quinta-feira, junho 04, 2009

Refinadas trafulhices

Aqui apresentamos os documentos do discutido Mayorazgo de 1498

Documento 1
(cópia moderna. Arquivo General de las Índias. Patronato.8,R.3, a qual conjuga numa única cópia, esta Transcrição da Autorização Real datada de 1497, e também o Mayorazgo datado de 22Fev1498 e o testamento datado de 19Mai1506)

Título: Testamento y mayorazgo del Almirante Don Cristoval Colón

En la muy noble Ciudad de Sevilla á [_____] del mes de [______] año del Nacimiento de nuestro Salvador Jesucristo de mil y cuatrocientos y noventa y siete años estando dentro en las casas donde posa el muy magnéfico Sr. D. Cristóbal Colon, Almirante mayor del mar Océano, Visorey y Gobernador de las Indias y tierra-firme, por el Rey y la Reina nuestros Señores y su Capitan general del mar, que son en esta Ciudad en la colacion de Santa María estando ahí presente el dicho Seño Almirante, y en presencia de mi Martin Rodriguez, Escribano público de la dicha Ciudad, y de los Escribanos de Sevilla que dello fueron presentes: é luego el dicho Señor Almirante presenté ante nos los dichos Escribanos una Carta de licencia para que pudiese facer Mayorazgo, del Rey y de la Reina nuestros Señores escrita en papel y firmada de sus Reales nombres, y sellada con su sello á las espaldas, y firmada del Seño Doctor Talavera, segun que por ella parece: su tenor de la cual de verbo ad verbum es este que se sigue:

Y asimismo este es traslado de una Carta de Mayorazgo eucrita en papel, y firmada del nombre de su Señoría del dicho Señor D. Cristóbal Colon, segun que por ella parecia, su tenor de la cual de verbo ad verbum es este que se sigue:

Don Fernando y Doña Isabel &c. Por cuanto vos, D. Cristóbal Colon, nuestro Almirante, /

Como se vê na penúltima linha da primeira folha (acima), na qual consta: D. Fernando y Dª Isabel ..., é o início da Transcrição da Autorização Real dada a Cristóvão Colon em 23 Abril de 1497 para fazer mayorazgo, que continua nas folhas seguintes

/ Visorey y Gobernador del mar Océano, nos suplicastes y pedistes por merced que vos diésemos nuestro poder é facultad para facer é establecer de vuestros bienes, vasallos é heredamientos, oficios perpetuos, uno ó dos Mayorazgos, porque quede perpetua memoria de vos é de vuestra casa é linage, é porque los que de vos vinieren sean honrados lo cual por Nos visto, é considerando que á los Reyes y Príncipes es propia cosa honrar é sublimar á sus súbditos y naturales, especialmente á aquellos que bien é lealmente los sirven: é porque en se facer los tales Mayorazgos es honor de la Corona Real destos nuestros Reinos, é pro é bien dellos, é acatando los muchos, buenos, leales é grandes é continuos servicios que vos el dicho D. Cristóbal Colon, nuestro Almirante, nos habedes fecho é facedes de cada dia, especialmente en descobrir é atraer á nuestro poder é Señorío las islas é tierra-firme que descubristes en el dicho mar Océano mayormente porque esperamos, con ayuda de Dios nuestro Señor, redundará en mucho servicio suyo é honra nuestra, é pro é utilidad de nuestros Reinos, é porque se espera que los pobladores de las dichas Indias se convertirán á nuestra Santa Fe Católica tuvimoslo por bien, é por esta nuestra Carta de nuestro propio motu, é cierta sciencia y poderío Real absoluto, de que en esta parte queremos usar é usamos como Rey é Reina é Señores, no reconocientes superior en lo temporal, vos damos licencia é facultad para que cada é cuando vos quisiéredes é por bien tuviéredes así en vuestra vida por simple contrato é manda, como por donacion entre vivos, como por vuestro testamento y postrimera voluntad, é por codicilo, ó en otra manera cualquiera que quisiéredes é por bien tuviéredes, /


/ podades facer é fagades Mayorazgo ó Mayorazgos, por una ó dos ó tres Escrituran, ó por muchas, tantas cuantas veces y en la manera que quisiéredes é bien visto vos fuere, é aquel é aquellos, ó cualquier cosa ó parte dellos, podades revocar, testar é emendar é añadir é quitar é menguar é acrecentar una é dos é tres veces, é cuantas mas veces, é como, é en la manera que quisiéredes é bien visto vos fuere: é que el dicho Mayorazgo ó Mayorazgos podades facer é fagades en D. Diego Colon vuestro hijo mayor legítimo, ó en cualquier de vuestros hijos, herederos, que hoy dia tendes ó toviéredes de aquí adelante. E en defeto é falta de hijos en uno ó dos de vuestros parientes ó otras personas que vos quisiéredes, é bien visto vos fuere. (...)

(...)Dada en la Ciudad de Búrgos á veinte y tres dias del mes de Abril, año del Nacimiento de nuestro Señor Jesucristo de mil y cuatrocientos y noventa y siete años.=YO EL REY.=YO LA REINA.=Yo Fernand Alvarez de Toledo, Secretario del Rey y de la Reina nuestros Señores la fice escrebir por su mandado.=Rodericus, Doctor.=Registrada.=Alonso Perez.
Como também se pode ver no penúltimo parágrafo da primeira folha, o documento original também previa transcrever a própria Carta de Mayorazgo, escrita em papel e assinada com o nome de Don Cristóbal Colón
(ora, em 1497 ainda não estava feita a Carta de Mayorazgo - foi feita em 22 de Fevereiro de 1498, em pergaminho - pelo que poderemos admitir que existiria uma minuta escrita em papel)
Interessante é também o facto de a Autorização Real prever que, na falta de filhos, o(s) beneficiado(s) fosse(m) um ou dois dos seus parentes, ou outras pessoas que o Almirante quisesse.
Documento 2
(Arquivo General de las Índias. Patronato, 295,N.101)
Título: Treslado de Testamento Mayorazgo del Almirante Don Xpoval Colon
Começa assim: «En el nombre de la Santísima trinidad...»

termina assim: ... y descanso de su anima fecho en 22 de febrero de 1498 años
«sigla»
El almirante

Este documento é apresentado como se fosse a transcrição do Mayorazgo feito por CC em 22 de Fevereiro de 1498.

Os defensores da sua autenticidade afirmam tratar-se do treslado duma minuta, justificando assim o facto de não estar autenticado, nem assinado pelo próprio (a sigla e a assinatura foram feitas pelo 'copista'), nem haver testemunhas.
Também argumentam que todo o conjunto terá sido começado a preparar em 1497 e "elevado" a escritura publica em 1498, mas, por outro lado, Navarrete relata que "a transcrição da Autorização Real foi notarizada em 28 Maio de 1501".
Em 28 de Setembro de 1501 os Reis Católicos confirmaram o Mayorazgo de CC, feito em pergaminho (o original, portanto) e que começava com:
"En la muy noble ciudad de Sevilla, en jueves 22 de febrero de mil cuatrocientos y noventa y ocho..."
que não corresponde, de forma nenhuma, à forma como começa o pretenso "treslado da minuta"
Ora, se o original, feito em pergaminho e confirmado pelos Reis Católicos, se iniciava como acima indicado, a sua minuta teria de ser idêntica, e o treslado dessa minuta também teria de ser idêntico, pelo que deveria começar com : "En la muy noble ciudad de Sevilla, en jueves 22 de febrero de mil cuatrocientos y noventa y ocho..."
Não sendo assim, e sem estar assinada pelo próprio, qualquer trafulha poderia fazer um pretenso treslado (transcrição) duma pretensa minuta (rascunho) dum documento que nunca existiu com aquele conteúdo, pois o interessado nunca o aprovou. Anexando esse treslado 'fantasma' a um documento notarizado onde se previa a inclusão do treslado autêntico, ficaria a trafulhice concluída.
Para assegurar a confusão, nada melhor do que arrancar dos livros do notário Martin Rodriguez os registos do dia 22 de Fevereiro de 1498. Assim aconteceu...
Para além da trafulhice destas trocas, temos depois uma trafulhice mais refinada ainda, que é a de pretender que o Treslado da minuta do pretenso Mayorazgo datado de 22 de Fevereiro de 1498 é autêntico, porque foi confirmado pelos Reis Católicos em 1501.
Porque, como demonstrado, o que os Reis Católicos confirmaram em 28 de Setembro de 1501 foi o Mayorazgo original, escrito em pergaminho, e certamente com outro conteúdo, pois se iniciava de forma totalmente diferente do 'Treslado da minuta'.

Carlos Calado

13 comentários:

  1. Carlos Calado

    NUM TRESLADO QUEM FAZ; ASSINA etc não è o copista??????
    arre!!

    e OS REIS CONFIRMAM OS TRESLADOS???oU CONFIRMAM OS mAYORAZGOS?




    MARIA bENEDITA

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  2. Maria Benedita,
    plenamente de acordo, foi isso mesmo que eu escrevi no texto.
    1)O treslado não foi assinado pelo Almirante Colón. Foi o copista que escreveu a Sigla e "El almirante"
    2)Os Reis confirmaram o Mayorazgo (escrito em pergaminho), não confirmaram nenhum treslado.

    E então, arre digo eu!
    Onde é que os Reis confirmaram aquele papel que começa por "En nombre de la santísima trinidad..."
    ao qual você já chamou:
    A) «treslado da minuta»,em 1/6/09
    http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=231034#lista
    B) «minuta de treslado» em 4/6/09
    http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=231278#lista
    C) «minuta de treslado da minuta» em 6/6/09
    http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=231410#lista

    onde é que os Reis confirmaram aquele papel???

    cumprimentos
    Carlos Calado

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  3. Carlos Calado
    Arre!!!Navarrete diz que a confirmação´real é do documento que começa por "En la mui noble ciudad de Sevilla" e isso é o treslado do Mayorazgo.O Mayorazgo, que segue tresladado, começa por "En nombre de la santísima trinidad..."Assim, os Reis confirmaram o documento tresladado

    Cpts

    Maria Benedita

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  4. Cara Mª Benedita!

    um documento com datas falsificadas!
    com assinaturas falsificadas!

    é este doc que vc dá por bom???

    nos dias de hoje como então, não se imitam assinaturas! é crime!

    cpts,
    Augusto

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  5. Maria Benedita,
    Continua a 'misturar' as coisas (documentos e datas)
    Voltemos, por isso, à questão base, à qual não respondeu ainda:
    Como classifica/nomeia o Documento 1 e como classifica/nomeia o Documento 2 ?
    Parece-me que sem esse exercício básico vamos andar sempre em círculo.
    cumprimentos
    Carlos Calado

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  6. Caros leitores,
    Para poderem ver o que deveras escreveu Navarrette e como baralhou tudo sobre o Testamento de 1498 meti um PDF com as páginas do livro dele aqui:
    www.cristovaocolon.com/portugues/more_clues.htm

    Revendo aquilo que escreveu o Navarrette pode-se tirar dali uma ideia de que houve mesmo um testamento inicial feito por Colon em 1498 em pergaminho o que não acho correcto. Para chegar a um ponto de conclusão teria-se que ver os documentos originais a que Navarrette se referia, pois Navarrette fez nada mais que baralhar aquilo tudo e deixar por atestado um docunmento que nunca foi.
    Os leitores que acham que Navarrete estava mesmo correcto devem de meter aqui as suas explicações para isso após lerem o o devido PDF.

    Manuel Rosa

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  7. Caros

    Podem continuar a discutir falsificações até ao final dos tempos, mas uma coisa é certa Cristóvão Colombo nunca escreveria num documento, fosse ele qual fosse: "Em Nome da Santíssima Trindade".

    Cristóvão Colombo, meus caros senhores, não era Católico Romano.
    E é esse facto ,que faz toda a diferença.
    Enquanto o ignorarem, por muitos Morgadios e Testamentos que discutam, nunca irão chegar à essência de toda a questão.

    Colombo foi um Filósofo Espiritualista, sabia ao que se referia quando falava no Espírito.
    Quem falsificou o treslado, óbviamente não percebia, por isso escreveu "Santíssima Trindade", uma "figura" da Igreja Católica, Romana.
    Pai, Filho e Espírito Santo, três Pessoas em uma só Essência, é um conceito Católico Romano.

    "No Temporal estou sem um branco e no Espiritual, fui atraiçoado".
    (Cristóvão Colombo).

    Desculpem-me, mas só não vê, quem não quer vêr.

    Cumprimentos

    Airmid

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  8. Airmid,

    Você até pode estar certa no que diz em geral.

    Mas aqui como no forum da geneall, as suas participações, que se parecem mais com orações do que outra coisa, são simplesmente CHATAS de ler.

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  9. Caro Anónimo de 9 de Junho ás 11:30

    Ponto 1- O Sr não percebe nada de orações, senão não comparava o incomparável.

    Ponto 2- Se se desse ao incómodo de estudar as correntes Filosóficas Medievais, já teria percebido o mesmo que eu, no que respeita à História de Portugal.

    Ponto 3- Se lesse com olhos de vêr, já teria percebido que eu escrevo para os sucos da barbatana da cultura, como o caro anónimo.
    Daí a necessidade de repetir inúmeras vezes as premissas, a análise das mesmas e respectivas conclusões.

    Ponto 4- Se pretendeu insultar-me, esclareço que sou Agnóstica, pelo que comparações infantis e patéticas, me passam ao largo.

    Sem Cumprimentos

    Nunca cumprimento o poder vigente.
    Apesar de abalado, a arrogância que ostenta, continua a provocar-me urticária.

    Airmid

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  10. pffff esta a ver, é desse paleio em vão e sem fim de que eu escrevia ha pouco.

    Que maçada...

    Fique bem.

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  11. A anónima de cima tem estilo de ser a doutora Maledita!!! =)





    Anónimo

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  12. Caro Anónimo de dia 9 de Junho ás 11.24H

    Compreendo. Oh, Se compreendo!
    O Abalo foi forte. Eu diria mesmo, fortíssimo. Assim do tipo, Sismo de Grau 9.
    Nem o palanque Robespierriano e Saloio se aproveitou.

    E a maioria, nem lá pôs os pés!
    Tss! Tsss! Tssss!

    Parece que o caro anónimo, sempre precisa de umas orações.
    Sugiro que reze o Terço. Talvez resulte...
    Ah! E não se esqueça de fazer umas penitênciazitas... por conta das inúmeras asneiras cometidas!!!

    Sem Cumprimentos. Claro!
    Que eu pertenço à Plebe Contestatária.

    Airmid

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  13. Caro Anónimo de 9 de Junho ás 11:24

    Só Para Recordar:

    Que aquela Espécie de Constituição Vesga, a que deram pomposamente o nome de Carta Constitucional de 1822, a tal do Pseudo- Liberalismo Pseudo-Democrata, que nos atirou para este pântano fétido e corrupto, também começava assim:

    "Em nome da Santíssima e Indivísivel Trindade...."

    Esses, diziam-se Livres Pensadores!!!
    Mas afinal, eram apenas Torquemadas de 5ª!!!

    Airmid

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