rigor e regras muitos estritas pode dar, a par com a investigação documental um valioso contributo, pelo que não me admiraria que Colombo fosse efectivamente um membro da família dos Almada ou até Pedro Dias, irmão de Bartolomeu Dias.
Estou certo que, se os heraldistas – e em Portugal temo-los com grande qualidade – forem chamados a uma investigação séria, poderemos avançar muito e não duvido que o Instituto Português de Heráldica e a Associação dos Arqueólogois portgueses possa em colaboração com os estudioso colombinos ter contributos a dar.
Sei como uma imagem vale mais que mil palavras, mas um brasão sendo uma imagem com regras, é uma imagem, que pode conter em si própria a solução da sua própria interpretação…
BIBLIOGRAFIA
ALBUQUERQUE, Luís de. Os descobrimentos portugueses, Lisboa: Publicações Alfa, 1985
ALBUQUERQUE, Luís de. Navegadores, viajantes e aventureiros portugueses, sécs. XV e XVI, s. L., 1987
CAMPOS, Viriato, Viagens de Diogo Cão e de Bartolomeu Dias: contribuições para o seu estudo, Lisboa: Parceria A. M. Pereira, 1966
CEBALLOS-ESCALERA Y GILA. “Novedades y cambios en la heraldica castellana”, Comunicação ao VII Coloquio Internacional de Heraldica, Cáceres, 1991
COUTINHO, António Xavier da Gama Pereira. Os Representantes de Bartolomeu Dias e Paulo Dias de Novais, Edição do Autor, 1ª Edição, Matosinhos, 1938
FONSECA, Luís Adão da, O essencial sobre Bartolomeu Dias, [S.l.]: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1987
FRUTUOSO, Gaspar. Saudades da Terra (op.man)
MARTINEZ LLORENTE "El escudo de armas de Cristóbal Colón. Estudio de un acrecentamiento heráldico", Cuadernos Ayala, Madrid, Junho-Julho 2006
NÓBREGA, Artur Vaz-Osório. Compêndio Português de Heráldica de Família, Mediatexto, Lisboa, 2003
NORTON, Manuel Artur. A Heráldica em Portugal, Dislivro Lisboa, 2004,vol, I e II
LAS CASAS, Frei Bartolomé de. Historia de las Indias, Madrid, Imprenta de Miguel Ginesta, 1875
LOPES, Carlos "As conquistas e os descobrimentos na heráldica portuguesa do século XVI", Armas e Troféus, 1960
ROSA, Manuel da Silva. O Mistério Colombo Revelado, Ésquilo, 2006
www.instituto-camoes.pt/revista/bravhomens.htm
www.pime.org.br/noticias.inc.php?&id_noticia=4281&id_sessao=2
www.jesuswalk.com/christian-symbols/anchor.htm
Nota: a imagem 1 é de Martinez Llorente, as imagens 9, 10 e 34 são de Heraldry: A Pictorial Archive for Artists and Designers, de Fox-Davies, a imagem 33 é da Genealogia do Infante D. Fernando, as imagens 14,17,18, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 29, 30, 31, 35, 37, 38 são do Livro do Armeiro Mor e as restantes desenhos da minha pena
www.instituto-camoes.pt/revista/bravhomens.htm
www.pime.org.br/noticias.inc.php?&id_noticia=4281&id_sessao=2
www.jesuswalk.com/christian-symbols/anchor.htm
Nota: a imagem 1 é de Martinez Llorente, as imagens 9, 10 e 34 são de Heraldry: A Pictorial Archive for Artists and Designers, de Fox-Davies, a imagem 33 é da Genealogia do Infante D. Fernando, as imagens 14,17,18, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 29, 30, 31, 35, 37, 38 são do Livro do Armeiro Mor e as restantes desenhos da minha pena
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